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Distensão. Governo e oposição já conversam. E muito. Sinais se notam na retórica em público

A realidade… é a realidade. A fantasia, o que se “vende” no período eleitoral não é necessariamente o que se verifica na hora do vamos ver. Assim, eventuais distúrbios retóricos, visíveis em uma ou outra manifestação pela mídia, são apenas isso, eventuais.

Objetivamente, e basta ler com atenção ao noticiário, e fixar-se em personagens relevantes – não os subalternos no jogo político -, começa a se perceber que a ninguém, exceto algum xiita facilmente identificável, interessa o jogo da beligerância. Antes, o entendimento.

E isso se nota dos dois lados, entendendo-se como tais o governo e a oposição. A propósito dessa distensão, que é perceptível já nos primeiros dias pós-eleição em segundo turno, vale ler o que escreve, em sua página na internet, o jornalista Francklin Martins, que também é comentarista da TV Bandeirantes:

”O clima em Brasília já é outro

As primeiras 48 horas posteriores ao segundo turno mostraram que estavam equivocados aqueles que apostavam num recrudescimento da crise política no caso da reeleição de Lula. A expressiva votação do presidente e sua forte recuperação no Sudeste, onde venceu, e no Sul, onde perdeu por pouco, sepultaram as teses aventureiras do “terceiro turno” e da “eleição sub-judice”.

O jogo está jogado. E na democracia isso significa que quem tem mais votos vai para o governo e quem recebe menos votos segue para a oposição. E vida que segue: o governo, por mais poderoso que seja, não pode impedir a oposição de fiscalizar. E a oposição, por mais contundente que se pretenda, não pode impedir o governo de governar.

Lula agiu com rapidez. Nem bem foram anunciados os resultados, tomou duas iniciativas buscando criar um ambiente político menos carregado. A primeira foi conceder uma bateria de entrevistas aos canais de televisão na segunda-feira, a ser completada hoje com uma entrevista coletiva à imprensa. Com isso, sinalizou que deseja mudar substancialmente suas relações com a imprensa, crispadas e defensivas no primeiro mandato. Vamos torcer para que a mudança não seja fogo de palha.

A segunda iniciativa foi um apelo, em pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, ontem (terça) à noite, para que governo e oposição, mantendo suas identidades, elaborem uma agenda política comum, em torno dos interesses nacionais. Fez questão de dizer que o convite deveria ser entendida como um gesto político maior, e não como um sinal de fraqueza.“É um chamamento maduro e sincero feito por um presidente que está saindo de uma vitória expressiva nas urnas, que conta com o apoio majoritário dos governadores eleitos e que terá uma base sólida no Congresso”, explicou. Pontos dessa agenda seriam, por exemplo, a reforma política e a reforma tributária. O presidente disse ainda que o nome do seu segundo será desenvolvimento.

Coincidência ou não, mais cedo em São Paulo, em sua primeira entrevista como o governador eleito, José Serra dedicou boa parte de suas declarações a uma defesa veemente da necessidade de o país superar a semi-estagnação dos últimos 25 anos e retomar o desenvolvimento. “Desenvolvimento (no Brasil) passou a ser uma coisa amaldiçoada; Desenvolvimentista passou a ser insulto”, lamentou. E deixou claro que não fará oposição a Lula com a faca nos dentes. Ao contrário: “Não fomos, não somos e nunca seremos adeptos do quanto pior melhor”. Sem esconder as diferenças políticas com Lula, Serra pretende manter uma aliança institucional com Brasília. O governador de Minas, Aécio Neves, também deu declarações no mesmo sentido.

E, com isso, no balé da política, abriram-se condições para que os dois lados possam voltar a conversar de forma civilizada. Se o bom senso prevalecer, são boas as chances de os engenheiros construírem uma agenda comum e de os sapadores removerem as centenas de minas que tornaram o Congresso uma terra de ninguém. A única nota destoante no dia foi a do PFL, que prometeu se entricheirar no Parlamento e avisou que, em hipótese alguma, atravessará a rua, na direção do Palácio do Planalto. Mesmo nesse caso, porém, os disparos foram um tom abaixo dos preconizados pela ala mais dura do partido. Graças à intervenção apaziguadora do senador Marco Maciel, a nota, embora veemente, não fechou inteiramente as portas para uma negociação com o governo. Ela poderá ser feita pelos líderes do partido, dentro do Congresso. Já é alguma coisa.

Tudo somado, o ambiente político em Brasília mudou da água para o vinho depois das eleições. Os incendiários estão de crista baixa. Os mais sensatos…”


SE DESEJAR ler a íntegra do texto, pode fazê-lo acessando a página do jornalista Franklin Martins na internet, no endereço http://www.franklinmartins.com.br/post.php?titulo=o-clima-em-brasilia-ja-e-outro.

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