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Futuro. Carta de FH explicita brigas internas do PSDB e antecipa disputa que acontece em 2010

A carta de Fernando Henrique Cardoso, publicada no site do PSDB, do qual é presidente de honra, ainda dá pano para a manga. Inicialmente considerada, aliás com correção, como quase uma confissão da derrota no pleito para o Planalto, passada quase uma semana, percebe-se com nitidez a cada vez mais eloqüente divisão enfrentada pelos tucanos. E mais: os lados em que cada um está ficam bem claros, entendem os analistas.

Na carta, que você leu aqui (se quiser rever, vai ao calendário, clique no dia 8 e a encontrará, na nota “Eleições 2006. Tucanos, Fernando Henrique à frente, já fazem inventário da derrota eleitoral”), há críticas sutis, ou nem tanto, ao comportamento partidário, com menções veladas a uns e outros, especialmente ao governador mineiro, Aécio Neves. Isso entre outras diatribes expostas, sempre com a maior educação, diga-se.

O certo, em tudo isso, é que em meio (ou no fim) de uma campanha eleitoral para a Presidência da República, as principais figuras tucanas não acreditam no sucesso do candidato Geraldo Alckmin, e consolida-se a impressão de que as fissuras internas deflagrarão grande crise no PSDB, com pelo menos duas correntes disputando o poder interno e, portanto, buscando cacifar-se para o pleito de 2010.

De um lado estariam Aécio, do alto de uma cadeia de montanhas de votos em Minas Gerais e que, nos últimos dias, ao menos tem mostrado o candidato a presidente em sua campanha regional, e o próprio Alckmin. Ambos seriam a “nova geração” dos azuis e amarelos. De quebra se, ao fim do embate, o governador mineiro for perdedor, sempre lhe sobrará a possibilidade de deixar o partido. E concorrer ao Planalto com, quem sabe, o apoio do próprio Lula.

De outro lado, a “velha guarda”. À frente o próprio FHC. Junto dele, outro potencialíssimo candidato em 2010, o (futuro) governador paulista, José Serra – que queria concorrer agora, tinha o apoio do ex-presidente, mas foi atropelado por Alckmin. Esses, FH e Serra, jogam tudo para ter o comando do PSDB. É isso. Ou a aposentadoria.

De qualquer forma, toda essa discussão não estaria acontecendo agora, na bica da eleição, não fosse a carta de Fernando Henrique. A divulgação do documento fez com que se tornassem francas e abertas as divergências. E, se o que você leu até aqui, é um mix do que está rolando entre os observadores da política nacional, o que lerás abaixo, na reportagem de Cida Fontes, correspondente em Brasília da Agência Estado, braço de internet do jornal O Estado de São Paulo, onde deve estar publicada nesta quinta-feira, é uma pequena mostra do que acontece nos altíssimos escalões tucanos. Vale a pena conferir:

”PSDB assume que há disputas internas
Nos bastidores já se percebe que há uma disputa travada entre os setores ligados ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves

As divergências internas no PSDB foram reconhecidas nesta quarta-feira pelo presidente do partido, senador Tasso Jereissati (CE), que tentou encarar com naturalidade a disputa travada nos bastidores entre os setores ligados ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves. “Eles têm estilos diferentes de fazer política”, disse. “É impossível que num partido como o PSDB, com tantas lideranças, se fale a mesma língua. Somos um partido aberto”, prosseguiu, na tentativa de encerrar a polêmica entre seus partidários na reta final da campanha eleitoral.

A tradução dessa declaração sinuosa de Jereissati é a existência de dois pólos opostos no partido. Em meio às repercussões da carta de Fernando Henrique, que provocou reação negativa de Aécio Neves que a qualificou de desagregadora, Tasso Jereissati preferiu buscar o entendimento para evitar mais crise na campanha de Geraldo Alckmin.

O senador passou a terça-feira em São Paulo e, à noite, conversou com o candidato do PSDB ao governo estadual, José Serra, que estava aguardando a conversa. Preocupado também com sua própria situação, uma vez que corre o risco de perder a hegemonia política com a eventual derrota do PSDB no Ceará em outubro, Tasso Jereissati está jogando toda sua energia para levar a candidatura de Alckmin ao segundo turno, como forma de compensar o fracasso em seu Estado.

Entre todos os Estados do Nordeste, é justamente no Ceará que Alckmin vem crescendo nas pesquisas, mas com muita desvantagem ainda em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os principais coordenadores da campanha de Alckmin admitem reservadamente que a disputa entre Aécio Neves e José Serra certamente vai ocorrer na escolha do candidato presidencial em 2010. Como também reconhecem que Fernando Henrique Cardoso teria divulgado sua carta de oito páginas não só para fazer uma auto-crítica como também para dar uma resposta a Lula que insiste em atacar seu governo e desgastar sua imagem junto à população. “O ex-presidente é muito orgulhoso e não aceitaria uma rejeição popular”, desabafou um tucano…”


SE DESEJAR ler a íntegra da reportagem, e outras notícias sobre o forrobodó tucano, pode fazê-lo acessando a página da Agência Estado na internet, no endereço http://www.estadao.com.br/ultimas/nacional/eleicoes2006/.

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