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Horror. Santa Maria sai do pleito com a maior derrota dos últimos 30 anos, para o Parlamento

Nunca torci tanto contra uma previsão divulgada por mim. Há exatamente três semanas, escrevi na coluna Observatório, que publico aos sábados, no jornal A Razão, um artigo titulado “O grande medo das urnas”. Apenas para relembrar, reproduzo, aqui, o terceiro parágrafo daquele texto:

“Para além do otimismo, expresso apenas nas poucas manifestações públicas (a mídia eletrônica tem certa dificuldade de captar esse tipo de revelação, dadas as restrições legais), colhidas aqui e ali, o que existe, meeeesmo, é um sentimento de medo. Há quem diga, inclusive, que a cidade corre o sério risco de perder representação parlamentar…”

Pois é, os piores temores se confirmaram, lamentavelmente. Depois de mais de 30 anos, é a primeira vez que Santa Maria tem uma representação parlamentar numericamente tão inexpressiva. Claro, os eleitos, e bem eleitos, não têm culpa disso. Ao contrário, os petistas Paulo Pimenta (federal) e Fabiano Pereira (estadual) alcançaram êxito em função do seu trabalho – no mandato que exerceram, e na campanha que fizeram. E não apenas em Santa Maria, diga-se.

O problema é a matemática. Houve um tempo, inclusive, que a cidade se orgulhava de ter três deputados estaduais e outro tanto de federais. A representação foi minguando, minguando… E… agora, são apenas os dois já citados. Também parlamentares hoje, José Farret e Cezar Schirmer naufragaram nas urnas.

No caso de Farret, a perda de votos em Santa Maria, comparando com o último pleito, foi fundamental. Ainda que mantenha um núcleo expressivo de eleitores no município, o que o mantém ativo (se desejar) na política local, faltaram-lhe os votos que sobraram em 2002.

Já com Schirmer a história é um pouco diferente. E requer uma análise profunda do PMDB. Aqui, a perda não foi em Santa Maria – onde até aumentou em 3 mil o número de votos, em relação ao que obteve há quatro anos. No entanto, ao fomentar, direta ou indiretamente, a cizânia interna, perdeu aliados importantes. E, com eles, os sufrágios que lhe poderiam conceder a reeleição.

Além disso, viu surgir uma liderança local, Jorge Pozzobom, do PSDB, que teve extraordinário desempenho eleitoral. E, dez entre dez analistas que conheço, têm convicção de que o tucano fez votos que, se a condução peemedebista fosse outra, poderiam ser de Schirmer.

Pozzobom, a exemplo de Fabiano e Pimenta, não tem nada a ver com isso. Apenas trabalhou. E muitíssimo bem. Só não se elegeu porque a legenda, o partido, não ajudou. Mas se credencia a coisa mais importante para seu futuro político. Afinal, quase 30 mil votos não se conquistam toda hora. Terá que capitalizar isso, de alguma maneira.

Já Schirmer terá que repensar o jeito de liderar. Tem talento. E muito. E até pode continuar deputado – se Alckmin virar presidente e convidar, olha a ironia, o desafeto interno do PMDB/RS, Eliseu Padilha para o ministério. Afinal, o santa-mariense é o primeiro suplente.

Cezar Schirmer terá que reconstruir sua liderança interna. Mas isso é outro papo. O que interessa, aqui, é lamentar. Afinal, Santa Maria merecia mais. E não obteve. Algo está errado. E essa discussão tem que ser feita. Sob pena de, em tempo não muito remoto, se transformar num município comum, igual a qualquer outro, desimportante para a política estadual. E nacional.

Não me peçam receitas. Não tenho. Mas valorizarmos gente daqui pode ser um bom começo. Ou, pelo menos, um começo.

EM TEMPO: se desejar ler o texto citado aqui, e publicado na coluna Observatório, basta ir ao calendário, procurar o mês de setembro e o dia 9. E poderá buscar aquela nota, na íntegra.

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