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Análise. Lula quer vencer. Mas não apenas com os pobres. Daí os pacotes para a classe média

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer a vitória já, no primeiro turno. Mas a preferência arrasadora entre os mais pobres e menos escolarizados não lhe parece ser suficiente. Quer ganhar tendo mínimo apoio, também, junto à classe média e setores supostamente “mais esclarecidos”. Isso daria uma feição mais completa à sua vitória.

Nesse contexto, não são frutos do acaso – muito longe disso – os vários pacotes que têm lançado, em dose homeopática, a esse grupo do eleitorado que lhe é mais resistente. É o caso específico do plano que facilita a aquisição da casa própria, lançado na terça-feira – mesmo dia em que as pesquisas davam ao Presidente maioria mais que suficiente para vencer no primeiro turno.

Também faz parte desse rol de bondades distribuídas a quem lhe é, por enquanto, refratário um conjunto de outras medidas. Algumas delas anotadas pela jornalista Eliane Cantanhêde, colunista da Folha de São Paulo em Brasília e que escreve no braço de internet do jornalão paulista, às quartas-feiras – além de analista política, também, do SBT.

No texto publicado na internet nesta quarta, Eliane trata do assunto, com muita propriedade, e oportunidade. Confira:

”Quantos e como são os votos?

Você acha mesmo que é por acaso que o governo anuncia um pacote imobiliário justamente agora, a três semanas da eleição? Claro que não.

Mesmo com toda a dianteira nas pesquisas eleitorais, Lula não quer sustos no dia da eleição real. Quer tudo bem decantado, bem seguro, bem decidido. E, por isso, ele corre atrás dos índices, identifica onde há ou poderá haver problemas, e os ataca. Para que remediar, se pode prevenir?

A pesquisa Datafolha de ontem (terça) mostra claramente que os ataques tucanos contra Lula, o governo e o PT começam a sensibilizar os eleitores de maior escolaridade e de maior renda, que são aqueles cujo horizonte inclui casa própria.

No geral, a pesquisa continua mostrando um congelamento de índices que só interessa a Lula. Ele variou de 51% para 50%, quando o tucano Geraldo Alckmin foi de 27% para 28%, ambos dentro da margem de erro e confirmando a forte possibilidade de a eleição acabar já no primeiro turno.

Mas, não satisfeito, Lula nem quer surpresas de última hora nem quer botar o pé no segundo mandato com pesados apoios entre o “povão” de menor renda e escolaridade, mas com igualmente pesadas resistências na classe média para cima. Daí os pacotes.

O da habitação não é o primeiro. Lula já fez festa para a sanção do projeto que aumenta as penas para culpados por crimes contra as mulheres. Visava o eleitorado feminino, muito mais desconfiado e refratário do que o masculino. Lula também já anunciou programas fartos e ricos para setores como o moveleiro, com expressiva presença na economia da região Sul. Visava o eleitorado do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, num momento em que Alckmin parecia alçar vôo justamente nesses Estados.

Reeleição já tem dessas coisas naturalmente. No caso de Lula, é descarado, ninguém se dá ao trabalho nem ao mesmo de dar uma disfarçadinha. Ele já entrou na fase da campanha depois de meses, anos até, com muito mais do que o dobro de exposição na mídia que os demais concorrentes e, por mais que os petistas reclamem da “má vontade” ou do “viés tucano” da imprensa, é só olhar os jornais, por exemplo, para ver quantos títulos, fotos, viagens, eventos e declarações eles publicam de Lula à exaustão.

Além disso, presidentes têm a caneta, o Diário Oficial, os cargos, as verbas. O que equivale dizer que têm a faca e o queijo na mão. De cara, Lula leva mais de 70% das intenções de voto do Nordeste e dos setores menos escolarizados com a Bolsa-Família, que, nesta eleição, deram um grito de independência e se lixaram para a influência de sempre dos mais escolarizados. Depois, é só ir monitorando onde há fagulhas, para evitar que virem labaredas e cheguem a incêndios. Nada melhor para apagar ânimos oposicionistas do que um bom pacote.

O de ontem, portanto, tem tudo a ver. Vem de bom tamanho e na hora certa para a candidatura Lula, enquanto o MST dá uma colher de chá e fica quietinho para não atrapalhar o petista.

Agora é comparar a reação do eleitor nas próximas pesquisas, quando estarão em confronto, de um lado, os ataques ainda sóbrios da oposição no campo ético e administrativo e, do outro, os efeitos diretos das boas notícias de governo para a classe média.

Não se esperem solavancos nas pesquisas, mas mesmo pequenas subidas ou descidas são um…”


SE DESEJAR ler a íntegra do artigo, pode fazê-lo acessando a Folha Online, no endereço http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/.

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