Não há dúvida alguma: do ponto de vista político, a queda do muro de Berlim e o conseqüente fim daquilo que se chamava “cortina de ferro”foi um dos dois ou três, provavelmente o primeiro, mais importante fato político da segunda metade do século passado. A “perestroica” liderada por Mikhail Gorbachov na antiga União Soviética acabou precipitando o fim do “comunismo” no leste europeu. E a queda do muro o símbolo.
Pois, o ato está completando nesta segunda-feira exatos 20 anos. E é tempo de reflexões. Afinal, o que aconteceu a partir de então, nos países da cortina que se foi? São muitas as análises, os diagnósticos e até as terapias. Mas, e hoje, como tudo se encontra, na medida em que, e isso é aparentemente consensual, problemas teimam em aparecer?
Várias são as reportagens e textos publicados na mídia tradicional nos últimos dias. E outros estão sendo postos ao receptor de informações neste primeiro dia da semana. Você os encontrará em quantidade suficiente inclusive para se confundir, se quiser. Aqui, uma contribuição: o texto de abertura de uma série de reportagens distribuída pela Agência Brasil. O material é assinado por Lísia Gusmão e Renata Giraldi. Confira:
“Após 20 anos da queda do Muro de Berlim, antigos países socialistas ainda se adaptam ao capitalismo
Quando o Muro de Berlim caiu em 9 de novembro de 1989, o socialismo já não tinha qualquer apelo entre os jovens dos países do Leste Europeu. O desenvolvimento tecnológico e o estilo de vida de consumo do Ocidente exerciam forte influência sobre os “filhos do Muro” – uma geração de jovens nascidos depois de 1961.
“O poder do consumo é muito forte. Não adianta tentar sensibilizar o jovem dizendo que a pobreza havia sido erradicada, todos seriam alfabetizados, não havia mendicância e idosos abandonados. Esse discurso não sensibiliza quem já nasce com isso”, diz Virgílio Arraes, professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB).
A partir da queda do muro, cada uma das economias planejadas do bloco socialista abraçou o modelo capitalista sob forma de democracias neoliberais. Este fenômeno se espalhou pelo Leste Europeu a partir de 1989 resultando na completa desintegração da União Soviética dois anos depois. Foi o caminho contrário da China, que manteve o regime político fechado e adotou uma política econômica agressiva no plano internacional.
O Leste Europeu foi uma das regiões que mais sofreu os impactos da crise internacional de 2008. Nessa semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou que a economia russa deve ter uma queda de 7,5% neste ano, um número bem pior que a média mundial (-1,1%), Estados Unidos (-2,7%) e Brasil (-0,7%). O que mais afeta a região é a dependência de dinheiro no mercado internacional.
Arraes nota que os ex-socialistas acreditaram no canto da sereia do mercado: “O Ocidente apresentou uma proposta miraculosa. Se houvesse adesão irrestrita às normas do mercado, com privatizações e redução do papel do Estado, as economias voltariam a crescer rapidamente”…”
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SUGESTÃO ADICIONAL – confira aqui, se desejar, também outras reportagens produzidas e distribuídas pela Agência Brasil.
A antiga Europa comunista (Alemanha Oriental, Polônia, Hungria, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Romênia e Bulgária, sem contar as inúmeras ex-Repúblicas soviéticas que se libertaram deste verdadeiro atentado a LIBERDADE) fará uma Grande Festa para COMEMORAR este acontecimento. Estive em 2005 na Hungria, e lá as pessoas não querem nem mesmo mais lembrar desta palavra: “Socialismo”; pois para elas (e muitos de seus parentes, amigos e conhecidos) este vocábulo significou FOME, RECESSÃO, TORTURA, PERSEGUIÇÃO, ÓDIO, PRECONCEITO e MISÉRIA!
Coincidentemente na noite deste domingo, sintonizando por acaso na TV5 (França), acompanhei uma grande reportagem sobre os 20 anos da queda do Muro de Berlim. Mas, eles foram além. Mostraram outros muros que existem no mundo, reais, como é o caso do que separa a fronteira Estados Unidos/México; o que estão construindo para separar israelenses e palestinos; o mudo separando classe média dos favelados no Rio. O tratamento dado ao tema foi de bastante profundidade. Não vi até agora nada parecido em TVs ou veículos da imprensa tupiniquim. (NOTA DO EDITOR: nem verá, Fritz. Não interessa mostrar os nossos muros. Mais conveniente é noticiar o “dos outros”)