Uma análise. Ao bancar Sarney, Lula quer virar credor do PMDB. Mas acaba por constranger o PT
Ainda que, estrategicamente, pouca gente fale, muito menos escreve (mmmm….), o que está em jogo não é a figura de José Sarney ou de qualquer outro componente do Senado. Afinal de contas, todos que estão lá sabem como é o parlamentar maranhense, que até Presidente da República foi – tendo como um dos seus principais ministros, não esqueçamos, o hoje adversário Pedro Simon.
Quer dizer, objetivamente, que Sarney é apenas uma peça no tabuleiro do poder. E quem está jogando, melhor do que a maioria, para variar, é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (na foto com Sarney). Que quer passar de devedor a credor do PMDB – ou da maior parte do partido. Vai conseguir? Talvez, mas ao custo de ver sua própria agremiação, o PT, bastante diminuída junto à opinião pública.
Pode-se concordar ou não com essa análise. Mas ela faz bastante sentido. E é explicitada muito bem por Maria Inês Nassif, em artigo publicado no influente jornal Valor Econômico, e reproduzido na página do jornalista Luis Nassif – se forem parentes, é o acréscimo claudemiriano, não há dúvida sobre a influência genética sobre o talento. A foto é de José Cruz, da Agência Brasil. Confira:
Uma aposta ousada do Presidente Lula
Não deixa de ser uma aposta ousada: no momento em que o PMDB é um somatório de desgastes de suas lideranças políticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se lança numa cruzada destinada a sustentar nacional e regionalmente cada um deles. Lula tem dado a líderes pemedebistas que são a expressão da política tradicional – de clientelismo, patrimonialismo e mandonismo – uma sustentação cujo aval é sua alta popularidade, a maior conseguida por um presidente da República brasileiro em períodos democráticos. Tem acrescido a ela o apoio resignado de seu partido, o PT. Do ponto de vista tático, pode ser uma jogada de mestre: Lula passa de uma situação em que era refém do PMDB do Senado para outra, em que é credor da bancada pemedebista naquela Casa. Do lado político, todavia, é uma ofensiva que tende a trazer o PT definitivamente para a planície dos partidos tradicionais.
O PT debilitou-se internamente ao longo de dois governos e de um excessivo pragmatismo da direção partidária e do presidente Lula. O auge da crise do partido foi o escândalo do mensalão, em 2005, quando revelações sobre financiamento ilegal de campanha desmistificaram o entendimento de que era ele a força nova no quadro partidário brasileiro. A crise interna foi simultânea à colheita de popularidade de Lula, que cresceu à medida em que se tornavam visíveis os resultados das políticas de distribuição de renda do seu governo. Rompeu-se, assim, o equilíbrio da relação que existia até então, em que o poder das instâncias partidárias e o poder pessoal de Lula tinham quase o mesmo peso. A partir das eleições de 2006, Lula tornou-se politicamente muito maior que o partido.
A crise política de 2005, se tirou do governo uma certa organicidade mantida no primeiro mandato, deu a Lula uma grande autonomia sobre o partido. As negociações com o PMDB para constituir um governo de coalizão, os complicados ajustes de interesses internos da legenda aliada, a definição de concessões aos outros partidos e, agora, a escolha da candidata petista…
PARA LER A ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI.
SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui, se desejar, também outras notas e artigos escritos e/ou comentados por Luis Nassif.
ATENÇÃO
1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.
2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.
3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.
4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.
5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.
OBSERVAÇÃO FINAL:
A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.