Pressão sobre CCs do PMDB pode ser tiro no pé

Quem lê esse espaço (e também a coluna Observatório, no jornal A Razão, aos sábados) não desconhece o fato: há uma enorme pressão sobre os ocupantes dos cargos de coordenação regional, em Santa Maria, das diversas secretarias de Estado hoje sob comando do PMDB. Setores ligados a Cezar Schirmer, candidato à reeleição para a Câmara dos Deputados, e Tubias Calil, que pretende uma vaga na Assembléia Legislativa, gostariam de ver, nas funções, gente que feche com eles. E, acredite, a aspiração é legítima – na medida em que, afinal, são cargos de um PMDB que ambos, em Santa Maria, controlam. O problema é que os CCs, na sua maioria, senão totalidade, pelo menos com Tubias não estão fechando. Ou até apoiariam, mas não estão gostando nadinha do que está ocorrendo, a revelia deles.
Nas últimas semanas, o movimento pela substituição foi intenso mas, por enquanto, sem êxito. Houve até, como a coluna Observatório registrou, um caso em que a situação piorou. Pretendia-se deslocar Sérgio Medeiros da Coordenação Regional da Fepam, mas o coronel reformado da Brigada Militar acabou sendo promovido a supervisor geral de todas as coordenadorias da fundação – 24 horas depois de, supostamente, estar certa sua saída.
O próximo lance da pressão pela mudança dos nomes atuais por outros, digamos, mais “confiáveis”, é a edição de um documento que, por um importante assessor de Cezar Schirmer, passa de mãos em mãos pela região, atrás de assinaturas. O tal papel pede a apoio à “indicação de novos companheiros a cargos regionais”. Se isso não significa tentar botar a correr os que estão hoje nos postos, o que será? Hein?
Está tudo bem, exceto por um pequeno probleminha, com o perdão da redundância: há razoável resistência a assinar o documento e, pelo menos até onde este jornalista conseguiu saber, os coordenadores regionais do PMDB, por exemplo, se recusaram a assiná-lo. Isso inclui Ademir Ruviaro (Quarta Colônia), Tito Beccon (Vale do Jaguari) e Maicon di Giácomo (Centro). Entre os que firmaram o documento estaria o presidente do PMDB/Santa Maria, Haroldo Pouey, que é pule de dez para ocupar pelo menos um dos cargos ora em disputa.
Como não é apenas este jornalista que sabe da movimentação, é lícito supor que os atuais ocupantes de cargos também têm conhecimento. E, obviamente, não estão nada satisfeitos com o rumo dos acontecimentos. A maioria deles, aliás, é militante de longa data do partido. E todos, disciplinados, sempre fizeram campanha por Schirmer e agora, boa parte, faria também por Tubias. Faria. A principal reação de todos eles, bem representativos no partido, é de defesa. E, se permanecerem nos cargos, não há dúvida (ou há?), acabarão se retirando do barco da dupla Tubias/Schirmer.
Quem será o grande beneficiado? Bingoooo! Ele mesmo, Luiz Celso Giacomini, que receberá no colo apoios de onde sequer esperava, na medida em que passará por grande defensor dos prejudicados de agora. Isso seria, convenhamos, o verdadeiro tiro no pé, para o jovem edil santa-mariense e o seu mentor (como ele próprio disse, outro dia, em discurso na Câmara), deputado federal.
A conferir os próximos lances dessa briga que é, acredite, política.