Mau humor e nada de nada – por Daiani Ferrari
Se tem uma coisa que me irrita profundamente é o mau humor. Não o meu mau humor, porque raramente me encontro assim, salvo as ocasiões em que a fome me corrói e o sono me invade. Sabe aquelas pessoas que já acordam mal humoradas? Credo, nem dá vontade de ficar perto. Minha irmã acorda e só pela posição da pálpebra já sabemos se é possível dar bom dia. E se for um dia daqueles… sai de perto!
Na televisão tenho gostado de ver alguns personagens mau humorados, com o Dr. House e a Dra. Miranda, do Grey’s Anatomy. Sim, adoro seriados médicos, me divirto com essas pessoas e seu azedume. E quem não lembra da Esquadrilha Abutre e o Muttley? Um cachorro feio e rabugento que tinha uma risada sensacional e, juro, deve ter sido a inspiração para o riso de um antigo chefe meu. Não ríamos do que ele falava ou fazia, mas da sua risada.
Já li sobre o mau humor ser crônico e acredito que em algumas pessoas é mesmo. Mas ninguém está livre de ficar mal humorado um dia ou outro, não é? Só para exemplificar, um fato muito engraçado ocorrido com um amigo que, aposto, o deixou de mau humor…
Ele é um guri novo, um guri bom, que nunca havia estado em locais, digamos, de permissividade, de tolerância, se é que me entendem. Lá foi ele, na ânsia de ver como funcionavam estes ambientes e se deparou com música, moçoilas à vontade, bebidas talvez um pouco mais caras que o normal e um mundo de fantasias. Pobre guri! Faceiro e inocente.
“Pobre, agora”, foram suas palavras depois do acontecido. Ele sonhou com uma noitada de prazeres e emoções novas, mas nada aconteceu. Segundo o próprio, nada além de muitas bebidinhas e blá blá. Nada de nada. E, para o dito cujo, aquela noite não foi tudo que os amigos contavam. Nada do que geralmente ouvia. Pobre guri! Triste e desiludido.
Fim da noite, muitos reais, mas muitos mesmo, foram gastos (tanto, que poderia ser um grande prejuízo no meu orçamento mensal, se fosse o caso) e nada! Niente além de um leve afago na testa.
No outro dia acordou bem, com um leve remorso, mas nada que comprometesse seu bom humor e capacidade de rir da vida. Vão-se os anéis e ficam os dedos, era seu pensamento mais recorrente, enquanto já esperava ansioso pelo próximo salário. Ele ficou aborrecido, mas hoje, duas semanas depois, riu do acontecido.
Se aqui estivesse, House, com seu mau humor e sarcasmo, o consolaria dizendo “se sou feliz com minha infelicidade, como eu poderia ser infeliz?”.
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