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Petismo. Congresso expõe, no voto, força de cada corrente interna do PT na boca do monte

Se prenuncia um grande confronto de tendências internas do Partido dos Trabalhadores, no terceiro Congresso da agremiação, que acontece entre 30 de agosto e 2 de setembro, em Brasília. Até lá, a discussão acontece em nível municipal e estadual, com a eleição dos delegados com direito a voto, na instância máxima nacional.

 

Por conta disso, nos dois últimos finais de semana houve encontros municipais em várias comunidades gaúchas. Em apenas três delas atingiu-se o quorum mínimo para eleger delegados ao Congresso Nacional: Porto Alegre, Canoas e Santa Maria.

 

No caso da boca do monte, o congresso aconteceu nestes sábado e domingo, na Câmara de Vereadores. E, pelo que pude apurar, com inusitada (e significativa) participação. Nada menos que 516 filiados se credenciaram para participar e votar na escolha de delegados.

 

Apesar do número expressivo, somente um delegado foi eleito para participar do congresso na capital federal. Ele será o coordenador regional da sigla, Fernando Menezes, que é da corrente Movimento PT. Sozinha, não teria condições de eleger ninguém. Mas se aliou, ou foi apoiada, pelo grupo do deputado estadual Fabiano Pereira e, também, pelos vereadores Jorge Trindade, Luiz Carlos Fort e Loreni Maciel. Ao final, esse agrupamento conquistou 201 votos.

 

O total foi mais que suficiente para derrotar as outras candidaturas: Elen Cabral (158 votos), do PT Amplo (com o respaldo de Paulo Pimenta); Jaime Rosalino (68 votos), da tendência Força Cidadã (do prefeito Valdeci Oliveira) e Igor Bearzi (23), da corrente Articulação de Esquerda.

 

Também foram eleitos os delegados ao congresso estadual do PT, que acontece em agosto. E, aí, as alianças se modificaram. Ou se reduziram. O grupo vitorioso para o Congresso Nacional teve o acréscimo do PT Amplo e, todos, elegeram nove delegados. A Força Cidadã ficou com três e a Articulação de Esquerda, um.

 

OPINIÃO CLAUDEMIRIANA: que o PT é um partido dividido, aqui e em qualquer lugar do Brasil, todo mundo já sabe. Como também reconhece, e isso é admitido até por seus adversários, que na hora em que termina a briga, os perdedores apóiam os vencedores. Até, claro, a próxima contenda.

 

Dito isto, o evento deste final de semana dá bem a medida da força de cada corrente interna em Santa Maria. E ajuda a entender o processo de escolha, por exemplo, do candidato a prefeito. Que tende a ser, mesmo, o deputado federal Paulo Pimenta.

 

A corrente dele, a PT Amplo, é individualmente a maior da cidade. Os 158 votos obtidos concorrendo sozinha para eleger (sem sucesso) o delegado ao congresso nacional é o indicativo. E o grupo que tornou Fernando Menezes o delegado é forte, desde que unido. Mas, ainda assim, não é a maioria do partido. Quem tem a maior força, e por isso Pimenta deve ser o candidato (que será apoiado por todos, aparentemente), é o PT Amplo somado com a Força Cidadã, de Valdeci. Por escassa margem, mas suficiente para impor um candidato.

 

É o que se pode depreender dos números. E estou aberto, como sempre, a contestações. Ah, e também deu para perceber que, se Paulo Pimenta (e o PT Amplo) decidir apoiar, hipoteticamente, Werner Rempel, também venceria. Mas isso poderia, quem sabe, destroçar o partido. E isso já não é opinião, mas palpite. E só.

 

ATUALIZAÇÃO (pouco depois das 4 da tarde desta segunda, 2 de julho):

1) A corrente PT Amplo não concorreu “sozinha”, na eleição do delegado ao Congresso Nacional. Teve o apoio (pequeno, mas existente) de correntes como a Democracia Socialista, do deputado Raul Pont.

2) Ao contrário do que sugere a minha avaliação, o Movimento PT elegeria sozinho, sim, delegado ao Congresso Estadual. Abriu mão dessa possibilidade, para fazer um acordo que permitiria (como aconteceu) a eleição de Fernando Menezes para o Congresso Nacional.

3) Com certeza, haveria outras avaliações – tamanha a quantidade de correspondências que recebi, acerca do encontro petista. Algumas delas, por certo, relevantes – e que serão utilizadas em análises posteriores, que com certeza ainda serão feitas.

 

NOVA (E ÚLTIMA) ATUALIZAÇÃO (feita pouco depois das 9 e meia da noite desta segunda, 2 de julho) – Diferente do que publiquei lá em cima, Jaime Rosalino fez 108 votos. E ele não é da Força Cidadã (de Valdeci Oliveira). Apenas contou com o apoio dela, da corrente Unidade na Luta e do grupo ligado ao vice-prefeito Werner Rempel.

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