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Mídia grandona. Ridiculamente, ex-revista Veja quer que pensemos que a Budweiser é brasileira

No início brigavam pelo mercado brasileiro a Brahma e a Antártica. Lembra? Aí, a Schincariol e a Kaiser começaram a ganhar pontos e a incomodar. Então, a cervejaria B comprou a A, e surgiu a Ambev. Que virou (quase) monopolista entre os maiores bebedores de cerveja do Sul da América.

 

A lógica capitalista, ou neoliberal, como diria algum, prevaleceu. Resultado: o maior engoliu o menor, sempre em busca de mais troco, muuuito mais troco. E então vieram os belgas de Interbrew e simplesmente arrebataram a nacionalíssima Ambev. Que virou a Inbev. Quem manda na nova empresa? Os brasileiros? Na-na-ni-na-não! Os belgas. Quem gere a Inbev? Um conselho que tem executivos brasileiros no comando. Isso é verdade. Mas o capital, meeesmo, é dos vizinhos da França.

 

Pois foi essa nova empresa, com capital majoritariamente europeu, gerido por tupiniquins, que comprou a tradicionalíssima Anheuser-Busch, detentora de dezenas de marcas, inclusive a popular Budweiser. Essa é a verdade. Não, claro, para a ex-revista Veja e seu ufanismo bobo. Sobre essa, mais que bobagem, inverdade, escreve Luiz Antonio Magalhães. Confira um trecho:

 

“A Budweiser é nossa”. Nossa quem, cara-pálida?

A revista Veja está mesmo perdendo o senso do ridículo. Na edição desta semana (nº 2070, de 23/7/2008), deu capa para a compra da companhia Anheuser-Busch pela Inbev. Na matéria principal, a revista sapecou o título acima, entre aspas. Sim, foi isto mesmo que o leitor leu: “A Budweiser é nossa”. E só faltou o inefável locutor Galvão Bueno para completar: “É do Brasiu, iu iu iu…”.

Seria bonito, se fosse verdade. Só que não é. A leitura das publicações especializadas em economia e negócios ajuda um pouco. Abaixo, no original, trecho de matéria publicada pelo Wall Street Journal (15/7/20078) sobre a polêmica aberta pelo pré-candidato democrata Barack Obama, que antes do negócio se concretizar afirmou que seria uma vergonha (shame, no original) para os Estados Unidos que a Anheuser-Busch pudesse se tornar uma empresa controlada por estrangeiros. Pelo que se pode discernir da leitura do Wall Street Journal, os estrangeiros em questão são os belgas e não “nós”, como orgulhosamente apregoa a Veja:

“‘… Beer Is Belgian’

Unlike such countries as the U.S., Russia and France, Inbev´s home nation isn´t protective about its biggest corporations. With a population of 10 million, Belgians have always had to share their toys – they shrug when the French say that they, not Belgians, invented the fry. Most of Inbev´s board members are Brazilian, even if the controlling shareholders are aristocratic Belgian families…

…Ok, é verdade que alguns brasileirinhos da gema, como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira têm participação acionária na Inbev (cerca de 25% do total, segundo reportagem da IstoÉ Dinheiro). Também é verdade que o principal executivo da Inbev é outro brazuca, Carlos Brito. O problema todo, porém, é que nenhuma publicação séria fora do Brasil escreve a barbaridade que Veja perpetrou ao qualificar a Inbev de “cervejaria belgo-brasileira”, logo no lide da reportagem desta semana. Ao contrário. O New York Times, por exemplo, noticiou a compra assim:

Anheuser-Busch Agrees to Be Sold to InBev

By MICHAEL J. DE LA MERCED, Published: July 15, 2008

“Anheuser-Busch agreed on Sunday night to sell itself to the Belgian brewer InBev for about $52 billion, putting control…

…Belgian Brewer significa cervejaria belga. Brussels, Bruxelas, fica bem longe do Rio de Janeiro ou São Paulo. É lá que são tomadas as decisões relevantes da Inbev. O resto é conversa para animar a patriotada dos néscios que acreditam em tudo que a revista Veja publica.

No fundo, talvez o semanário da Abril esteja preparando terreno para anunciar que a editora responsável pela publicação de Veja “comprou” a News Corp. do magnata Rupert Murdoch. E poderá então dar com destaque, quem sabe em página dupla, a grande manchete: “O Wall Street Journal é nosso!” Do Brasiu iu iu iu…”

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra do texto “Leituras de Veja – ‘A Budeweiser é nossa. Nossa quem, cara pálida”, de Luiz Antonio Magalhães, no sitio especializado Observatório da Imprensa.

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