E eu com isso? – por Luciano Ribas
Da minha sala olho a tarde ensolarada de 20 de outubro. Pela janela enxergo o “Edifício das Clínicas”, alto e estreito; o prédio da Associação Italiana, que já foi Centro de Saúde; e uma grande paineira, majestosa no estacionamento da Grazziotin. Da Rua Riachuelo, ouço sons de carros acelerando, ônibus freiando e a música sertaneja no barbeiro que fica em frente à agência.
Sobre a mesa, tenho fotos dos meus filhos: Gabriel, Luísa, Carolina e Rafael; canecas de lugares como o Museu Iberê Camargo, o Memorial JK e a Pinacoteca de São Paulo; uma medalha de prata que ganhei do sindaco de Udine quando lá fui ministrar um curso sobre participação popular; um grande copo do Pingüim de Ribeirão Preto que ganhei do compadre César e da comadre Michele, cheio de rolhas de vinho; duas latas de filmes 35 mm, com os trailers de “Orfeu” e “Wood Allen in Concert”; uma garrafa (fechada) de Père Kermann’s Absinthe, estrategicamente posicionada entre um troféu Vento Norte (que preciso devolver ao Christian Ludtke) e um Galo da última edição do Salão da Propaganda. Tenho, ainda, papéis, jornais e revistas, entre estas a última edição de Carta Capital que relata como o Paulo “não se abandona um líder caído” Preto teria surrupiado quatro milhões de origem duvidosa da campanha tucana.
Observam-me, complementando a cena, os bonecos do Nemo, do Tom Mate, do Bart Simpson, do Shrek, do esquilo Scrat de Era do Gelo e do Puro Osso; um Che Guevara de argila que a professora Marisa da Natividade, precocemente falecida, trouxe de Cuba em 2003 ou 2004 para presentear seus alunos; também sobre a mesa, agrupados, R2D2, Chewbacca, Han Solo, meu ídolo Darth Vader e um stormtrooper, denunciam (de vez) o meu lado nerd.
Na sala, duas poltronas pretas e um sofá da mesma cor, uma TV LCD, o sabre da Guerra do Paraguai que é relíquia de família, a réplica da espada do espartano Leônidas, um punhado de livros e o caos da mesa do meu sócio completam o ambiente onde eu, faltando 11 dias para a eleição presidencial, penso no que mudaria na minha vida caso a candidata do presidente Lula, Dilma Roussef, não saia vitoriosa da eleição. Entre meus caprichos, brinquedos e “domínios”, concluo que a verdadeira questão não é essa, pois não vivo isolado, nem minha família existe sozinha, muito menos meus clientes estão apartados do mundo. Na verdade, a pergunta fundamental é o que muda na vida de todos nós com a opção que teremos que fazer no dia 31 de outubro; sobretudo, o que muda na vida daquelas pessoas que mais precisam da ação do Estado para que consigam viver com decência.
Para responder com segurança a essa questão, tanto quanto acreditar no futuro é importante olhar para trás. Os números, resultados, efeitos, projetos e realidades dos oito anos dos tucanos e dos oito anos de Lula e Dilma estão à disposição de todos, em diversas fontes, para que sejam consultados e comparados – os dados bons e os ruins, diga-se de passagem. Diante disso, a síntese é que nossas opções hoje são “FHC II” ou “Lula II” e, diante delas, simplesmente não dá para nos omitirmos.
Dilma é a continuidade de um processo de desenvolvimento do nosso país que havia sido adiado pelos governos tucanos. Hoje todo mundo vive melhor do que nos tempos do dólar a R$ 4,00 e do Brasil quebrado, que esmolava ao FMI alguns trocados. As empresas vendem muito mais, as pessoas de todas as classes consomem mais porque têm mais empregos e melhor renda, os investimentos públicos e privados estão por todos os cantos para quem quiser ver. Os negócios dos meus clientes (e, por conseqüência, os meus) estão muito melhores do que há oito anos. A cidade recebeu uma atenção sem igual, visto que a única obra do governo tucano por aqui foi a passarela da Vila Urlândia.
Portanto, se você fizer a pergunta “e eu com isso?” que dá título a esse artigo, tenha muito cuidado ao responder. Sem terrorismos, não dá para trocar o certo pelo (muito) duvidoso. Pode custar muito caro e o remédio para o arrependimento demorará no mínimo quatro anos para ser ministrado.
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