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Veja degradada. De como a “revista” inventou um absurdo, em relação às FARCs

Já está disponível o 21º artigo-reportagem da série escrita por Luis Nassif, em que ele mostra como Veja, a maior revista do país se transformou em qualquer coisa parecida com lixo editorial. Com manipulação das informações (quando não a própria invenção), para atender a interesses que não o do leitor. Quem sabe dos seus dirigentes, ou da própria empresa que a edita.

 

Neste último texto, Nassif  escreve sobre uma “denúncia” de que as FARCs (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas” haviam injentado uma frota de caminhões cheinhos de dinheiro (como se eles fossem miliardários) para financiar campanhas de petistas. A “reportagem” foi em 2005, e não atentou minimamente a fatos, procurando apenas o que interessava ao quarteto (leia quem o compõem, lá embaixo) que comanda a revista. Atenção: não se está aqui a fazer juízo de mérito. É evidente que o PT, ou parte dele, não é antipático às FARCs. E até, desde que com fatos efetivos e comprovados, se pode admitir a possibilidade (o que não significa fazer uma reportagem) do contrário. Isto é, petistas ajudando os colombianos; jamais o contrário. Mas, enfim, no vale tudo é isso mesmo: vale tudo. Inclusive fazer qualquer coisa, menos jornalismo.

 

Acompanhe, a seguir, o artigo de Nassif que, com os demais já escritos e os ainda a ser publicados, devem se transformar em livro, segundo o próprio interesse do autor. Acompanhe:

 

 

“O caso FARCs

Na edição de 16 de março de 2005, Veja cometeria mais um de seus malabarismos editoriais, com a matéria “Tentáculos das FARC no Brasil”

Foi matéria de capa. A ilustração era uma metralhadora e o texto incriminador: 

“Espiões da ABIN gravaram representantes da narcoguerrilha colombiana anunciando doação de 5 milhões de dólares para candidatos petistas na campanha de 2002”

Depois, outro texto: 

“PT: militantes serão expulsos se pegaram  dinheiro das Farc”.

Havia um excesso de textos na capa, ferindo princípios básicos de clareza editorial. A revista estava em plena campanha, na sucessão de capas sobre Lula. E pouco se lhe interessava saber da consistência ou não das matérias. Nas páginas internas, ficaria mais claro o estilo Veja de criar matérias através da manipulação de ênfases. 

Jogam-se acusações enfáticas. Depois, algumas ressalvas para servir de blindagem contra ações judiciais, seguidas de novas acusações taxativas. 

O que se tinha, objetivamente, era um informe da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), na qual um agente infiltrado relatava um encontro em uma chácara, com um padre supostamente ligado às FARCs. O padre era conhecido como um mitômano, há muito tempo afastado do contato com as FARCs.

No encontro, teria mencionado o suposto financiamento à campanha do PT. Não havia nenhuma indicação a mais sobre isso. Na ABIN, não se levou a sério o informe.

Para sustentar a matéria, Veja  assegurava que o informe tinha recebido tratamento relevante da ABIN e que havia documentos comprovando as doações. Não aceitou a palavra oficial da ABIN, de que nunca levou a sério o informe.

Esses documentos, comprovando as supostas doações, nunca apareceram, o caso morreu de morte morrida. E o fecho se deu este ano, com a curiosa explicação  do diretor de redação Eurípedes Alcântara para o papel de Veja no episódio.

Mas, antes disso, acompanhe o desenrolar dessas matérias.

O ping pong das acusações 

Nas páginas internas, a chamada era forte.

Nas páginas internas, a chamada era forte…”

 

EM TEMPO: o caso Veja, tratado desde o final de janeiro com grande talento, e muita informação, por Nassif já provocou ao menos uma reação da Editora Abril, que resolveu processar o jornalista. E também o chamado núcleo de comando da redação, Eurípedes Alcântara, Mário Sabino e Lauro Jardim. Em contrapartida, se expande na internet uma grande rede em torno do jornalista. São pelo menos 800 sítios (inclusive este, nem tão modesto) reproduzindo o trabalho. E mais: se você clicar ‘veja’ no Google, por exemplo, encontrará com destaque, logo no comecinho, a série de artigos-reportagens de Nassif. Portanto, há uma clara adesão à leitura por parte dos internautas. Assim, de um lado, solidariedade ao excelente trabalho de Nassif. De outro, novos fatos. E, sobretudo, a disseminação do trabalho, algo que, modestamente, também estou fazendo por aqui.

 

 

EM TEMPO (2): é incrível que, embora fato da maior relevância, a mídia grandona (e a que se acha) está simplesmente ignorando o assunto, por mais rumoroso que é. Faz sentido, não?

 

 

SUGESTÃO DE LEITURA – Não deixe de conferir aqui a íntegra do texto “O caso FARCs”. No mesmo endereço você encontra todos os outros 20 capítulos já escritos por Luis Nassif, e que correspondem (com os que ainda virão) num verdadeiro inventário de uma revista que já foi a de maior credibilidade do país e hoje é um simulacro, para dizer o mínimo.

 

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