Análise. Por trás da anestesia geral, deve-se festejar, enfim, a normalidade democrática
A eleição, ou pelo menos a campanha dos candidatos, é soporífera. Ou é a política. De qualquer modo, pelo menos algo é certo: a normalidade democrática também pode ser lembrada nesse pré-pleito em que quase tudo é proibido pela legislação.
Esse intróito pode ser pouco sofisticado. E é. No entanto, acredito que resume mais ou menos as palavras do jornalista Josias de Souza, da Folha de São Paulo, que, em sua página na internet, analisa o que está ocorrendo nesse momento específico da democracia brasileira. Em que… bem, leia você mesmo, da própria fonte:
A eleição do sono
Não há cartazes nos postes, viadutos, estações ferroviárias e pontos de ônibus. Baniram-se da cena urbana os outdoors com a cara dos candidatos. Não há distribuição de brindes e camisetas. Não há artistas nos comícios. Nem comícios há mais. Ou, por outra, há poucos, pouquíssimos. E pouca gente presta atenção.
A política tornou-se soporífera. Vive-se em 2006 a eleição do sono. É como se o eleitor estivesse sob o efeito de uma dose cavalar de tranqüilizantes. Restou aos candidatos o palanque eletrônico. Mas o telespectador, decididamente, não parece interessado no blábláblá. Ainda que o palanfrório lhe chegue na comodidade da poltrona da sala de estar.
Pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira informa que 55% do eleitorado não assiste à propaganda eleitoral. Aqueles que se dispõem a ligar a TV para ver a publicidade dos candidatos não conseguem mais desligar. Dormem antes. Só 6% disseram ter mudado sua opção de voto graças ao que viram na telinha.
O desinteresse pela campanha tem o seu lado negativo. Pelas frinchas da urna desatenta podem passar mensaleiros e sanguessugas. O próprio favoritismo acachapante de Lula mostra um certo desleixo do eleitor com as perversões que permearam a administração petista.
Mas o fenômeno tem também o seu lado positivo. As proibições impostas pela mini-reforma eleitoral, que o Congresso aprovou nas pegadas do mensalão, explicam apenas parcialmente o torpor do eleitorado. Há algo mais por trás da anestesia geral. Há um quê de normalidade democrática na reação do distinto público. Que o diga Fernando Henrique Cardoso.
Em manifestação que chegou com atraso de mais de um ano, o ex-presidente andou falando em impeachment. As ruas reagiram com um silêncio ensurdecedor. Depois, em discurso inflamado, bradou que era preciso atear fogo no palheiro. Não colou. O eleitor não parece interessado em discursos de timbre lacerdista.
O senhor Juscelino Kubitschek não será eleito presidente. Se for, não tomará posse. Se tomar posse, não governará, dizia Lacerda na campanha de 1955, aquela em que Juscelino tornou-se presidente. Não há mais espaço para a política da exaltação, eis o recado que
SE DESEJAR ler a íntegra do artigo, pode fazê-lo acessando a página do jornalista na internet, no endereço http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/.
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