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Mídia grandona. Cada vez menos disfarçado, o preconceito (de qualquer gênero) ganha espaço

Tem a ministra evangélica, o ministro que pertence a uma igreja. E até a presidente do Supremo Tribunal Federal que, antes mesmo de assumir uma vaga naquela corte, teve reconhecidos a sua beleza e o seu charme. E muuuitos outros casos, normalmente não percebidos por muita gente, mas que embutem um claro preconceito.

 

Aliás, mais de um. Ou “cem” preconceitos, como anota o experimentado jornalista Carlos Brickmann, na coluna “Circo da Notícia”, que assina no site especializado Observatório da Imprensa. Que cita vários outros exemplos, como você pode verificar no texto a seguir. Confira: 

 

“DEBAIXO DOS PANOS – Preconceitos à flor da pele

Pesquise: nenhum jornalista admitirá jamais ter preconceitos.

Leia, ouça, assista: o preconceito – visual, sexual, religioso, de cor – surge com pouquíssimos disfarces. Sem preconceitos? Não: cem preconceitos.

Um exemplo dos jornais: “A ministra evangélica do Meio Ambiente, Marina Silva“. Se Marina Silva fosse católica, hinduísta, judia, muçulmana, atéia, budista, teria melhor ou pior desempenho em seu cargo? O ministro do Futuro, Mangabeira Unger, deve ter um monte de defeitos. Mas foi criticado, num grande jornal, por fazer parte de um partido com forte presença evangélica, da Igreja Universal do Reino de Deus. Partido, aliás, ao qual pertence também o vice-presidente José Alencar, que é católico praticante, e que não é (nem deve ser) criticado por isso.

Outro exemplo, agora parlamentar. Na sabatina do Senado que aprovou a escolha de Ellen Gracie para o Supremo Tribunal Federal, houve a seguinte frase: “Ouvi falar muito da sua competência, do seu conhecimento jurídico e sua intelectualidade, mas o meu voto ainda leva em conta a beleza e o charme”. Ninguém elogiou a beleza e o charme, por exemplo, do ministro Marco Aurélio Mello.

Preta Gil, fotografada na praia ao lado de Sabrina Sato, foi atacada na TV e em revistas por ser mais gorda do que admite o padrão atual de beleza. Chamaram-na de “baleia”. Em cima da foto de Sabrina, está um letreiro “vou”; em cima da foto de Preta, um letreiro “não vou”. Considerando-se que Preta Gil não é jóquei nem piloto de Fórmula 1, que é que alguém tem a ver com seu peso? Aliás, alguém na imprensa compara o físico do Fausto Silva com o de Fábio Jr.? É preconceito contra gordos, é preconceito contra mulheres (e talvez contra mulatas).

O goleiro Leão, hoje técnico, tem os cabelos brancos desde muito jovem. Pintava-os de louro. E explicava: se falhasse num lance, com os cabelos pintados, seria uma falha. Se não pintasse os cabelos, teria falhado porque estava velho. E toda a imprensa o massacraria, pedindo a contratação de um goleiro mais jovem.

Caverna do diabo

Uma forma muito utilizada de mostrar o desagrado do jornalista com os personagens da notícia, tentando embora disfarçar o preconceito, é usar, mesmo em veículos respeitáveis, a linguagem chula do jornalismo marrom. Coisas do tipo “não deu as caras”, “foi em cana”, “curtiu o xilindró”. Claro que o velho problema sempre volta à tona: será que o consumidor de notícias quer saber o que aconteceu ou, na verdade, está louco para descobrir a que xingações o repórter pode recorrer?…”

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra da excelente (e sem preconceitos) coluna “Circo da Notícia”, publicada por Carlos Brickmann, no Observatório da Imprensa.

 

 

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