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Análise. Como fica o Congresso, sem parte dos mensaleiros, mas com Maluf, Palocci e Clodovil

Ok, ok. Renovar não é exatamente melhorar. Todos, inclusive eu (no âmbito da Câmara de Vereadores), dizem a frase a cada final de apuração. Ainda assim, nos esforçamos, aqueles que vivemos, de uma forma ou de outra, da análise dos assuntos políticos, para usar olhos benevolentes. Afinal de contas, é uma nova legislatura, etc, etc, etc.

Mas, cá entre nós, quando notamos a eleição de novatos que de novo nada têm, ou quando percebemos que boa parte do parlamento (no caso nacional) está enroscada com a Justiça, e não apenas a eleitoral, a única coisa que nos resta é a esperança. Que esta temos de sobra.

Para que você não fique com a minha opinião, eis que estou fisicamente distante dos acontecimentos, reproduzo aqui o artigo do jornalista Josias de Souza, da Folha de São Paulo, sobre a nova composição do Congresso Nacional. Leiamos. E rezemos:

”Nada há de novo sob o teto de concreto de Niemeyer

Como todo e qualquer livro, a Bíblia foi escrita por homens. A despeito de toda a mistificação, trata-se de uma obra comum. Contém muita coisa certa e errada. Nada mais conveniente do que utilizar um preceito bíblico para definir o novo Congresso, outra obra de homens, boa e ruim.

Encontra-se em Eclesiastes (1,9) o trecho que melhor serve ao propósito. Anota: “O que foi, é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer: nada há, pois, novo debaixo do Sol.” Nada há, pois, de novo também sob o concreto tortuoso que Niemeyer projetou.

Mencione-se, por eloqüente, o resultado de um levantamento feito pelo sítio Congresso em Foco: há entre os eleitos 53 congressistas que respondem a processos judiciais ou estão sob investigação. A lista vai de Paulo Maluf (PP-SP) a Antonio Palocci (PT-SP). Elegeram-se, de resto, 12 sanguessugas e oito mensaleiros.

Há no “novo” Congresso Cunhas, Henrys e Rochas; Barbalhos, Mentores, Valdemares e outros azares. Um prenúncio de que continuará vigorando o preceito do Evangelho segundo Robertão: “É dando que se recebe.” O novo presidente da República, seja Lula ou seja Alckmin, terá de encostar a barriga no velho balcão.

O próximo presidente da Câmara será do PMDB. O partido mais partido do país foi o que elegeu o maior número de deputados – 89, contra os 75 eleitos em 2002. São, em sua maioria, franco atiradores à procura de alvos na engrenagem estatal.

A seguir vem, a despeito de todas as perversões, o PT – ou ex-PT -, que amealhou 83 cadeiras. É uma marca menor do que a obtida em 2002, quando a legenda fizera 93 deputados, dos quais dez foram expulsos ou bateram em retirada rumo ao PSOL.

PSDB e PFL beliscaram, cada um, 65 assentos. Menos que em 2002, quando haviam conseguido eleger, respectivamente, 70 e 84 deputados. Evidência de que, no Brasil, o exercício da oposição, que sujeita o congressista à inanição de cargos e verbas, não dá camisa – nem votos – a ninguém. Ou a quase ninguém.

No Senado, quem volta a dar as cartas é o PFL. Tonificou a sua bancada de 16 para 18 senadores. Fará o presidente da próxima legislatura. O PMDB de Renan Calheiros perdeu cinco cadeiras – foi de 20 para 15 senadores. Vêm a seguir o PSDB, que passou de 16 para 15 senadores, e o PT, que foi de 12 para 11. Significa dizer que, se Lula for reeleito, continuará sendo tratado a pão e água na Câmara Alta.

As urnas também produziram punições. Barraram, Suassunas e Severinos; Luizinhos e Guadagnins. Mas, a julgar pelo número de premiações, os vetos constituem mais uma obra do acaso do que um exercício da consciência. De resto, o voto, sempre caprichoso, costurou incógnitas do tamanho de um Clodovil.

Recorde-se, porque é de justiça, que os corredores do Parlamento serão palmilhados, como sempre, por referências de probidade e correção. Estão em maioria. Mas os 15% que compõem a minoria continuarão atraindo para a…”


SE DESEJAR ler a íntegra do artigo, pode fazê-lo acessando a página do jornalista na internet, no endereço http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/.

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