Educação universitária e Universidades – por Jorge Luiz da Cunha
Neste nosso primeiro encontro, quero cumprimentar os leitores desta página, especialmente ao jornalista Claudemir Pereira, o “dono do pedaço”! Espero não frustrar a expectativa do convite que me foi feito. Aprendi como uma professora de português do ginásio, ainda no começo da década de 1970, que importante na vida é seguir a gramática do pensar, dizer e fazer preferencialmente “com”, ao invés de “sobre” ou “para”.
Entendi o significado desta lição somente muito tempo mais tarde. Nesta minha contribuição semanal prometo que vou tentar lembrar sempre da gramática da minha professora. A intenção é provocar, discutir e refletir com outros, vocês os leitores e (espero!) interlocutores. Como não poderia deixar de fazer, vou começar falando sobre o assunto que me impregna até os ossos, com o qual me ocupo mais do que profissão. E que me perdoem meus amores, mas eu confesso que pela educação como possibilidade sou profundamente apaixonado.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 205, estabelece que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Sempre considerei que a Constituição Federal, especialmente a que continua em vigor e que chamamos de Constituição Cidadã, pelo modo zeloso com que nossos representantes a fizeram para garantir nossos direitos fundamentais, é uma espécie de
promessa que nós brasileiros fizemos a nós mesmos e para as gerações que virão.
Sem dúvida, são grandes e bem intencionadas as promessas que fizemos. Neste sentido, há muito que realizar, especialmente no campo da educação básica, mas também pela educação universitária. Não há dúvida que “nunca antes na história deste país” houve tantos e tão
expressivos investimentos na educação superior. Nossa Universidade Federal de Santa Maria é um exemplo próximo deste fato. Nos últimos cinco anos a Universidade Federal de Santa Maria, a UFSM, praticamente dobrou de tamanho no que diz respeito à oferta de cursos de educação profissional (ensino médio e pós-médio), de graduação nas modalidades presencial e a distância, e de pós-graduação.
A produção científica qualificada ganhou projeção e reconhecimento internacional. A extensão consolida o papel social da universidade junto das comunidades da região e faz a UFSM presente em vários Estados brasileiros. As condições estão postas para consolidar a UFSM como uma das maiores e mais importantes universidades brasileiras. A luta por qualidade e pela continuidade dos investimentos necessários para garanti-la precisa ultrapassar os limites institucionais.
A universidade pública federal em Santa Maria e em mais três cidades em que consolida seus novos Campi presenciais, Frederico Westphalen, Palmeira das Missões e Silveira Martins, é o resultado histórico da participação de todos, estudantes, técnico-administrativos em educação, docentes e, principalmente, das mulheres e homens que com seu trabalho cotidiano fora da universidade a sustentam. No campo das políticas educacionais há novidades no horizonte, no que diz respeito ao ensino universitário. O Conselho Nacional de Educação – CNE deve discutir nesta semana a aprovação de uma resolução que pretende rever os critérios até agora adotados pelo Ministério da Educação para que uma Instituição de Ensino Superior seja considerada Universidade.
Se o texto for aprovado é possível que quarenta por cento das universidades públicas brasileiras sejam rebaixadas, isto é, percam o status de universidades. Este percentual é ainda maior entre as instituições privadas. Diante deste horizonte a UFSM está consolidada como Instituição Universitária. Analisando-se os critérios arrolados na proposta de resolução do CNE, a UFSM já pode ser considerada um centro de excelência. Um motivo de orgulho!
Jorge Luiz da Cunha é Professor Titular da UFSM. Doutor em História Medieval e Moderna pela Universidade de Hamburgo, na Alemanha. Um cidadão de Santa Maria desde 1996.
É impressionante o canteiro de obras que está a UFSM! Além delas,as obras físicas, ocorre uma grande expansão de cursos, novas unidades, laboratórios, etc. dão mostra, junto com a incrível expansão do ensino técnico e tecnológico, de uma grande revolução neste campo da ensino brasileiro…Hoje grande parte dos professores são doutores ou mais, ao contrário de quando me formei há 20 anos. Os salários tiveram sensível melhoria em todos níveis. O tempo mostrará o acerto destas decisões do Governo Lula, ministros Tarso e Haddad; Jorge Cunha e o reitor Clóvis Lima foram ágeis e competentes para inserir a UFSM de forma altaneira nesta grande retomada do ensino técnico e superior no Brasil!!! PARABÉNS!
“Não há dúvida que “nunca antes na história deste país” houve tantos e tão
expressivos investimentos na educação superior. Nossa Universidade Federal de Santa Maria é um exemplo próximo deste fato. Nos últimos cinco anos a Universidade Federal de Santa Maria, a UFSM, praticamente dobrou de tamanho no que diz respeito à oferta de cursos de educação profissional (ensino médio e pós-médio), de graduação nas modalidades presencial e a distância, e de pós-graduação.
A universidade pública federal em Santa Maria e em mais três cidades em que consolida seus novos Campi presenciais, Frederico Westphalen, Palmeira das Missões e Silveira Martins, é o resultado histórico da participação de todos, estudantes, técnico-administrativos em educação, docentes e, principalmente, das mulheres e homens que com seu trabalho cotidiano fora da universidade a sustentam.”
Destaquei o trecho acima para exemplificar como engrandece o debate a apresentação de informações amplas, de constatações sem ranços de qualquer natureza. Respeito as manifestações corporativas das categorias profissionais que compõe a universidade, mas não tenho respeito algum quando uma determinada categoria tenta fazer de suas posições verdade absoluta. Talvez, algumas vezes, falte a consciência que enxerguei nas palavras do Profº Jorge Cunha de que a Universidade é fruto do trabalho de suas categorias profissionais e estudantes, mas principalmente, como bem escreveu o professor, “… das mulheres e homens que com o seu trabalho cotidiano fora da universidade a sustentam.”.