O Hospital Regional e o Distrito Industrial (8)
O PARADOXO DE UM HOSPITAL
Odimara Marion – Professora da UFSM e secretária executiva da Associação Distrito Vivo.
Em nossa sociedade, dependemos muito da tomada de decisões coletivas. Tomarei como exemplo, O paradoxo de Abilene um vídeo de treinamento que recorria quando ministrava cursos sobre Comportamento Organizacional para tratar do assunto da instalação de uma rede hospitalar dentro de uma área industrial administrada pelo Estado. No caso, o Distrito Industrial de Santa Maria que, no ano passado, teve uma parte de sua área transferida para outros fins, deixando seus condôminos apartes de um diálogo sobre a amputação que sofreriam.
O tema principal do filme sobre o Paradoxo é a administração das decisões, em particular, a administração da concordância. Nele, quatro situações são narradas, incluindo a experiência pessoal de seu autor, Dr. Harvey, em ir de Coleman a Abilene numa escaldante tarde de verão para jantar, num automóvel sem ar condicionado, e cuja distância ida e volta era de 170 quilômetros. Isso para descobrir depois que ninguém de seu grupo concordava que Abilene fosse a melhor alternativa para aquela tarde (situação). Foram por achar que havia concordância na idéia. Uma falsa concordância. O resultado foi um final de dia muito desagradável, com acusações mútuas entre seus membros.
O Dr. Harvey nos ensina que a tomada de decisões é um passo no processo mais amplo de solução de problemas, que começa por uma fase de ampliação, na qual os grupos localizam os problemas, definem estes e, levantam alternativas bem avaliadas. A última fase é o fechamento, no qual os grupos tomam a decisão, tratam das providências e avaliam os resultados. Uma decisão eficaz é tomada com qualidade e compromisso seguindo esses passos, cujo trabalho entre os membros é valorizado pelo processo decisório em si.
Segundo ele, quando a concordância é apenas uma máscara, as providências tomadas em função de uma decisão grupal podem gerar sérios riscos. Creio que devemos refletir bem nessa questão hospital x indústria. Uma excelente oportunidade para Santa Maria e toda região é, sem dúvida, a ampliação da infra-estrutura da saúde. Porém, falamos de decisões que envolvem o desenvolvimento urbano, econômico e social a longo prazo.
Um hospital e um Distrito Industrial juntos representam senão a inviabilidade de um, a estagnação do outro. Um olhar crítico e sério se faz necessário sobre o impacto de instalações que não se coadunam, do que não custa perguntar: A melhor tomada de decisão seria essa? Deus me livre dos problemas que a falsa concordância de hoje, possa gerar no amanhã.
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