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Porões 2. Acredite: há quem se solidarize com a tortura. E até faz festa para quem a praticou

O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra está sendo processado. Vítimas dele, em função da anistia, não podem puni-lo legalmente. Mas querem uma sentença judicial declaratória de que os fatos aconteceram. Isso está bem explicadinho na nota imediatamente anterior a esta.

Aqui, o que há é o outro lado: parceiros de Ustra fizeram uma festa pra ele. Algo que constrange os democratas. É o que penso. Só não teria, como não tenho, o talento de Mino Carta para tratar do assunto, especialmente desse regabofe e tudo o que faz a gente (que, ainda que parcialmente, como é meu caso, viveu aquela época pavorosa) lembrar fatos que nunca mais devem se repetir. E os homens devem lutar para isso, sobre todas as coisas.

Vou deixar vocês com o texto brilhante do Mino. Ele fala por mim – e, creio, por muitos que podem dar o testemunho das trevas em que este país esteve e do qual não poucos parecem celebrar. Confira:

”Regime fardado, apenas?

Em clima de pizzaria, mais de duzentos oficiais de alta patente, da reserva das Forças Armadas, realizaram em Brasília um “ato de apoio” ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o famigerado DOI-CODI, órgão de repressão durante a ditadura. E de tortura, prisões sem mandado, assassínios. O coronel está sob processo em São Paulo, acusado de ordenar os mais variados atentados contra os direitos humanos.

Verdade é que a lei de anistia ainda está em vigor, cuidou de perdoar os esbirros do regime fardado. Fardado apenas? Não, senhores. Os donos do poder chamaram os gendarmes para executar o serviço sujo. O processo poderia ser o primeiro passo no caminho da revisão da lei, imposta, vinte e oito anos atrás, pelo general-ditador de plantão. Entre os militares solidários, setenta generais.

Não faltou um discurso do ex-colega de farda de Ustra e ministro nos tempos mediceos, Jarbas Passarinho. Disse que Ustra defendeu “a pátria com o risco da própria vida”. Disse com a expressão de Buster Keaton. Um evento desses não seria possível na Argentina, por exemplo, mas os portenhos não são melhores do que nós apenas na arte cinematográfica. Que o digam, os ditadores argentinos. No Chile também não conviria organizar tertúlia similar. Memento o que se dá com Pinochet. A diferença é dolorosa, a favor deles.

Explica-se, porém, pelas palavras pronunciadas na ocasião pelo próprio Ustra, entendidas, contudo, em sentido diametralmente oposto. “Lutamos e preservamos a democracia”, declamou o comandante do DOI-CODI. Pois é, lutaram, covardemente, para sustar qualquer anseio de democracia. Hoje ainda pagamos, e muito, de forma pesadíssima, pelo golpe de 1964, perpetrado sem derramamento de sangue, para “por a casa em ordem”, contra o caos econômico e a subversão em marcha. Diga-se que durante a ditadura o tal caos, ou seja, inflação alta, continuou a dar o ar de sua graça. Quanto à marcha da subversão, ainda esperamos por ela. Mas…”


SE DESEJAR ler a íntegra do texto, pode fazê-lo acessando o blog do jornalista Mino Carta na internet, no endereço http://www.cartacapital.com.br/blogdomino/.

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