A acusação de que a UFSM, por seus escalões superiores, poderia estar cometando ato antissemita, e que já mereceu vários relatos nesse espaço, teve nesta terça-feira a manifestação da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados – através de seu presidente, o santa-mariense Paulo Pimenta.
O parlamentar, que é formado na UFSM, defendeu a instituição e prega a cautela, pois não se pode perder de vista a tradição humanista da instituição. Mas há mais, como você pode conferir na nota redigida e tornada pública no final da tarde passada. Acompanhe, na íntegra:
“NOTA PÚBLICA
Tomamos conhecimento pela imprensa sobre fato que tem causado grande debate, referente a um memorando que circulou aos programas de pós-graduação da Universidade Federal de Santa Maria questionando da “presença ou perspectivas de discentes e/ou docentes israelenses”. A justificativa seria atender a pedido de informações de representantes da sociedade civil reunidos em coletivo de solidariedade à questão palestina.
O documento tem sido interpretado por algumas pessoas como ato de racismo, antissemitismo e discriminação contra o povo judeu. Todas essas condutas são tipificadas como crime, graves violações aos direitos humanos, que não podem ser justificadas em nome de qualquer causa. Como cidadão, parlamentar e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias repudio veementemente todo ato dessa natureza.
Precisamos, contudo, primar pela cautela para não incorrermos no erro de pré-julgar, atingindo ou mesmo destruindo trajetórias institucionais, profissionais ou pessoais. É inaceitável que a imagem da Universidade Federal de Santa Maria, uma das maiores e mais importantes instituições de pesquisa e ensino do Brasil, seja maculada em decorrência de um jogo de descontextualizações a partir de um fato isolado que não retrata sua tradição de 55 anos de humanismo. Por isso mesmo, cabe à UFSM a iniciativa de adotar as medidas necessárias para reparar equívocos na condução do tema.
Do mesmo modo, acompanharemos as apurações conduzidas pelos órgãos competentes, já em andamento, os quais cumprirão sua missão constitucional na defesa do Estado Democrático de Direito, trazendo-nos a confiança de que todos os fatos serão esclarecidos.
A perseguição aos judeus e o holocausto são marcos na construção do Direito Internacional dos Direitos Humanos. O respeito à dignidade, à diversidade e o combate ao antissemitismo são deveres de todos e estão presentes nos conceitos e na prática do na ampla maioria dos sistemas jurídicos do mundo.
Da mesma forma, a causa palestina é legítima e trata-se de uma das questões fundamentais de direitos humanos hoje. Seus defensores não podem ser atacados de forma equivocada e injusta, como se fossem promotores de intolerância. Quem descontextualiza manifestações para promover o ódio recua nos ensinamentos que a história dolorosamente nos legou.
Quanto à questão política de fundo, reitero minha posição construída ao longo dos anos sobre o conflito Israel/Palestina: sou daqueles que possui esperança quanto à solução do conflito, convicto de que isso só será possível por meio do diálogo entre as lideranças e de uma forte ação diplomática internacional. Que se possa estabelecer justiça ao povo palestino, garantindo seu direito à autodeterminação e a um Estado Nacional, de acordo com as Resoluções da ONU sobre o tema. O Brasil cumpre um papel estratégico podendo se constituir como um importante interlocutor devido a sua trajetória de convivência harmoniosa entre as comunidades judaica e palestina, bem como pela sua firme política internacional.
Nesse sentido, aprovamos, na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, no mês de março do corrente ano, requerimento para realização de um ciclo de debates denominado “Direitos Humanos e Diversidade Religiosa”. Promover a cooperação no sentido de erradicar a violência por motivações religiosas é parte da estratégia de promoção de direitos humanos no mundo contemporâneo, assolado por divergências de toda ordem, inclusive de cunho religioso.
A CDHM se soma a esse esforço de criação de uma cultura de paz e de justiça.
Deputado Federal PAULO PIMENTA
Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias”
Não se fala do que acontece lá porque o objetivo não é debater o que lá acontece. É uma discussão que leva a nada. Brasil não consegue arrumar a própria casa, vai se meter numa conjuntura complexa para que?
O plano de partilha da então Palestina foi aprovado em 29 de novembro de 1947. Em 1°de dezembro de 1947, a Alta Comissão Arabe ordenou três dias de ataque aos judeus que estavam por lá. Estourou uma guerra civil. Em 1948 foi declarada a independência de Israel num dia e, no dia seguinte, Egito, Siria e Iraque invadiram. Depois ainda chegou gente da Arábia Saudita, Yemen, Marrocos e Sudão. Em 1967, o Egito se bobeou e aconteceu a guerra dos seis dias. Em 1973 foi a guerra do Yom Kippur. Botaram os sírios e egípcios para correr de novo.
E tem o Hamas. "Um dos elos na corrente de luta contra os invasores sionistas". "Israel surgirá e existirá até que o Islam o elimine", isto é de 1988. Slogan: "Alá é o objetivo, o Profeta o modelo, o Corão a Constituição, Jihad o caminho e a morte pela causa de Alá sua crença mais sublime".
Do outro lado tem as ocupações, assentamentos, etc.
Enquanto isto, morrem 57 mil pessoas assassinadas todo ano em Terra Brasilis e umas 60 em acidentes de trânsito. São necessários quantos anos de conflito na Palestina para ter o mesmo número de mortes de um aqui no Brasil? Com isto os signatários do requerimento não se incomodam.
o ultimo comentário do fritz mereceria ser publicado na integra pelo claudemir em sua coluna no jornal…sua parábola comparativa disse tudo, pense no assunto claudemir
Por que se fala tanto no histórico antissemitismo, na perseguição aos judeus, lembrando bastante de acontecimentos passados, mas por outro lado, contraditoriamente, pouco se fala do sofrimentos imposto ao povo palestino, que desde a década de 1960, tem suas terras ocupadas ilegalmente? Será que os palestinos têm menos direitos humanos que os israelenses? Será que a opressão sofrida por judeus no passado, isenta o Estado israelense de qualquer barbaridade que cometa? Postar-se ao lado do povo palestino não se encerra em um debate meramente ideológico. Há muitas pessoas de origem judaica que criticam Israel e defendem os palestinos- Noam Chomsky é um deles.
Já que algumas pessoas gostam de pensar as coisas de forma maniqueísta, eu perguntaria: se fosse um governo cubano, com apoio da China ocupando território palestino, será que surgiriam muitos defensores dos palestinos? Mas, como é Israel, com apoio norte-americano, aí as vítimas é que são culpabilizadas…
Direitos humanos no Brasil hoje têm dono. Viraram ferramenta política utilizada de maneira ideológica por determinados grupos. Uns são "mais humanos" do que outros.
A Esquerda tupiniquim abraçou a causa Palestina, não é segredo, é exercício de direito. O que não é aceitável? Afirmar que representam a totalidade da população brasileira. Há os que pregam cautela no assunto, outros que preferem ignorar o conflito, não têm opinião formada. Também é direito.
Jogo de descontextualizações? Falácia. O documento viaja sem o contexto. Contexto aparece depois e pode ser interpretado como desculpa. Pior: não é possível dizer o que ofende a dignidade subjetiva de outra pessoa; afirmar quando ela pode ou não pode se sentir ofendida.
Importante lembrar: a perseguição aos judeus não começou no Holocausto. Foram expulsos da França, Reino Unido, Austria, Portugal e Espanha em épocas diversas. Foram forçados a viver em guetos. Tinham assentamento (uma zona onde poderiam residir) no Império Russo, e neste mesmo império sofreram divesos pogroms (como em outros lugares, inclusive Lisboa). Toda esta carga é bem simbolizada no emblemático caso Dreyfuss.
Ao invés de moção daqui e dali, nota da SBPC, nota do MEC, não fariam melhor os representantes do governo e dessas entidades se viessem até a UFSM averiguar em detalhes o que aconteceu?
A nota divulgada pelo MEC foi de uma obviedade ululante. Ou o MEC acredita que houve discriminação e deve averiguar, apurar, já que a gestão da UFSM lhe é subordinada, ou apura ao menos para manifestar solidariedade ao reitor e à comunidade da UFSM envolvida.
Já a postura oportunista de alguns parlamentares, como o senador Aloysio NUnes, não merecem sequer comentário.
Eeee o Reitor não teve muito sucesso em convencer a comunidade judaíca ( http://firs.org.br/multimidia/noticia/federacao-israelita-recebe-reitor-da-universidade-federal-de-santa-maria )
Enquanto isso, o nobre Senador Aloísio Nunes (PSDB-SP) protocolou na Comissão de Educação do Senado uma moção contra o ato de anti semitismo da UFSM…