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E nem… – por Orlando Fonseca

Assim, separadas, as conjunções representam um vício da fala, uma redundância, pois se tratam de coordenativas aditivas, ainda que a segunda seja usada em expressões negativas. Mas me ocorreu que a sequência de vocábulos lembra, através de um trocadilho, o exame a que todos os estudantes egressos do Ensino Médio estão sendo submetidos, desde o final de semana.

E isso por uma razão mais complexa: aquela cisão na sigla serve para indicar uma inquietação que me ocorre neste momento, tanto na vida política nacional, quanto na situação do ser humano – ser social – em meio ao avanço da tecnologia. Coisas que envolvem Inteligência Artificial, robótica, descarte da mão de obra humana e ensino profissional.

Seria uma pretensão desmedida tratar disso em uma crônica. Por isso a opção por sentenças alegóricas e um pouco de humor. Explico, se falarmos em termos de educação como formadora de mão de obra ou de formadora de cidadania, podemos apontar a ineficiência do sistema educacional brasileiro com uma expressão completa do título: “nem uma coisa, e nem outra”.

A rigor, o ENEM só existe porque ainda não conseguimos universalizar o ensino superior no país. Não há vagas para todos, e não falo apenas em instituições públicas, mas em todo o sistema. Mesmo com programas como FIES e PROUNI, o ensino privado, que detém o maior número de vagas, não consegue absorver a demanda dos que não conseguem ingressar no ensino federal, gratuito.

Segundo critérios da UNESCO, um país alcança esta condição quando 35% dos jovens entre 18 e 25 anos estão na universidade ou já têm o seu diploma de graduação. Estamos longe disso, com os 18% desde a promulgação do atual Plano Nacional de Educação, em 2014. Por isso a presença, nefasta para a educação, de um processo seletivo rigoroso. Digo nefasta, porque ajuda muito pouco – ou quase nada – a melhorar o ensino.

Há uma repercussão retroativa do exame nacional sobre a formação inicial, especialmente para modificações nos programas curriculares, nas abordagens transversais e interdisciplinares. No entanto, quando se pensa sobre o futuro das profissões no mundo, fica a indagação sobre o quanto as faculdades mudaram para ensinar os jovens de hoje.

Diante da iminência fatídica de que, em 30 anos, mais de 80% das atuais atividades profissionais deixarão de existir, pergunta-se: o que se ensina hoje com a pretensão de formar profissionais? Quanto do currículo já foi modificado, nestes últimos anos para dar conta desta conclusão? Considere-se que a totalidade dos nascidos neste milênio estão, atualmente, nas salas de aula.

Neste ano de 2018, os seres humanos que já nasceram em uma sociedade altamente tecnológica e conectada, chegam à maioridade. Quais são as perspectivas, sendo que a totalidade dos professores desses alunos migrou de um regime para outro? O que vale dizer, alguns desses docentes se adaptaram, mas a grande maioria segue uma cartilha “old school”, do modelo impresso, da leitura extensiva, da pesquisa “in loco”.

O modo como as crianças e os adolescentes obtêm informação está tirando-lhes a capacidade de armazenar conteúdo na mente (memorizar), de processar informações com vistas a formar argumentos (associar), de fazer as devidas trocas entre contexto e conhecimento adquirido (raciocinar).

Esta geração terá de descobrir como superar estas crises. E falei apenas do mundo do trabalho, mas e a vida em sociedade, e o convívio social, a responsabilidade ética com a humanidade e o ambiente?

Temos desafios imensos pela frente, se não queremos que os nossos filhos e os filhos destes sejam submetidos ao regime da máquina. Assim como o STF teve de se manifestar, ainda na campanha eleitoral, para resgatar o valor constitucional da autonomia universitária, temos de manter a vigilância a respeito de mudanças que não tenham em perspectiva a garantia de um futuro promissor para o que resta de humanidade em nós.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que ilustra esta crônica é uma reprodução de internet.

 

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