Arquivo

Observatório. “O único sem defesa é o tio”

À luz do dia. Uso
irregular do espaço
para estacionamento


1) No último final de semana, à noite, um santa-mariense levou os sobrinhos, que para cá vieram fazer o vestibular da UFSM, a conhecer o centro da cidade. Chegou à Praça Saldanha Marinho e sentou num banco inacreditavelmente desocupado. Pra quê!? Não demorou dois minutos e um engraxate literalmente os enxotou, dizendo que aquele local era seu e ninguém iria usá-lo.

2) Na segunda-feira, um militante da causa de um vereador dos grandões da Câmara, cumprimentou o colunista, pelo texto “O centro virou uma esbórnia”, publicado aqui na semana passada. “É isso mesmo, tem que meter o pau na prefeitura!”, foi a frase principal do rapaz.

São dois fatos dignos de se transformar em emblemas, os citados nos dois parágrafos anteriores. E que estão, creia, perfeitamente ligados. De um lado, a percepção de que o centro da cidade é de todo mundo (não apenas do engraxate, mas do camelô, do ambulante, do vendedor de churrasquinho, dos marginais e até da irmã Lourdes – que ninguém se ofenda, é esta a percepção do contribuinte). E de outro a noção de que quem tem culpa por essa situação é a prefeitura “do PT”, como disse o militante que fez a lisonja a este jornalista.

Isso, porém, é uma simplificação que ronda o absurdo. O Executivo (não apenas esse, mas também os anteriores) tem suas responsabilidades, ah se tem, oh se tem, como tem. Porém beira a hipocrisia querer transferir para a prefeitura todo o enrosco. Imagina, só por hipótese, que o tal engraxate (e o camelô, e o ambulante, e o vendedor de “carne de gato”, o moto-taxista irregular, etc etc) fosse instado por um agente com poder de polícia. Imagine, só por um momento.

A coluna aposta todo o estoque de água mineral da cidade como na segunda-feira já apareceria um vereador (ou até mais de um) para defender o “honesto trabalhador”. Assim como os edis – e quase todos, inclusive governistas, agem assim – não se cansam de defender vendedores de contrabando e outros “trabalhadores” de serviços à margem da lei.

Resumindo: o governo tem que responder, sim, às demandas, fazendo aquilo para o qual foi eleito. Que não é outra coisa senão governar. Isso mesmo, simples, beeeem simples: g-o-v-e-r-n-a-r. E os vereadores tem que parar de ser demagogos, defendendo o que eles pensam que vão votar neles. E só nisso. E não fazer o agrado fácil, reproduzido por ventríloquos (como o da segunda-feira) bem treinados.

Para fechar: você sabe quem é o único que não é defendido pelo vereador? Ele mesmo, o tio que levou os sobrinhos para conhecer o centro e “morreu de vergonha”. Agora, muuuita atenção: esse tio também vota. E, acredite: ele é a maioria.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo