O Ariberto e o asilo ao Gutiérrez

Recebi mais um, dos muitos e sempre bem-vindos e-mails de Ariberto Sendtko Filho. Desta vez, o assunto dele é o asilo político concedido ao deposto presidente equatoriano, Lucio Gutiérrez. Vou reproduzi-lo, na íntegra, e depois dou minha opinião.
     
      Não somos contra asilo político – como forma de manter a integridade física dos mandatários que são tirados de suas funções por ações não democráticas, como os golpes militares, tanto de esquerda quanto de direita.
      Agora, quando estes mandatários são forçados pelo povo, através de movimentos baseados na soberania popular, a deixar seus cargos, deveriam permanecer em seu país e responder fundado no direito, as acusações a eles imputadas. Lembram do Collor? Foi afastado de suas funções por pressão do movimento popular. E se tivesse pedido asilo político? Qual seria nosso sentimento?
      Acho que, nós, o povo brasileiro, vai pagar um preço que não é nosso, pois passaremos a ser olhados de maneira diferente pelo povo equatoriano. Achavam eles, que nós buscávamos as mesmas coisas: fim dos privilégios, direito de expressão, direito à vida, pois tiramos destas pessoas o direito de julgarem através de suas leis, as supostas falácias de seu presidente.
      Ariberto Sendtko Filho
     
      COMENTÁRIO MEU: Respeito demais a opinião do Ariberto, e de todos quantos pensam como ele. No entanto, só vou dizer uma coisa: já recebemos gente muuuuuuito pior que o Gutiérres. Exemplo? Alfredo Stroessner, o sangüinário ditador paraguaio por mais de três décadas. Mesmo nesse caso, porém, estou convicto de que é fundamental mantermos a nossa postura de povo que respeita o direito dos outros e, por razões humanitárias, mais que políticas ou ideológicas, é importante conservar a postura de receber líderes de outras nações, eventualmente desbancados do poder. Seja qual for a causa de sua (dele) destituição. E, a propósito, não lembro de alguém ter criticado o Brasil pela atitude, anos atrás, de receber o Stroessner.