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AGRONEGÓCIO. Pecuaristas já preparam campanha para defender qualidade da carne produzida no Brasil

Por MAIQUEL ROSAURO (texto e foto), Especial para o Site

Após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal (PF), deflagrada na sexta-feira (17), a pecuária brasileira vive um clima de incerteza. É grande o risco de o país ver a União Europeia suspender as importações do produto caso não sejam dadas explicações para o escândalo que agita o setor. Frente ao problema, as lideranças do agronegócio preparam uma ofensiva em defesa da produção nacional.

A investigação apontou que os frigoríficos envolvidos no esquema “maquiavam” as carnes vencidas com ácido ascórbico e as reembalavam para conseguir vendê-las. A carne imprópria para consumo era destinada tanto ao mercado interno quanto à exportação.

O esquema, segundo a PF, era liderado por fiscais agropecuários que emitiam certificados sanitários sem fiscalização em troca de propina. Ao todo, cerca de 30 empresas fornecedoras de grandes frigoríficos são investigadas. São alvos da PF os grupos JBS e BRF, detentores de marcas populares como Friboi, Sadia, Seara e Perdigão. Além disso, 33 fiscais federais também estão sob investigação.

De acordo com PF, parte da propina paga para o Ministério da Agricultura fazer “vista grossa” era revertida para campanhas políticas de partidos como PMDB e PP. Não foi divulgado o valor repassado pelas empresas e outras siglas também podem estar envolvidas nas irregularidades.

O presidente do Sindicato Rural de São Gabriel e vice-presidente da Farsul, Tarso Teixeira, garante que a carne brasileira é segura

Lideranças preparam reação

O escândalo que eclodiu na sexta-feira não chegou a ser uma surpresa para as lideranças do setor. Em agosto de 2013, o presidente do Sindicato Rural de São Gabriel e vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Tarso Teixeira, publicou na imprensa estadual o artigo “Conversa pra “Friboi” dormir”, no qual criticava as propagandas da JBS com o ator Tony Ramos.

“A agressiva (e pouco transparente) campanha de marketing do Friboi coincide com o crescente monopólio da companhia na indústria de carnes, com expansão e aquisição de frigoríficos menores Brasil afora, tudo isso regado com dinheiro público, a financiamentos camaradas do BNDES, um banco que ao invés de fomentar projetos de desenvolvimento nacional, tem atuado para capitalizar barões da indústria, a juros que não são encontrados no mercado, tal a generosidade que setores da imprensa já chegaram a especular sobre as relações entre o frigorífico e a família do ex-presidente Lula. Seja como for, o fato é que, com a mãozinha amiga do governo, esta empresa engole frigoríficos menores e inibe a concorrência, regulando praticamente sozinha o preço pago aos produtores. No entanto, o Cade (Conselho de Defesa Econômica) nada diz, mais preocupado em transformar a Siemens numa munição política contra a oposição”, dizia o artigo.

Hoje, Teixeira está preocupado com a repercussão da Operação Carne Fraca. Segundo ele, os produtores podem ser prejudicados.

“O mais grave é a suspensão de exportações de carnes para o Brasil e, com isso, uma queda no preço pago o pecuarista”, ressalta.

O sindicalista acredita que as informações referentes à Operação Carne Fraca foram divulgadas de forma sensacionalista. Ele garante que a produção de carne nacional é segura.

“Foram dois anos de investigações em praticamente todas as plantas frigoríficas para chegar a 21 unidades de 4.837 (menos de 0,5% do total) e 33 funcionários de 11 mil (0,3% do total). Ou seja, após dois anos de investigações, 99,5% das unidades frigoríficas estão dentro dos padrões de segurança e 99,7% dos funcionários do Ministério da Agricultura não cometeram nenhuma irregularidade. As carnes brasileiras são seguras”, afirma Teixeira.

Em grupos de WhatsApp, os produtores organizam uma ofensiva contra as notícias que colocam o setor em xeque. A partir desta segunda (20) terá o início o movimento “#CarneForte”. O objetivo é ir até o varejo, adquirir carnes de qualquer marca e postar nas redes sociais. A campanha também visa aumentar o consumo de carne a fim de mostrar confiança ao mercado interno e externo.

“Conquistamos o acesso de nossos produtos a mais de 150 países com nosso profissionalismo e qualidade sanitária. Não podemos deixar que uma minoria de maus profissionais sujem nosso caráter que lutamos tanto para conquistar”, afirma o comunicado assinado pelas famílias produtoras de Campo Grande-MS e compartilhado entre os produtores gaúchos.

Empresas lançam comunicados e partidos afirmam desconhecer denúncias

A BRF e a JBS divulgaram notas à imprensa no qual reforçam o comprometimento com a segurança alimentar e com a qualidade de seus produtos. Os partidos apontados como beneficiários, por sua vez, afirmam desconhecer as acusações da Operação Carne Fraca.

O gerente de Relações Institucionais e Governamentais da BRF, Roney Nogueira dos Santos, foi preso na madrugada de sábado (18), pela PF, ao chegar ao Aeroporto de Guarulhos-SP. Conforme a nota da empresa, Santos apresentou-se voluntariamente às autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários às autoridades. O comunicado também cita a interdição de uma das fábricas da BRF, em Goiás, pelo Ministério da Agricultura.

“A medida (interdição) deve durar até que a BRF possa prestar as informações que atestem a segurança e a qualidade dos produtos produzidos, o que deve acontecer em breve, uma vez que a companhia tem confiança em seus processos e padrões, que estão entre os mais rigorosos do mundo”, diz a nota. CLIQUE AQUI para ler na íntegra.

A JBS, em seu comunicado, lembra que a empresa é a maior fornecedora de proteína no mundo, com 234 unidades, e emprega 230 mil pessoas. A companhia afirma não tolerar qualquer desvio de qualidade nos seus processos industriais.

“No despacho da Justiça Federal que deflagrou a operação, não há qualquer menção a irregularidades sanitárias ou à qualidade dos produtos da JBS e de suas marcas”, diz a empresa. CLIQUE AQUI para ler a nota.

Já PMDB e PP, que supostamente receberiam parte das propinas das empresas, afirmam desconhecer as denúncias. O PMDB não autoriza ninguém a falar em nome do partido, enquanto que o PP afirmou à imprensa que apoia a investigação.

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