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Análise. E não é que Lula virou “super-homem”?

O bacharel em Filosofia Hélio Schwartsman, 40 anos, é editorialista do Folha de São Paulo e esqcreve, às quintas-feiras, na coluna “Pensata”, do jornalão paulista.

Confesso que o leio pouco. Talvez porque o considere um tanto quanto bodoso, como de resto às vezes é a FSP. No entanto, reconheço nele a inteligência e a capacidade de interpretar os fatos ao seu redor. Coisa de filósofo, suponho (atenção, não é minha intenção ofender ninguém, é apeeeeenas uma sensação, que torno pública).

Em todo caso, na “Pensata” desta quinta, Schwartsman traz interessantes impressões sobre o processo eleitoral em curso. Especialmente quando faz considerações sobre Luiz Inácio Lula da Silva, que ele próprio, e muita gente boa mais, acreditava morto para a reeleição. No entanto…

Bem, talvez, ou provavelmente, ou certamente, o melhor é ler o que ele escreve. E que cada um tire sua própria conclusão. O texto está reproduzido no portal Folha Online. A seguir:

”Super-Lula

Agora que já foi deflagrada a campanha eleitoral, considero oportuno um comentário sobre o pleito de outubro próximo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputa a reeleição como franco favorito. A crer nas pesquisas de intenção de voto, venceria ainda no primeiro turno. E, para desespero dos tucanos, esse parece ser um quadro de difícil alteração.

Salta aos olhos aqui é que, pouco mais de um ano atrás, Lula enfrentava uma crise seriíssima. O escândalo do mensalão, que ceifara a carreira de vários de seus mais próximos auxiliares, também afetou fortemente seus índices de popularidade. Naquela ocasião, a oposição, capitaneada pelo PSDB, optou por não deflagrar o processo de impeachment. Fê-lo por duas razões principais. A primeira é que os tucanos, por meio da figura de seu então presidente Eduardo Azeredo, também estavam envolvidos nos esquemas de desvio de dinheiro urdidos pelo publicitário Marcos Valério Souza. Mais importante, porém, consideraram que o escândalo deixaria Lula extremamente fragilizado, tornando muito difícil a sua reeleição.

Devo aqui dar minha mão à palmatória. Embora eu tenha defendido desde cedo o impeachment, sempre o julguei uma possibilidade para lá de remota, em larga medida por concordar com a avaliação de que a crise enfraqueceria o presidente. Não cheguei, como alguns baluartes tucano-pefelistas, a decretar a vitória antecipada do candidato oposicionista, fosse ele quem fosse, mas devo admitir que a recuperação de Lula surpreendeu-me, não tanto por ter ocorrido, mas por seu vigor.

Com efeito, Lula parece ter se convertido numa versão tupiniquim do “Übermensch” (super-homem) nietzschiano – o que não me mata me fortalece. O mensalão não apenas não feriu de morte o presidente da República como ainda lhe serviu de habeas corpus contra todos os questionamentos éticos, pregressos e futuros, envolvendo seu governo. De algum modo, Lula desenvolveu anticorpos contra denúncias de corrupção. Uma administração razoável (quase boa, considerada a mediocridade das duas últimas décadas), forneceu-lhe números positivos para apresentar ao eleitor. Tal combinação o transforma num candidato altamente competitivo.

Da mesma sorte não partilhou o PT, o qual, ao que tudo indica, deverá sofrer nas urnas as repercussões negativas do valerioduto. Lula, que sempre foi maior do que o PT, agora já nem hesita em esconder o partido. O desaparecimento da cor vermelha e da estrela de sua campanha é apenas mais um lance da transubstanciação do petista num presidente essencialmente conservador. Não sou eu quem o diz, mas o banqueiro Olavo Egydio Setúbal. O Brasil vem se especializando em perder oportunidades históricas. Acredito que não ter pedido o impeachment de Lula foi mais uma delas. Para a oposição, podemos dizer um sonoro “bem feito”. Achou que iria lucrar, mas, ao que tudo indica, terá de passar mais quatro anos longe do butim federal. Esclareço, mais uma vez, que não tenho nada pessoalmente contra Lula e os petistas. Muito pelo contrário, o grupo contou com minhas simpatias durante muitos anos. Acredito também que, na essência, o PT não fez nada que outros partidos não tenham feito antes. Ocorre que, do ponto de vista das instituições, o único que me interessa, dado que não me candidato nem a síndico de massa falida, o Brasil saiu perdendo – e muito.

Podemos – e até devemos – deixar passar certos deslizes de nossos governantes. Ninguém, afinal, é perfeito. Mas o escândalo do mensalão não era apenas um “erro” como hoje tentam fazer parecer Lula e as lideranças petistas. Tratava-se de um esquema de desvio de dinheiro público conjugado com um sistema de compra de votos no Parlamento: um duplo ataque contra a democracia. É um crime grave, contra o qual a opção de não agir nem deveria colocar-se. Ao contrário, aqui a sociedade precisaria ser rigorosa. Deveria não só mobilizar boa parte de seus efetivos policiais e judiciais para prevenir e combater esse tipo de delito como também ser intransigente na aplicação das penas previstas. É um caso em que a execução das sanções adquire o duplo propósito de punir o culpado para que ele não volte a delinqüir e servir de exemplo à coletividade, para que outros não o imitem. Deixar de aplicar os rigores da lei equivale a dizer que a norma não precisa ser obedecida.

Os efeitos não demoraram a fazer-se notar. Dos 19 parlamentares acusados de fazer parte do esquema do mensalão – número provavelmente subdimensionado por falta de investigações mais profundas – apenas três sofreram a…”


SE DESEJAR ler a íntegra do análise, pode fazê-lo acessando a coluna “Pensata”, da Folha de São Paulo, republicada no portal Folha Online, o braço de internet do jornal paulista, no endereço http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/.

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