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Rio Branco renasce (1). Antigo ferroviário e um possível retorno aos velhos e bons tempos

A reforma da Gare e a possível volta aos velhos

tempos vistas pelos olhos de um antigo ferroviário

 

Por Fabiane Machado (Asses. Com./Prefeitura Municipal)



Quando o ex-ferroviário, João Silveira de Castro, fala nos tempos da Gare da Estação Ferroviária lotada, dos trens chegando e saindo e do alto-falante anunciando a hora da partida, precisa tirar os óculos para secar as lágrimas. Ferroviário por 34 anos de sua vida e filho de um também ferroviário, que depois de trabalhar nas linhas de várias cidades chegou em Santa Maria e fixou residência, Seu João lembra de cada detalhe daquele tempo bem vivido de “ferrinho”. “Era uma época em que ser ferroviário era motivo de orgulho e o sonho de todos os jovens”, garante o aposentado.

Ao percorrer a plataforma da Gare, Seu João lembra que o local era impecável nos tempos áureos da ferrovia, e que havia uma equipe de profissionais com a missão de recuperar qualquer estrago que surgisse na estrutura. “O pessoal da reparação estava sempre a postos, eu lembro do último retoque na plataforma, feito na década de 80”, conta Seu João. É excelente a memória do ferroviário aposentado, que tem 72 anos de idade, ele gosta de dizer que são 72 anos de Rede Ferroviária, e por isso lembra de cada momento vivido na Gare, desde o horário de que cada linha que saía de Santa Maria até o prefixo de cada trem.

 

“Era lindo de ver, cheio de gente, um monte de motoristas de táxi esperando os passageiros, os carregadores de malas em ação, corretores dos hotéis da cidade entregando cartões e divulgando seus estabelecimentos para a estada dos turistas. Eram 24 horas de serviço sem interrupção”, lembra Seu João. Os dias em que o trem pagador chegava na Gare eram marcantes, é o que garante o aposentado. O trem passava de estação em estação pagando os salários dos ferroviários e era, logicamente, muito aguardado por todos. “Os pagamentos eram feitos na bilheteria de venda de passagens e a fila era imensa”, lembra, sorrindo, o antigo ferroviário.

O olhar do Seu João fica desolado ao lembrar a estagnação pela qual foi passando a antes tão imponente Gare. Ele lembra da tristeza ao ver partir o último trem, que saiu, no dia 04 de fevereiro de 1996, com destino a Porto Alegre e à saudade. “Doía ver tudo isso aqui parado, se estragando, sendo alvo dos vândalos”, conta, emocionado, ao olhar, já não com os olhos do passado, mas com os do presente, a atual Gare.

A tristeza não dura muito quando ele visualiza a parte da Gare que já está recebendo as reformas. Os operários que atuam no local lembram, por um momento, o ritmo da Estação em plena atividade e Seu João sorri. “Vai ser uma maravilha quando o Centro Cultural estiver pronto, isso aqui vai lotar de novo”, projeta o homem que viu o auge e a decadência da Rede Ferroviária passarem em frente aos seus olhos. As mudanças, com a realização da obra, já podem ser vistas por quem chega no local.

 

A estrutura do telhado já recebeu telhas novas e material para isolamento térmico. Também foram instaladas novas calhas para o escoamento da água da chuva, e houve alteração na posição e modelos das janelas. Onde será o auditório do Centro foram retiradas duas janelas basculantes, e outras três, do modelo maxiar, foram colocadas na área dos banheiros. Serão três janelas em cada banheiro. E as mudanças não param, as duas paredes do espaço que será o auditório já foram derrubadas, e a equipe fechou a parede lateral do local onde será construído o palco. Em frente ao palco está sendo retirada uma parede, permanecendo uma gola (recuo de parede) de um metro em cada lateral. O palco terá 4 metros de comprimento e 7 metros de largura. Também foi retirada a parte interna do telhado no local onde serão os banheiros, e feita a demarcação dos sanitários e lavatórios. Serão construídos dois banheiros no local, um feminino e um masculino.

Os serviços que estão sendo desenvolvidos constituem a primeira etapa da revitalização da Gare, que já tem garantidos R$ 200 mil para ser realizada. O recurso foi obtido com a intermediação do ex-Deputado Estadual, Estilac Xavier junto à Caixa Econômica Federal. O valor total para todas as obras, da qual também fazem parte a construção de um palco ao ar livre, que transformará toda a mancha ferroviária em um Centro Ferroviário de Cultura na cidade, é de cerca de R$ 1 milhão e 171 mil. A solicitação dos R$ 971 mil restantes pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, já foi encaminhada, juntamente com o projeto, para o Governo Federal.

 

LEIA AMANHÃ: “Passado e presente se confundem na memória de empresários que apostaram na Avenida”, em texto de Daiani Ferrari.

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