Preconceito. A primeira magistrada negra do Brasil não perde o verbo na defesa de sua raça
É uma curiosidade, em termos de Brasil. Afinal, é tão complicado para os negros, como minoria apartada do conjunto da sociedade, alcançar postos importantes no País, que quando isso acontece é bom prestar atenção. Inclusive para que o futuro possa ser algo melhor para todos, independente de raça, sexo, condição econômica ou o que for.
É nesse sentido que me parece importante disseminar a entrevista concedida pela primeira magistrada negra brasileira. No caso, a baiana Luislinda Valois Santos (foto), que não perdeu o verbo – muito pelo contrário – ao falar, no último domingo, para a revista Muito, encartada no jornal A Tarde, de Salvador. O conteúdo é reproduzido no sítio especializado Espaço Vital. O texto é de Tatiana Mendonça, com fotos de Rejane Carneiro. Acompanhe, a seguir:
É sempre negro o delinqüente
O professor pediu o material de desenho, a custo o pai de Luislinda conseguiu comprar um, meio remendado. Pois bastou o professor ver o material para magoá-la para sempre. “Menina, deixe de estudar e vá aprender a fazer feijoada na casa dos brancos”.
Ela chorou, ainda se emociona quando relembra, 58 anos depois. Mas tomou coragem e retrucou: “Vou é ser juíza e lhe prender”. A primeira parte, ela cumpriu. Em 1984, a baiana Luislinda Valois Santos tornou-se a primeira juíza negra do País. Não à toa, também foi quem proferiu a primeira sentença contra racismo no Brasil.
Em 28 de setembro de 1993, condenou o supermercado Olhe Preço a indenizar a empregada doméstica Aíla de Jesus, acusada injustamente de furto. Aos 67 anos, a juíza Luislinda lança em agosto seu primeiro livro, O negro no século XXI.
REVISTA MUITO – Como foi sua infância? Imagino que não tenha tido muitos recursos…
Juíza Luislinda – Faça uma pequena ideia (risos). Minha mãe era lavadeira e costureira e meu pai era motorneiro de bonde. Minha infância foi miserável, mas meus pais sempre primaram pela educação e pela nossa saúde. Quando eu tinha 9 anos, estava começando a estudar, um professor pediu um material de desenho e meu pai, coitado, não pôde comprar o que ele pediu, mas comprou outro. Quando cheguei à escola, feliz da vida, ele disse: “Menina, se seu pai não pode comprar o material, deixe de estudar e vá aprender a fazer feijoada na casa dos brancos”. Imagine como foi marcante pra mim (chora). Saí chorando. Mas sou muito impetuosa. Voltei, fui em cima dele efalei: “Não vou fazer feijoada para branco, não. Vou é ser juíza e lhe prender”. Em casa, ainda tomei uma baita surra do meu pai. Naquela época, não se podia desrespeitar professor.
MUITO – Começou a trabalhar cedo?
Luislinda – Com 7 anos, quis aprender datilografia e, para pagar o curso, minha mãe sugeriu que eu lavasse aquelas fraldas de pano que se usava na época. Aí fiz isso. Mas, trabalhar realmente, comecei com 14 anos, como datilógrafa. Comecei na Companhia Docas da Bahia e, logo em seguida…
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SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui, se desejar, também outras reportagens publicadas no sítio especializado Espaço Vital.
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