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A vestal. Qual a influência política (ela ainda é real?) do ex-presidente Fernando Henrique

Tenho certa dificuldade em entender Fernando Henrique Cardoso. Especialmente se o comparar com outros ex-presidentes brasileiros e de outros países. Que tipo de influência ele ainda pode exercer, de fato, sobre os políticos nativos? E até onde vai o seu poder no PSDB, do qual é fundador e pelo qual concorreu, e venceu duas vezes, à Presidência da República. Não sei, não sei mesmo. Se bem que há uma reflexão interessante a respeito (e que você poderá ler em nota próxima, mais acima) e que merece que se-lhe preste atenção.

Enquanto isso, fiquemos com a reportagem laudatória (eu chego a dizer, constrangedoramente laudatória), publicada pela última edição, já nas bancas, da revista IstoÉ. Assinada por Marco Damiani e Rudolfo Lago ela engrandece a figura do ex-Presidente. E, curiosamente, não cita num só momento a doação, numa clara interferência do público sobre o privado, de uma empresa pública paulista – coisa de R$ 600 mil – ao instituto que leva o nome e é dirigido pelo ex-Chefe da Nação. Aliás: a “reportagem” chega ao puxa-saquismo explícito. Mas…

Ainda assim, vale a leitura, penso. Nem que seja para se irritar com o papel que os repórteres concedem ao presente do ex-líder. Ou, por que não, para concordar, que também não é proibido. Acompanhe:

”FHC o senhor oposição
Sem mandato ou verbas, ex-presidente resgata sua liderança e conduz o PSDB contra o governo na briga da Câmara

Ora sutis, ora rumorosos, alguns movimentos na cena política mostraram com extrema nitidez na semana passada qual é a cara da principal oposição a ser enfrentada pelo governo. Não tem votos, não tem cargos, não controla verbas, não determina nomeações. Mas fala, escreve, confabula, incomoda. Sobretudo, influencia. Decide, muitas vezes. É a cara de Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente de 75 anos que rechaça a aposentadoria e dia e noite ocupa, com flagrante prazer, os muitos espaços que a trôpega oposição brasileira abre a cada momento de decisão.

Tem sido assim nos quatro anos desde que deixou o Palácio do Planalto – e foi exatamente o que acabou de acontecer. “Eu não podia permitir que a coisa desandasse”, disse ele a ISTOÉ, justificando sua intervenção dura e contundente sobre a bancada de 66 deputados federais do PSDB. Eles estavam a um passo de apoiar o PT na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados. Depois de Fernando Henrique se fazer ouvir, por meio de uma nota com apenas três parágrafos, resolveram lançar seu próprio candidato, o tucano Gustavo Fruet (PR). “Eu converso com muita gente, recebo e-mails, sou procurado nas ruas. O que as pessoas querem de nós é que sejamos de oposição, não podemos abandonar nossa missão à primeira dificuldade.”

Que fique claro: nos últimos dias, Fernando Henrique mostrou-se politicamente mais forte e organizado que todos os tucanos juntos. O ex-presidente estava de férias em Maceió, Alagoas, quando ouviu o primeiro sinal para voltar ao trabalho. Vinha do atual presidente da Câmara, Aldo Rebelo, que foi procurá-lo à cata do apoio do PSDB. “Disse a ele achar difícil apoiarmos o Arlindo (Chinaglia, do PT), e que tudo caminhava para ficarmos com o próprio Aldo”, reconstitui. Um detalhe: para certificar-se da disposição do candidato, perguntou-lhe se estava mesmo firme para ir até o final da disputa. “Podem até me oferecer um ministério; vou recusar”, garantiu Rebelo.

De posse da informação, Fernando Henrique começou a armar o seu jogo. O primeiro tucano que ele procurou, já de volta a São Paulo, foi o governador José Serra. “O que temos a fazer agora é ‘cozinhar o galo’ ”, ensinou o ex-presidente. Ele tentou dizer ao governador que, àquela altura – uns dez dias atrás -, o melhor para os tucanos era esperar que Rebelo e Chinaglia mostrassem mais de suas próprias cartas. À vista dos programas e da força de cada um, aí então os tucanos poderiam…”


SE DESEJAR ler a íntegra da reportagem, pode fazê-lo acessando a página da revista na internet, no endereço http://www.istoe.com.br.

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