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O Criadouro São Braz – por Rogério Koff

Visitei esta semana o Criadouro Conservacionista São Braz, aqui mesmo em Santa Maria, e tive a feliz oportunidade de conferir um maravilhoso trabalho. Trata-se de um dos primeiros criadouros no Estado do Rio Grande do Sul, com cerca de setenta recintos adaptados para abrigarem quase quinhentos animais de diferentes espécies. A maior parte delas vem de apreensões do IBAMA, sejam animais silvestres ilegalmente criados em cativeiro ou mesmo espécies selvagens retiradas de seu ambiente natural, e cruelmente confinadas a jaulas de circos. Neste sentido, falamos não apenas de aves, répteis, anfíbios e mamíferos em geral, mas também de leões, tigres e ursos.

Alguns revelam a dimensão trágica de sua escravização passada e apresentam atrofias em seus membros, pela falta de espaços adequados para seu desenvolvimento. No limite dos maus tratos, há leões com garras arrancadas ou mesmo dentes serrados. Nenhuma destas espécies teria chances de sobrevivência caso fossem devolvidas aos seus ambientes de origem, mas encontraram um lar no criadouro.

Santos de Jesus Braz da Silva, ambientalista e defensor da preservação da fauna brasileira, é mentor deste belo projeto, proprietário e diretor do local. Ele mora lá mesmo, em uma área de cerca de vinte e seis hectares no Passo da Ferreira, Boca do Monte, e toda sua vida se resume aos cuidados com seus “hóspedes”. Quando telefonei e manifestei meu desejo de “apadrinhar” um animal, de acordo com a proposta de voluntariado que sustenta o criadouro, fui orientado a marcar um horário para visitação. No dia, fomos gentilmente recebidos, mas antes alertados de que o local não era um zoológico. Não se trata, portanto, de um espaço para diversão ou passeios descompromissados no final de semana. A área é de preservação ambiental e foi pensada única e exclusivamente para o bem estar dos animais abrigados. São permitidas visitas guiadas e destinadas a crianças de escolas de Santa Maria e região, que recebem amplas informações sobre a necessidade de preservação da fauna e do meio ambiente. Na perspectiva de formação de novos cidadãos com uma consciência diferenciada, o Criadouro é potencialmente um espaço de educação para o futuro, despertando a atenção para reciclagem de lixo e tratamento adequado de resíduos.

Sem receber ajuda governamental, o projeto é sustentado por empresas e pessoas físicas. Tive a grande satisfação de me tornar parceiro ao “adotar” um casal de bugios marrons. Voltarei lá todos os meses para pagar minha mensalidade, com a sensação de dever cumprido. É um pouquinho do que se pode fazer para tentar corrigir as imensas contradições de um progresso descontrolado, que coloca em risco de extinção grande parte da fauna brasileira e que, em médio prazo, poderá também liquidar com o futuro de nossa própria espécie.

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