E os percevejos? – por Máucio
Estava a colocar um cartaz no mural da faculdade e me deparei com um imprevisto que, tenho certeza, todos vocês já vivenciaram: a falta de percevejos. Olho daqui, olho dali e nada de encontrar o utensílio. A secretaria estava fechada; a saída foi tomar emprestado um de outro cartaz. Tive que prender o aviso com apenas um percevejo e um prego impróprio que estava dando sopa no canto do quadro. De súbito veio uma pergunta insólita, porém honesta: onde foram parar os percevejos que estavam aqui neste mural anteontem? Por que os murais nunca têm percevejos sobrando? Por que essa escassez?
No dia seguinte perguntei à secretária do curso quantas caixas de percevejos ela solicitava, normalmente, pro almoxarifado. Vinte, respondeu-me. E, muitas vezes, tenho que pedir mais. A cada início de semestre? Sim. Ora, 20 vezes 50 totalizam 1000 percevejos por semestre, só nessa secretaria. Dividindo-se por quatro, número ideal para fixar um cartaz, resulta que há fixadores suficientes para 250 cartazes. Mas a questão fundamental não é exatamente essa. O problema que é saber, pra onde vão as 1000 unidades adquiridas semestralmente? Em síntese: onde vão parar os percevejos?
Coloquei minha dúvida a um colega e ele de pronto respondeu: pro mesmo lugar que vão as “bics”. Pensei estar resolvida a questão, mas não. As canetas se gastam, são esquecidas em lugares ou são tomadas emprestadas por algum colega que não devolve. É compreensível. O percevejo não, seu lugar de uso é exclusivamente os murais; portanto, seria ali que todos deveriam estar reunidos, à disposição pro próximo usuário. Calcule: só no nosso curso são 10 000 percevejos utilizados nos últimos cinco anos. Isso daria pra cobrir todos os murais do prédio.
É certo que, durante o uso, uns caem no chão e são até carregados na sola dos sapatos, mas, e os outros? Onde estão os demais? Não é plausível imaginar que alguém roube percevejos para levar para casa; no máximo retiram de um mural para usá-lo no mural ao lado. Não é também possível imaginar que alguém faça coleção de percevejos! Acho que não teria a menor graça, né? Imagine o cara convidando a garota: vamos lá em casa conhecer minha coleção de percevejos?
Estive calculando mais aprofundadamente. No prédio onde trabalho funcionam, no mínimo, 15 secretarias. Se todas usarem a mesma média de percevejos por semestre, do almoxarifado sairia um total de 30 mil percevejos/ano, só neste centro de ensino. Em cinco anos, chegaríamos a vultosa conta de 150 mil percevejos. Multiplicando por 8 centros de ensino, chegaríamos a algo em torno de 1 milhão e 200 mil percevejos. Todos eles saindo daquelas inocentes caixinhas com 50 unidades.
Que loucura!
Máucio!
Não vamos esquecer também dos CLIPS que como encanto, somem da nossa mesa de trabalho, não importando o tamanho deles…..eheheheh!!!
Um abraço!
Máucio, tenho uma hipótese: os percevejos, as canetas bic e os guarda-chuvas são seres com vontade própria, indômitos, que não se submetem às vontades humanas. Talvez sejam extra-terrestres ou parentes distantes dos duendes, ou talvez duendes extra-terrestres até. Um mistério, enfim. Isso pode até gerar alguma nova religião… assustador…