Petismo. Congresso antecipa eleição interna, decide implantar Código de Ética e pensa em 2010

Era muito aguardado o Congresso Nacional do PT, que aconteceu neste final de semana, em São Paulo. Por várias razões. Uma delas o cataclismo que se abateu sobre o petismo em 2005 – e que resultou em processo contra pelo menos 20 militantes de alto coturno. Outra, e decorrente da anterior, a exacerbação da divisão interna, com correntes significativas, embora não necessariamente majoritárias, imaginando ser possível “refundar” o partido.

 

Findo o conclave, porém, o petismo tomou várias decisões. Nenhuma delas tocou, nem de leve, e publicamente, as questões para as quais os analistas supunham pudessem criar controvérsias. Aliás, há quem entenda sido tímidas as deliberações dos congressistas do PT.

 

A própria criação de um Código de Ética dependerá de tempo para ser formatada, apresentada e enfim aprovada pelas instâncias partidárias. Coisa como um ano de discussões, no mínimo. E isso ao mesmo tempo em que se debate o pleito de 2010. Aprovou-se resolução no sentido de que o PT tenha candidato a Presidente da República – mas deixou aberta a possibilidade, inclusive por sugestão do principal nome da agremiação, Luiz Inácio Lula da Silva, de apoio a um nome não petista. Algo, até outro dia, inimaginável.

 

E, por fim, a decisão prática mais objetiva e de resultado cronológico rápido: a antecipação da eleição para a presidência do Partido. Deveria ocorrer em fins de 2009, ficou para agora, daqui a pouco, em meados de dezembro. E, imediatamente, ficou claro que o atual primeiro homem da sigla, Ricardo Berzoini, ficará fora do processo.

 

Aliás, ao que tudo indica, Ideli Salvatti, senadora por Santa Catarina, surgiu como um provável nome a ser apoiado pelo antigo (mas também atual e forte) Campo Majoritário, que tem em José Dirceu o maior emblema. Aliás, ela ou Antonio Palloci. Sim, ele, o ex-ministro da Fazenda, como Dirceu engolfado pela crise de 2005/06, supostamente envolvido no “escândalo do caseiro”. Mas não serão os únicos – nem necessariamente os vencedores.

 

Isso, simplificadamente, é o que se noticia do congresso petista. Agora, os fatos vão ajudar a compor um pouco do futuro do PT. Que, obviamente, é um dos grandes da política nacional. Se vai ser refundado, este (nem sempre) humilde repórter não sabe. Mas que, no mínimo, terá que se reinventar, não há dúvida. O futuro dirá.

 

SUGESTÕES DE LEITURA – confira aqui a reportagem “PT antecipa eleições internas; 4 nomes são cotados”, de Vagner Magalhães, no Terra.

Leia também a reportagem “PT encerra congresso do partido sem discutir mensalão”, de Thiago Faria, na Folha Online.