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Piquet, tucanos e o “Brazil” – por Luciano Ribas

Quem me conheceu no movimento estudantil imaginava que um dia eu seria candidato a alguma coisa, provavelmente a vereador. Fui presidente da USE há exatos 20 anos e coordenador do DCE da UFSM (na época, também da FIC, da Facem e do Ifitesma, todas instituições que já trocaram de nome) há 15 e, devido a uma relação familiar com o assunto que se perde no tempo, desde sempre convivi com a política. Sei o quanto ela pode esclarecer sobre o que há de “bom” ou “ruim” nas pessoas e como pode revelar quem realmente sabe cultivar fidelidades.

Mas eu nunca fui e provavelmente nunca seja candidato a nenhum cargo eleitoral. Isso não decorre de algum “desencanto” com a política ou com alguma decepção com as escolhas que fiz – na verdade, lembro de todos os meus votos desde 1989 e, naqueles mesmos contextos, os repetiria novamente sem nenhum problema. Claro, decepcionei-me com alguns, talvez muitos, aspectos e fatos que envolvem a atividade política, mas não a ponto de cinicamente achar que não é fundamental interferir nela para que o mundo melhore.

Nunca fui e provavelmente nunca seja candidato a nada simplesmente porque desejo manter minha autenticidade, meu sagrado direito de não “ir com a cara” de alguém e, exatamente por isso, negar-lhe um cumprimento, minha liberdade para dizer o que penso sem a necessidade de “agradar” ou o medo de “perder votos” por não fazê-lo. Enfim, não desejo assumir um certo ar de esfinge que a sociedade acaba por impor a quem possui uma função pública, seja por convenções, seja por interesses.

Mudando de arena competitiva, sempre admirei Nelson Piquet pela sua autenticidade. Além de gênio nas pistas, ele sempre disse o que pensava sem a preocupação de aparentar um hipócrita “bom mocismo” que outros cultivavam – como um certo piloto famoso que costumava pedir a cabeça de jornalistas que o criticavam e que se dispôs a ganhar um campeonato abalroando seu principal adversário.

Piquet deu uma belíssima entrevista ao Fantástico, sem medo de assumir as responsabilidades que lhe cabem (e ao seu filho) nesse episódio da Renault. Não inocentou Nelsinho e criticou-lhe explicitamente ao dizer que jamais toparia o jogo sujo, embora tenha se comportado como pai tanto antes como depois da revelação dos fatos: fiel, protetor e, quando precisou, vingativo. Para mim, Piquet foi mais do nunca Piquet, um homem que não sabe o que é ficar em cima do muro.

No muro ficaram por muitos anos os tucanos. Mas isso é passado, pois desde o governo FHC eles desceram alegremente do lado direito da figurativa construção. Em nome de interesses dos poderosos do mundo, quebraram o Brasil, deixando-o de joelhos frente ao FMI. Venderam a troco de banana o que puderam, sendo que só não fizeram o mesmo com a Petrobras porque não deu tempo. E, o mais grave de tudo, abateram a auto-estima dos brasileiros corroborando as “teses” de quem nos acha incapazes.

Agora, às vésperas da eleição de 2010, através de um ato falho explicitaram sua verdadeira visão sobre o nosso país. Num encontro do PSDB no Rio Grande do Norte com a presença de José Serra e Aécio Neves, houve farta distribuição de um adesivo profundamente revelador da real alma tucana. No adesivo lê-se “PSDB a favor do Brazil”, assim, com “Z”, tal qual grafam os americanos ou como gostariam de fazê-lo as peruas que frequentam a Daslu. A tentativa de recolhê-lo teve a mesma eficiência do revisor que autorizou a impressão.

Ajudar a separar o joio do trigo em 2010, aliás, os brasileiros dos “brazileiros”, essa parece ser uma tarefa para gente de verdade, candidatos ou não. E, tal como na Fórmula 1, recém estamos indo da Q1 para a Q2.

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