Vergonha pouca. Legislatura já inicia com 22 deputados fraudando a vontade popular
Quando abriu-se a Legislatura passada, em 31 de janeiro de 2003, nada menos que 37 deputados eleitos em outubro do ano anterior já estavam em agremiação política diversa daquela pela qual concorreram. Aliás, os quatro anos que encerraram na quarta-feira foram recordistas em pula-pula. 107 parlamentares se movimentaram para outros partidos, que não os originais. Alguns deles mais de uma vez, o que elevou o troca-troca para 131, no total.
E agora, na Legislatura que está começando, qual a situação? Diferente, mas nem tanto. Não foram quase 40, mas nada menos que 22, o que é de todo modo excessivo, já estão fora do ninho que lhes rendeu votos, e a eleição. E, objetivamente, a vontade das urnas simplesmente foi fraudada. Fernando Collor, o ex-presidente posto pra fora em 1992, fruto da mobilização popular, é apenas o mais famoso entre os esquilos, ao ter saído de um obscuro PRTB (mas que afinal de contas serviu de escada para levá-lo ao Senado) para o mais conhecido, e tradicional, PTB.
E depois tem gente que não acredita que uma reforma política que inclua, pelo menos, a fidelidade partidária não é uma necessidade urgente. É, sim. Mas quem vai aprovar? O Congresso? E os interesses pequenos de uns e outros não vão prevalecer? A propósito dessa mudança indecente antes mesmo de o mandato começar, o G1, o portal de notícias das organizações Globo, produziu uma reportagem especial. E chega-se a uma conclusão primeira: a totalidade dos infiéis é cínica. Inclusive porque se acha fiel. É demaaais! Leia você mesmo:
Parlamentares trocam de partido, mas querem ser ‘fiéis’
Deputados e senadores que mudaram de partido defendem fidelidade partidária. Entre a eleição e sexta-feira (2), 22 já tinham trocado de legenda.
Parlamentares que engrossaram o troca-troca de partidos no início desta legislatura afirmaram ao G1 que mudaram de legenda após a eleição em razão de acordos regionais, em busca de visibilidade e devido a divergências internas nas siglas às quais pertenciam. Apesar das mudanças, parte deles se diz favorável à fidelidade partidária.
De acordo com registros da Câmara e do Senado, 20 deputados e 2 senadores já tinham trocado de partido no período entre a eleição e a abertura da nova legislatura, nesta sexta (2). Todos migraram para partidos da base governista. Doze deixaram partidos de oposição e os outros dez transitaram entre legendas que apóiam o governo.
PR incha
O Partido da República (PR), resultado da fusão entre PL e Prona, foi o principal beneficiário: filiou 11 parlamentares, dos quais dez deputados e um senador. O PPS, por sua vez, teve o maior número de baixas (seis), contra três do PFL e duas do PSDB.
A relação entre o partido com mais filiações e o que registrou mais desligamentos não é coincidência. Boa parte das mudanças aconteceram na esteira da saída da legenda do governador reeleito de Mato Grosso, Blairo Maggi, que deixou o PPS depois de enfrentar um processo de expulsão por pedir votos no estado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante as eleições.
Ficamos sem ambiente dentro do PPS, por conta dessa atitude, que achamos antidemocrática. Não havia resolução por parte do partido em apoio à candidatura de Alckmin, conta o deputado recém-empossado Homero Pereira, um dos seguidores de Maggi, que trocou a antiga legenda pelo PR.
Recém-constituído, o PR conquistou a vice-presidência da Câmara e ainda espera crescer dos atuais 37 para pelo menos 44 deputados. No último dia 30 de janeiro, estava com 34.
Pereira, que em 2005 liderou um protesto de agricultores em Brasília contra a política do governo Lula para o setor, não vê incongruência em fazer parte agora da base governista. O governo hoje tem uma visão totalmente diferente do agronegócio do que naquele momento de crise aguda. Houve alguns encaminhamentos e já tivemos muitos pleitos atendidos, afirma. Estar na base não significa que vamos concordar com tudo que o governo faça. Mas vamos buscar soluções por outras vias, que não seja o protesto, mas pelo convencimento e articulação, completa.
Fidelidade partidária
Assim como o ex-presidente e senador Fernando Collor, que ontem oficializou sua mudança do oposicionista PRTB para o governista PTB, muitos dos deputados eleitos em outubro que já trocaram de sigla afirmam que aprovariam uma proposta de fidelidade partidária.
Com essa finalidade, Collor afirmou nesta sexta (2) que apresentará um projeto de reforma política. “Eu venho me insurgindo contra isso [o troca-troca] e é por isso que vou propor, no final de março, uma reforma política ampla, profunda e abrangente, com regras mais claras, para evitar casos
SE DESEJAR ler a íntegra, pode fazê-lo acessando o G-l, no endereço http://g1.globo.com/Noticias/0,,MUL3875-5601,00.html.
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