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Mídia derrotada. Olha o dia em que a “opinião publicada” perdeu feio para a “opinião pública”

Muito há de se escrever, falar e até ouvir, sobre os bastidores da cobertura eleitoral de 2006. Eu mesmo, aqui, já me manifestei a respeito. Todos os que eventualmente me lêem sabem de minha (nem sempre) opinião acerca do comportamento mídia grandona do País. Sabe, inclusive, que gosto quando todos assumem posições editoriais claras – sem que isso prejudique a cobertura factual. Aprendi, muito cedo, que com fatos não se briga. Como também me ensinaram, e eu guardei, que se deve sempre desconfiar.

Dito isto, estou a cavaleiro para dizer que a mídia grandona do País tomou partido. O que não seria problema. Só não disse isso ao seu leitor-espectador, o que configura uma fraude. Editorializou a cobertura eleitoral, e esqueceu de avisar ao espectador-leitor.

E aí, isso é que me dói mais como profissional, procurou interferir no resultado. Sem êxito. O que demonstra que o leitor-espectador não é bobo. Não foi lá, nem cá. Elegeu Lula, contra a vontade da grande mídia. Assim como elegeu Yeda, concordando com os veículos, no caso do Rio Grande do Sul. Tanto num caso quanto noutro, com independência. Isto é: acreditou no que ele próprio quis acreditar, e não no que lhe tentaram impor. Isso deu a vitória aos tucanos no Rio Grande, e a Lula no Brasil. Soberanamente.

O que isso significa? Simples: a imprensa até pode influenciar, e como influencia. Mas não manda. Ou, pelo menos, não tanto quanto gostaria de mandar. O que é bom. Para a própria mídia, se ela souber avaliar corretamente o que, e como, fez nesse processo eleitoral recém findo.

A propósito disso, do comportamento midiático, o melhor que encontrei na rede foi o artigo do veterano jornalista (inclusive da revista Veja, da qual foi fundador) Tão Gomes Pinto. Ele confessa votar em Lula. Mas veja só o que ele escreve, antes de julgá-lo pelo voto que deu:

Uma eleição sem terceiro turno. Como manda a lei

Estou portando este antes de sair para votar. Voto Lula. Não sou dos que votam Lula apenas porque “dos males o menor”. É uma opção consciente, feita depois de muita análise da situação brasileira.

Muitos dos que escrevem sobre política falam em dias difíceis pela frente, num país ingovernável (a famosa questão da governabilidade) pela falta de uma base política consistente do presidente neste segundo mandato, e principalmente levantam a assustadora ameaça de um “terceiro turno”.

Sobre esta eleição, a registrar um dado importante. A mídia inverteu as coisas. Colocou o “terceiro turno” na frente do segundo. Antes até do primeiro turno.

De saída, a imprensa não discutia – ou não informava adequadamente – a existência de uma eleição que seria disputada por vários candidatos. Selecionou os dois que de fato polarizariam a disputa e saiu para a briga. Ou melhor, entrou na briga, mostrando, a cada notícia, na seleção de cada manchete, que ela tinha um lado.

A mídia era anti-Lula e ponto. Estávamos conversados.

Apenas a afirmação de que notícia de escândalos e denúncias sobre corrupção no governo “vendem” não é suficiente para explicar a obsessiva preocupação com esses temas. Comecei minha carreira trabalhando no “Noticias Populares”, de São Paulo, um daqueles jornais da linha da imprensa popular. Como eram o antigo “O Dia”e a “Luta Democrática”, no Rio. Um legítimo representante da chamada imprensa “popular” precisa atrair leitores pelas impacto das suas manchetes.

Pois no velho NP eu aprendi com o editor-chefe, uma curiosa figura chamada Jean Mellé, um romeno que mal falava o português (algum dia ainda eu conto a “verdadeira” história do NP), que o que “vende” jornal é..”


SE DESEJAR ler a íntegra do texto, pode fazê-lo acessando o blog do jornalista Tão Gomes Pinto na internet, no endereço http://taogomespinto.blig.ig.com.br/.

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