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Greve docente segue na UFSM. Há rala perspectiva de vitória. Sobrará o “acúmulo de forças”

Uma nova assembléia docente deve ocorrer na próxima semana em data a ser confirmada pelo Comando Local, como informa a assessoria da Seção Sindical dos Docentes, Sedufsm. Antes disso, os grevistas também deverão realizar uma ofensiva junto aos centros de ensino distribuindo um documento de esclarecimento sobre o andamento da greve aos estudantes, servidores e professores não grevistas.

Tudo isso é decorrência das deliberações tomadas no encontro desta quinta-feira, no Campus. A assembléia, com a presença de 90 docentes, decidiu pela continuidade do movimento iniciado em 5 de setembro e que, portanto, completa seu terceiro mês na segunda-feira.

Houve uma tentativa, a partir de proposição do professor do curso de Agronomia, José Marcos Froehlich, de indicar para a saída da greve, opção condicionada à apresentação pelo governo do conteúdo do prometido projeto de lei tratando do reajuste salarial. A proposta, porém, foi amplamente rejeitada, registrando-se apenas seis abstenções.

O próprio fato de o governo, através do Ministério da Educação, ter encerrado as negociações, prometendo enviar projeto de reajuste ao Congresso e ainda não ter feito isso, representa um fato positivo. Pelo menos é o que acredita o presidente da Seção Sindical da UFSM, Carlos Pires, conforme a nota distribuída à imprensa pela assessoria da entidade. Segundo a liderança docente, “apesar de toda a angústia e pressões que estamos vivendo, para sair da greve é preciso ter clareza no quadro, o que não ocorre no momento.”

Pires também, segundo o informe, destacou informações do Comando Nacional de Greve de que existe uma intermediação de dezenas de senadores e de deputados tentando uma audiência direto com o presidente Lula para tratar das reivindicações da categoria.

Já a proposição de Frohelich, rejeitada na assembléia, levava em conta o fato de que em alguns departamentos do Centro de Ciências Rurais, “estariam sendo marcadas reuniões para discutir a volta às aulas”. O professor, diz a Assessoria de Imprensa da Sedufsm, falou aos seus pares que a paralisação estaria chegando a um esgotamento e a cada dia que passa a tendência é de que ela enfraqueça.

A opinião foi rechaçada pelo professor do Centro de Tecnologia João Batista Paiva, para quem sair da greve num momento que representa o ápice da negociação, quando se deve pressionar o governo a que explicite o conteúdo do projeto de lei, seria “suicídio”. Na mesma linha argumentou o professor Diorge Konrad, diretor da Sedufsm. Para ele, encerrar o movimento nesta quinta-feira seria “entregar na bandeja as cabeças dos aposentados e de todos aqueles que estiveram comandando o movimento até agora.”

Enquanto isso, na análise do professor Alcides Adornes, do Centro de Ciências Naturais e Exatas, a proposta apresentada pelo governo e rejeitada quatro vezes pelos professores em greve é péssima para a carreira e provocaria uma “supervalorização da titulação”, privilegiando especialmente os doutores.

COMENTÁRIO CLAUDEMIRIANO: Curiosamente, embora os resultados concretos não tenham surgido, do ponto de vista dos docentes, que não vêem sequer razoavelmente atendidas as suas reivindicações, há, nesta greve, e diferente das imediatamente anteriores, uma saudável discussão avançando no interior da Universidade.
As divergências estão postas. E, do ponto de vista ideológico, é indiscutível que há um debate intenso no meio docente. Pena que, por mais que me esforce, não consigo ver efetivamente ganhos materiais para os professores. E essa, a menos que me digam o contrário, foi a verdadeira motivação para paralisar (ainda que parcialmente) a instituição. A questão monetária, resumindo, não está, nem será, por enquanto, resolvida. Sob esse aspecto, há um cheiro de derrota no ar.
Sobra (o que não é pouco) o amadurecimento político da categoria. Que lhe dará, no futuro, consistência. E que, para utilizar um jargão conhecido do movimento sindical, permitirá um “acúmulo de forças”, a ser utilizado em momento bem mais conveniente do ponto de vista político que o atual.

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