Indenizado. Maluf vai receber R$ 380 mil do Estadão. Que, imagina, o chamou de corrupto
Olha só essa: o jornal O Estado de São Paulo e um de seus editorialistas, José Nêumane Pinto, foram condenados a pagar, somados, 100 salários mínimos (R$ 380 mil, em números de hoje, sem contar juros e correção monetária) ao ex-governador paulista e atual deputado federal, o notório Paulo Salim Maluf.
A decisão, confirmada no Superior Tribunal de Justiça, se deve ao fato de o jornalista (e o jornal, solidariamente) ter utilizado, entre outros adjetivos, a expressão corrupto, ao se referir ao político. Não deixa de ser irônico. Mas também ajuda a fazer com que profissionais e veículos tenham mais responsabilidade ao escrever e publicar. Por mais que Maluf seja aquilo mesmo que eu, você e o Nêumane achamos.
Para conhecer mais detalhes do processo, e as suas conseqüências, leia a reportagem Preço da expressão – Estadão é condenado por chamar Maluf de corrupto, publicada pela revista especializada Consultor Jurídico. A seguir:
O jornal O Estado de S. Paulo e o jornalista José Nêumane Pinto estão condenados a pagar, cada um, 50 salários mínimos, para o deputado federal Paulo Maluf. Motivo: o jornalista escreveu editorial lamentando que o voto direto não tenha livrado o Brasil de pragas como Maluf. Também foram usados os adjetivos corrupto, incompetente e irresponsável para classificar a atuação de Maluf na administração de São Paulo.
A decisão é do Tribunal de Justiça de São Paulo, confirmada pela 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça. A condenação, se calculada no valor do salário mínimo vigente, chega a R$ 380 mil – paga solidariamente pelo jornalista e pela empresa, fora juros e correção.
A defesa do jornal, representada pela advogada Camila Moraes Kajaiba, já entrou com Recurso Extraordinário no Supremo Tribunal Federal. A peça foi admitida e discute a questão de liberdade de imprensa.
O relator do caso no STJ, ministro Antônio de Pádua Ribeiro, considerou que o jornal e o jornalista, no recurso apresentado contra o TJ paulista, não rebateram, de forma específica os fundamentos da decisão. Isso inviabiliza o acolhimento do Agravo de Instrumento para fazer subir o Recurso Especial de forma que o STJ possa rediscutir a questão.
O editorial em questão, intitulado Viva o Voto!, foi escrito pelo jornalista e publicado na seção Espaço Aberto, na edição do dia 26 de abril de 2000. O texto foi classificado por Maluf como um compêndio de enojantes insinuações e aleivosidades.
José Nêumane Pinto afirmou no editorial que hoje a possibilidade mais concreta de o político e sua escola virem a ser castigados por malfeitorias está nas mãos do FBI. Também disse que as instituições brasileiras são tão lerdas e tolerantes que só há a possibilidade concreta de capturar um chefão de nosso crime político organizado se ele violar alguma lei americana – principalmente a da lavagem de…
SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra da reportagem Preço da expressão – Estadão é condenado por chamar Maluf de corrupto, publicada na revista Consultor Jurídico.
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