A reitoria da UFSM propunha uma mudança no vestibular da instituição. Queria a, simplificadamente falando, modalidade seriada e única. O DCE se contrapôs, a apresentou sua própria idéia: em duas etapas, uma com base no Enem (50%), outra com cinco questões dissertativas(50%).
Isso e mais um pouco discutiu-se nesta quinta-feira, no âmbito do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), instância indicada para tratar do assunto. O resultado, como publiquei no meio da tarde, indicou a aprovação do que pretendia a reitoria.
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Mas não foi nada simples, por certo. Os detalhes da reunião foram captados na reportagem (texto e foto) de Fritz Nunes, da assessoria de imprensa da Seção Sindical dos Docentes da UFSM. É o que você lerá a seguir, chamando a atenção para a parte final, em que o profissional se refere especificamente às dificuldades para a cobertura da imprensa. Acompanhe:
“Voto de minerva garante aprovação da proposta de ingresso da reitoria
Após algumas horas de discussão, foi aprovada por volta do meio-dia desta quinta, 1, a proposta que altera o ingresso na UFSM, substituindo o PEIES e o vestibular por uma “modalidade seriada e única”. Venceu a proposta apresentada pela Reitoria, mas numa disputa apertadíssima. De 38 membros do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), 19 votaram foram favoráveis e 19 foram contrários. Conforme o regimento do Conselho, nestes casos, cabe ao reitor decidir. O professor Felipe Müller deu o voto de minerva em favor da proposta da Administração.
A ordem do dia na reunião do CEPE previa a discussão tanto do projeto da reitoria, que tinha um “pedido de vistas” por parte do DCE, como também do projeto encaminhado pelo DCE às comissões do CEPE (Legislação e Normas e de Ensino, Pesquisa e Extensão). No caso da proposta estudantil, as comissões responsáveis elaboraram parecer sugerindo que houvesse mais debate, inclusive com discussões com a comunidade através de audiências públicas. Esse parecer foi aprovado, inviabilizando a votação da proposta na reunião desta quinta.
No que se refere à proposta da reitoria, o segmento dos alunos integrantes do CEPE, através de José Luis Zasso, leu o parecer do “pedido de vistas”, contrário à aprovação. Por sua vez, a direção do CEPE resgatou o parecer das duas comissões do Conselho que eram favoráveis à aprovação. Para defender o “indeferimento” da proposta, Zasso argumentou que havia “ausência de dados que sustentem ou justifiquem a mudança”. Um exemplo dos dados inexistentes, conforme o parecer, refere-se ao fato de que nas comissões de Legislação e Normas e também de Ensino, Pesquisa e Extensão, havia sido solicitado um estudo sócio-econômico dos alunos beneficiados pelo atual Programa de Ingresso (PEIES). Entretanto, conforme Zasso, essa solicitação “jamais foi atendida”.
O parecer do estudante também critica a “maneira como o processo foi conduzido dentro e fora deste Conselho (CEPE)”. Levantou dúvidas sobre o aspecto de “legalidade da proposta no que tange ao princípio da isonomia”. Zasso finalizou o parecer com uma sugestão para que fosse criada uma “comissão especial para a elaboração de seminários com a intenção de discutir democraticamente, com o conjunto da sociedade civil organizada, a melhor forma de ingresso à graduação da UFSM”.
DIVIDIDOS– Antes da votação propriamente dita, as manifestações dos conselheiros demonstravam que havia uma divisão quanto à aprovação da proposta encaminhada pela reitoria, elaborada pela pró-reitoria de Graduação. O professor do departamento de Eletrônica e Computação, José Renes Pinheiro, afirmou que é inegável que o sistema seriado de ingresso privilegia quem faz o ensino médio. Também manifestou dúvidas quanto aos aspectos legais da proposta.
A professora Andrea Forgiarini Cechin se manifestou dizendo que no Centro de Educação haviam feito uma reunião e a posição não era a favor ou contra qualquer uma das propostas. O encaminhamento da discussão naquele Centro foi pela defesa da manutenção do atual processo de ingresso na UFSM e abertura de discussões sobre uma nova proposta, no segundo semestre, mas para implementação somente em 2011.
O relator do processo da reitoria, professor José Mário Doley Soares, afirmou que os debates sobre a proposta ocorreram publicamente e que ela foi melhorada ao longo do tempo. Disse também que não observou qualquer contrariedade da comunidade regional em relação à proposta. Argumentação semelhante foi feita pelo reitor, professor Felipe Müller. Segundo ele, a Procuradoria Jurídica Federal foi consultada e sugeriu melhorias no projeto, que foram efetuadas.
Orlando Fonseca, pró-reitor de Graduação, por sua vez, defendeu o processo seriado de seleção. Segundo ele, esse modelo já foi implementado em 25 instituições do país e encontra-se em estágio “crescente”. As procuradorias jurídicas das instituições que implementaram modalidades seriadas também foram consultadas, complementou Fonseca…”
“…Imprensa com trabalho limitado
Merece citação ainda a dificuldade que a imprensa teve em acompanhar a discussão e a votação de proposta tão polêmica e que atraiu as atenções de toda a comunidade. Cinegrafistas e fotógrafos só puderam fazer imagens antes de iniciar a sessão. Ao longo dos debates, quem tentasse, mesmo do lado de fora da sala dos conselhos, fazer qualquer imagem ou tirar foto era imediatamente repreendido por assessores do reitor. A alegação do dirigente da UFSM é que precisa respeitar normas legais, que impediriam a presença da imprensa. Entretanto, é voz corrente que já houve tempos em que ao menos a imprensa oficial da universidade acompanhava todas as discussões do CEPE de dentro do recinto e não na sala ao lado ou mesmo espiando pela porta.”
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Uma administração é a cara de seu dirigente máximo.
A UFSM não foge à regra. Essa é a estatura política do reitor.
Uma manifestação pessoal e de quem acompanhou, até pela posição de relator de vistas, o processo muito de perto.
Vale ressaltar aqui que de fato ainda não ficou muito claro os motivos da mudança. Mesmo a “racionalização dos processos”, como afirma a reitoria, poderia ter sido feita de outra maneira, que não incidisse de forma tão perversa no Ensino Médio (e toda a produção acadêmica produzida em relação a isso dentro da UFSM foi ignorada!) e que fosse um sistema sem dúvidas no aspecto legal ou, no mínimo, justo. Acredito que a novela não terminou aqui, talvez tenhamos alguns próximos capítulos…
Também parabenizar o texto do Fritz, muito fiel ao que aconteceu hoje dentro da Sala dos Conselhos, infelizmente sem autorização de imagens e áudios. O tratamento dispensado aos profissionais de imprensa não difere muito da maneira anti-democrática, atropelada e despreparada que a atual Reitoria vem conduzindo a UFSM nesse primeiro semestre à frente da administração.