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Nunca mais – por Luciano Ribas

Coube-me a tarefa de escrever no mais acessado site de Santa Maria nesse 1º de abril de 2010, dia do lamentável aniversário do criminoso golpe de 1964.

Não, não estou enganado. Diferentemente do que mandaram colocar nos livros oficiais, não foi no dia 31 de março que a besta-fera do obscurantismo saiu da toca para mergulhar o Brasil no seu segundo período de ditadura no século XX. A primeira, comandada por Getúlio Vargas, já havia matado e torturado, mas não igualou-se aos requintes da que foi parida no dia da mentira.

Triste dia, aliás, onde o que havia de pior na caserna se uniu ao corvo Lacerda, à grande imprensa conservadora (Zero Hora, por exemplo, numa de suas primeiras edições proclamou que se manteria “numa linha de defesa dos princípios cristãos e de apoio a todos os que, sem medir esforços ou sacrifícios, lutam para impedir a implantação em nosso país de ideologias contrárias às nossas tradições democráticas”) e aos setores mais reacionárias da igreja, sem falar dos nefastos serviços secretos americanos, estes os verdadeiros comandantes da corja golpista.

Mas todos eles se foram, alguns destruídos pela própria máquina de desumanidades que ajudaram a criar, como foi o caso de Carlos Lacerda. Outros morreram de pijama, ignorados pelo povo que julgavam inferior aos cavalos.

Isso, porém, não significa que possamos esquecê-los, nem o que fizeram. Há uma memória escondida nesse país que precisa ser reavivada, tanto quanto precisam ver a luz do sol os ossos daqueles que foram assassinados pelos agentes dos ditadores.

Todos regimes autoritários são odiosos. Todos, repito, pois não há ideologia que justifique o assassínio da democracia. “Fidel e Pinochet”, como diz a letra do Engenheiros, podem até se diferenciar nos números, mas se igualam na desumanidade dos seus atos. Ou seja, fora da imperfeição democrática não há um caminho capaz de levar uma nação ao desenvolvimento com respeito à liberdade de todos os indivíduos.

As mentiras e os delírios que justificaram o golpe certamente foram revividas por suas viúvas ontem. Algumas, com grosseiro espalhafato, outras com mal disfarçada vergonha. Há, até, aquelas que simplesmente esqueceram os aplausos estampados em primeiras páginas e editoriais, mesmo que muitos deles tenham sido parcialmente revividos nas tentativas de desestabilizar o governo do presidente Lula.

Mas, como ensina o ditado, quem leva o tapa tem muito mais dificuldades para esquecer. Lembrar e contar aos que não viveram ou não sabem da crueldade daqueles dias, porém, não é revanchismo, mas prevenção, pois a doença da ditadura não queremos nunca mais entre nós.

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