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Lembranças orientais – por Bianca Zasso

bianca 2O ano se encaminha para final e chega a hora do balanço cinéfilo: os filmes vistos, revistos, as descobertas, os festivais, os desastres e, infelizmente, as perdas. Na semana passada a família da atriz japonesa Setsuko Hara tornou pública a informação de seu falecimento, ocorrido no início de setembro.

Um dos rostos mais lembrados quando se fala em produções nipônicas, Hara trabalhou com nomes como Akira Kurosawa e Mikio Naruse, além de ser o símbolo da moça perfeita nos chamados filmes de família dirigidos por Yasujiro Ozu. Seu talento como atriz vinha acompanhado de um sorriso cativante e uma delicadeza única nos gestos e na fala. Como esquecer suas atuações em Pai e Filha e Não lamento minha juventude? Sua naturalidade era tanta que ficava difícil saber onde estava a personagem e onde se escondia Setsuko. Vê-la partir nos deixa pensativos sobre a sua falta de herdeiros, nos mais variados sentidos. Além de não ter tido filhos, não avistamos nenhuma atriz que apresente a feminilidade e a sutileza da senhorita Hara.

Por mais que a lista de divas tenha garotas bem mais exuberantes e sedutoras, ela merece o seu lugar por representar a doçura feminina, no melhor sentido do adjetivo. Suas interpretações não tinham nada de bobas. É preciso muita força, mesmo no carinho, para se levar adiante planos que rompem com as regras da sociedade.

bianca1Vamos sair do Japão e dar um pulinho logo ali, em Hong-Kong. No último dia 27, o astro Bruce Lee teria completado 75 anos. Um festival que movimentou as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Natal, Florianópolis, Brasília, Salvador, João Pessoa, Manaus, Curitiba e Porto Alegre nos últimos dias exibiu cópias nunca vistas no país e com áudio original. Bem diferente daquelas sessões dubladas em inglês que infestaram a TV nas décadas de 70 e 80.

Uma oportunidade e tanto para desfrutar do talento do mestre em alta definição. A geração que conhece Lee apenas como um ótimo lutador de kung-fu que fez filmes também precisa se ligar nessa onda e aprender que não era apenas porrada o objetivo do americano de raízes chinesas. Aos desavisados, Bruce Lee era graduado em filosofia e amante de literatura. Pontapés e socos sem conteúdo não era com ele.

Talvez por isso, mesmo tendo deixado esse mundo cedo demais, ele ainda é referência não só para nomes do cinema como Jackie Chan ou Stephen Chow, mas também para admiradores da arte do kung-fu, mesmo os sedentários, que é o meu caso. Que esse seja apenas o primeiro de muitos encontros para se discutir Bruce Lee e sua obra e ir além do macacão amarelo que inspirou Tarantino.

Perder uma atriz e louvar um mestre. 2015 ainda nem acabou e já teve suas surpresas. A melancolia que toma conta desta que vos escreve nesse período de “boas festas” pode invadir os textos das próximas semanas. Podem reclamar, eu escutarei com atenção. Ou deixe pra lá e vá criar lindas lembranças assistindo os clássicos japoneses.

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