Arquivo

Planão. Enfim, há quem faça uma análise pra lá de positiva do PAC. E não é do governo

Dos oposicionistas não é lícito aguardar concordância absoluta. E também não é desejável. Afinal, se fosse para uma anuência completa e definitiva, nem precisava passar pelo Congresso boa parte do Plano de Aceleração do Desenvolvimento (PAC), anunciado por Lula na segunda-feira. E assim foi: a oposição foi da cautela (notadamente os governadores) à condenação definitiva de tudo (e essa é oposição não apenas ao governo da hora, convenhamos), passando pela rejeição parcial.

Pelo governo, aliás, os defensores públicos são mais os integrantes do chamado núcleo de Poder, a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Roussef à frente, e quase nenhuma relevante intervenção de parlamentares da chamada base aliada – que terá, porém, de se manifestar necessariamente na momento do debate no Congresso. Ou não será base. Nem aliada.

Na mídia, especialmente a grandona, tem prevalecido a opinião de economistas ligados ao liberalismo, que condenam qualquer intervenção estatal, mesmo que favorável à maioria da população. É questão de princípio, e nada disso há a contestar. Se bem que opiniões contrárias seriam também salutares, na mídia – para que o leitor pudesse ter a sua própria opinião. Mas aí já é querer demais de quem, por exemplo, e falo das revistas de circulação nacional, simplesmente ignorou a cratera que se abriu em São Paulo, preferindo dar como manchete de capa a amizade entre homens e cães (Veja) ou a busca da felicidade (Época).

Em todo caso, é possível extrair, na opinião publicada, alguma coisa que vai além da crítica pura e simples. É difícil, mas você acha. Para facilitar, vou para o lado oposto. Encontrei quem entenda que o plano é bom. Só isso, bom. E afirma isso com a devida convicção, mostrando o porquê.

Há dois, pelo menos entre os categorizados, que têm essa opinião. Um é Paulo Henrique Amorim – para conferir o que este jornalista pensa a respeito, vai ao site que ele mantém na internet: www.conversaafiada.com.br. O outro é o comentarista da TV Bandeirantes (e ex-Globo, aliás como Paulo Henrique) Franklin Martins. E é o texto dele que escolhi para reproduzir pra você. Leia, e pelo menos terá o contraponto, o que é sempre interessante. A seguir:

”PAC: uma inflexão na política econômica

Ainda serão necessários alguns dias para avaliar plenamente a repercussão do Plano de Aceleração de Crescimento (PAC). Afinal, muitas das medidas precisam mais tempo para ser digeridas. Mas, a julgar pelas primeiras reações, o governo foi duplamente bem sucedido no lançamento do plano. Para começo de conversa carimbou a idéia de que o segundo mandato de Lula estará voltado para o questão do crescimento econômico. Em termos de imagem, não é pouca coisa.

Que diferença para o momento de largada do primeiro mandato! Vale lembrar que, nos primeiros meses de 2003, as marcas do governo foram, na área econômica, o superávit fiscal de 4,25% e a elevação dos juros para 26,5% ao ano. Simbolicamente, o que se destacava era a figura do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sentado em cima do cofre, gastando toda a saliva que tinha (e a que na tinha) para convencer o mercado financeiro de que o governo Lula tinha mais juízo do que se pensava.

Ontem (segunda-feira), a imagem do dia foi a da ministra Dilma Roussef expondo um plano de investimentos em infraestrutura: rodovias, ferrovias, hidrovias, hidrelétricas, linhas de transmissão, campos de petróleo, portos etc. Evidentemente, muita coisa pode não sair do papel. Vários projetos podem também cair da cesta de preferências governamentais, sendo substituídos por outros. Muitas críticas serão feitas. Mas, mal ou bem, de uma forma ou de outra, Lula virou o disco ontem. Fixou uma agenda nova e criou um ambiente político favorável. Mesmo que o governo venha a ser criticado pelos erros, pelos chutes e até pelos pontos positivos do PAC, o debate é bom para ele. Debate sobre crescimento econômico é sempre bom para qualquer governo. Ruim é debater recessão, ajuste fiscal, desemprego ou corrupção.

Mas o governo obteve também uma vitória muito importante numa questão estratégica: fez uma inflexão de fundo na política econômica – e o mundo não veio abaixo. O PAC tem diversos aspectos: organiza o investimento em infraestrutura, induz o investimento privado a sair da toca, tenta estimular o espírito animal do empresariado, cria ferramentas de gestão pública, e por aí vai. Mas sua essência é dirigir os ganhos obtidos com o processo de redução da taxa de juros para o aumento do investimento público e não para a redução do estoque da dívida, como recomendaria a lógica predominante na equipe econômica nos últimos anos.

Na prática, usando uma linguagem polida e recorrendo ao argumento do Projeto Piloto de Investimento (PPI) , o ministro Guido Mantega derrubou ontem a meta de superávit fiscal de 4,25% do PIB para 3,75%. Mais ainda: deixou claro que a inflexão veio para ficar. Não decorre de um arroubo, nem de uma estratégia temerária. Ao contrário, aos olhos do governo, é um caminho virtuoso, pois permite mais investimento, mais crescimento, sem descontrole fiscal. Afinal, como se preocupou em demonstrar Mantega, mesmo com o superávit de 3,75%, a relação entre a…”


SE DESEJAR ler a íntegra do artigo de Franklin Martins, pode fazê-lo acessando a página do jornalista na internet, no endereço http://www.franklinmartins.com.br/post.php?titulo=pac-uma-inflexao-na-politica-economica.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo