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Mídia. Espaço para o outro lado, no forrobodó entre repórteres da Veja e a Polícia Federal

Quem me lê aqui já sabe, mas não custa lembrar: não me agrada em nada o corporativismo. De qualquer espécie, inclusive o de jornalistas. Já achei, reconheço. Mas hoje consigo não ter mais qualquer dúvida acerca do fato de que não somos em nada diferentes de outros mortais. Inclusive podemos ser chamados, sim, para depor na Polícia Federal (ou qualquer outra autoridade constituída) com a finalidade de prestar esclarecimentos. Isso não nos deve diminuir nem ofender. Não somos em nada diferentes de qualquer cidadão, por mais que alguns de nós – e especialmente patrões com interesses contrariados – pensem diferente.

Podemos, como qualquer pessoa, levar advogado. Ou ser assistido por alguém com condições de impor, de acordo com a lei, os limites às autoridades. Assim, não posso, a priori, por exemplo, ficar condenando a PF por ter interrogado repórteres da revista Veja sobre fatos do interesse da investigação.

Se houve excessos, eles devem ser devidamente denunciados e coibidos. Mas depois de investigação, não antes. O que não posso aceitar como verdade absoluta, inclusive porque o venta lá venta cá também, é que se dê guarida a apenas uma versão. No caso, a da revista. Como se fosse a verdade única.

Assim, não deixa de ser interessante, seeeempre, ouvir o outro lado. Ou mais de um, se existirem. E dar aos dito cujos os mesmos tom e espaço. Essa é a razão fundamental para que eu reproduza um artigo escrito pelo delegado Gustavo Schneider, e publicado (só) nesta quinta-feira, no site especializado “Consultor Jurídico”. Schneider, aliás, faz questão de dizer que é um conservador, o que é até mais do que não ser filiado a partido político. Não sei se ele tem razão. Mas custa alguma coisa saber o que o policial tem a dizer? Acho que não. Aliás, tenho certeza. Mas você pode ler e tirar a própria conclusão. Confira:

”Ataques injustos
Veja empunhou bandeira da liberdade de maneira oportunista

É inegável o avanço alcançado por nosso país no campo da livre expressão das idéias. Neste sentido, é louvável que a imprensa fiscalize e critique a ação estatal e, até mesmo, as opções políticas adotadas pelos ocupantes eventuais de cargos eletivos no âmbito do Poder Executivo.

Inaceitável, contudo, é valer-se Veja do trauma nacional da supressão de direitos e garantias legados de um período de exceção apenas recentemente superado para omitir atos conspurcatórios da honra alheia, empunhando, de maneira oportunista, a bandeira das liberdades democráticas.

Somente a ignorância jurídica ou um estreito conceito de democracia pode compactuar com o ataque aos próprios alicerces do edifício democrático. Em países liberais desenvolvidos – como os Estados Unidos, que Veja tanto exalta -, é corriqueira a convocação de jornalistas pelos órgãos públicos para a prestação de informações. Não se tem notícia de que veículos como Newsweek, Washington Post ou The New York Times, ao verem-se na contingência de terem seus articulistas ou repórteres intimados, divulguem estarem sendo vítimas de perseguição governamental.

Que fará Veja quando seus repórteres forem chamados a prestar declarações em juízo? Também atacará o Poder Judiciário? Acaso haja fiscalização trabalhista na sua sede, alegará tratar-se de “armação” do governo federal? Se o Corpo de Bombeiros resolver efetuar uma visita de rotina para verificar o estado dos extintores de incêndio do prédio em que funciona o semanário, será uma afronta ao direito de informar, perpetrado pelo governo fluminense, agora aliado de Lula?

Uma das diferenças entre países desenvolvidos (como os Estados Unidos) e países tupinambás – para usar uma expressão contida na última edição de Veja, na designação do Brasil – é que, naqueles, pessoas e entidades não se colocam acima das instituições, acatando-as.

Veja, clara e abertamente, filiou-se à candidatura tucana para à Presidência da República. Na insuspeita qualidade de não-marxista, de não-petista e de auto-assumido conservador, não compreendo como sua linha editorial permitiu tal postura de amesquinhamento jornalístico, tão equivocada quanto incompatível com a responsabilidade de um veículo de comunicação de massas.

Segundo creio, o compromisso primeiro e maior do jornalismo deveria ser com a verdade. Todavia, em adotando tal postura, menos ainda entendo a imputação de parcialidade formulada por Veja em face de servidores e órgãos públicos. Contudo, quando se desce ao nível da descontextualização de fatos, da manipulação de dados e da generalização de meias-verdades, torna-se difícil manter ou recuperar a credibilidade. E como “a melhor defesa é o ataque”, a posição de “coitadismo” de Veja diante dos órgãos oficiais avulta muito mais como estratégia do que como autêntica advertência em face de pretenso autoritarismo.

A possibilidade de crítica política que conquistamos a duras penas e ao custo de algumas vidas é uma vitória democrática. Algo bem diverso é a prática jornalística socialmente descompromissada, que admite até mesmo a injúria em face de profissionais sérios, ocupantes de cargos públicos relevantes, que enfrentam toda a sorte de dificuldades no desempenho de seu mister e que estão, agora, submetidos ao destroçamento moral, diante dos injustos ataques de Veja.

E surpreende o adesismo conveniente de certos vultos destacados. Vergonhosa a postura pública do presidente da OAB ao asseverar que a PF desrespeita advogados, sem citar nenhum fato concreto (algo que faria corar causídicos da estirpe de um Rui Barbosa). Pusilânimes as…”


SE DESEJAR ler a íntegra da reportagem, pode fazê-lo acessando a página do “Consultor Jurídico” na internet, no endereço http://conjur.estadao.com.br/static/text/50013,1.

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