Arquivo

Desconfie, sempre!A história dos 35 mil desempregados. E a das 20 mil famílias sem-teto em SM

Quem faz uma boa crítica da mídia nacional, embora nem sempre concorde com ele, é Carlos Brickmann, no sítio especializado Observatório da Imprensa, e que reproduzirei logo a seguir. Em Santa Maria, muito modestamente (e quase imperceptivelmente, se me entende), tenho tentado alguma coisa. Mas nada parecido com o que faz, com rara competência, a Silvana Dalmaso, como já destaquei aqui.

 

Em todo caso, e como descobri que jornalistas, radialistas e gente de comunicação em geral têm o hábito de dar uma chegadinha neste (nem sempre) humilde sítio, quero, antes do Brickmann, relatar dois fatos que me desgostaram muito, como receptor de informações. Em ambos, ninguém da mídia local se deu ao trabalho de ao menos raciocinar, sobre o que a fonte dizia. Antes, acreditou nela. E pronto.

 

Um, lembro bem, embora estivesse fora do mercado formal de comunicação, aconteceu lá por 1995. O então vereador Paulo Pimenta declarou, e virou manchete em jornal e rádios, que Santa Maria “tem (ou tinha) 20 mil famílias sem ter onde morar”. Hein???? Isso mesmo. E foi dito, repetido e nuuunca contestado. Geeeente!!! Ninguém fez uma conta simples, do tipo, 20 x 4 (tamanho de uma família média)? Ora, por essa aritmética nada complicada se chegaria ao número estratosférico de 80 mil pessoas. Todas no olho da rua. Convenhamos. É inverossímel. Mas virou verdade.

 

Outra, mais recente, se deu na campanha eleitoral passada. Com a devida falta de modéstia, só aqui neste (no momento) nada humilde sítio se questionou, ainda que sem dar o nome do candidato (era a tal lei eleitoral nos auto-censurando), a afirmação do agora prefeito Cezar Schirmer, dando conta que “há 35 mil desempregados” em Santa Maria. Pooor favor? De onde a assessoria dele, ou o próprio, tirou essa informação? Lembro inclusive de ter feito algumas contas (quem quiser conferir, basta clicar aqui) para provar a, até dados oficiais e indesmentíveis em contrário, absoluta inverossimilhança da “informação” largada ao léu e não contestada nem mesmo pelos opositores do então candidato.

 

Resumo da ópera: diz-se o que se quer, que provavelmente será publicado. Não deveria ser assim, penso, cá do meu canto. Mas acontece nas melhores famílias. Para não dizer em todas as famílias da mídia, grandona ou não. Só o que se consegue com isso tudo é reafirmar o dito popular: não acredite em tudo que você lê ou escuta. O papel e o microfone aceitam tudo. Lamentavelmente. Confira agora o exemplo recentíssimo dado pelo Carlos Brickmann, na seção “Circo da Notícia”, do Observatório da Imprensa. A seguir:

“…Bola de cristal voadora

Autoridade fazer bobagem, vá lá: estão sempre ocupadas, os assessores nem sempre são nomeados pelos méritos, essas coisas. Mas jornalista aceitar a bobagem sem questionamento é sério. A decisão de obrigar as empresas aéreas a avisar os atrasos duas horas antes do horário marcado para o voo equivale a obrigar o vendedor de ingressos do estádio a avisar ao torcedor, no momento da venda, que vai chover forte daí a algum tempo; ou obrigar a Bolsa a avisar aos investidores que daí a duas horas o mercado vai cair, ou vai subir.

Há atrasos previsíveis: um avião que saia de Paris fora de hora, ou que tenha de fazer uma escala imprevista, permite à empresa saber (e avisar aos clientes) quanto tempo terão de esperar. Mas imagine um voo Porto Alegre-Rio, ou Belo Horizonte-São Paulo: o tempo fecha no aeroporto de origem e o avião não pode decolar. Como avisar os clientes com duas horas de antecedência, se falta apenas uma hora para a partida? Imagine que um avião tenha tido algum problema no pouso e seja preciso revisar algum de seus sistemas. Como avisar o passageiro com duas horas de antecedência se ele já está pronto para embarcar?

Qualquer repórter que cubra aviação conhece esses problemas. Por que deixar passar a notícia sem analisá-la, como se a questão do atraso fosse apenas um problema de boa vontade das empresas aéreas?…”

PARA LER A ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI.

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui, se desejar, também outras reportagens, artigos e análises publicados pelo sítio especializado Observatório da Imprensa.

 

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo