Boicote ou fim de contrato? Duas opiniões para a saída de Luis Nassif da TV pública paulista
Está causando uma boa discussão na internet (e também fora dela) a saída do consagrado (e independente) jornalista Luis Nassif, da TV Cultura, da qual era comentarista. A emissora é pública, mas controlada pelo Governo de São Paulo, cujo titular (e bastante criticado por Nassif) é José Serra, do PSDB, pré-candidato à Presidência da República pela sigla tucana.
A propósito desse debate, tomo a liberdade de trazer duas opiniões bastante distintas. E você terá, então, imagino, condições de formar o seu próprio ponto de vista. Os textos a seguir são de profissionais também bastante conhecidos do meio e com credibilidade suficiente – ainda que de um ou outro se possa discordar.
Um é Mino Carta, diretor de redação da revista Carta Capital. Outro é Carlos Brickmann, com muitas passagens por comandos de veículos da mídia grandona, e colunista do sítio especializado Observatório da Imprensa. Respeito ambos, digo desde logo, e os dois têm seus textos habitualmente comentados neste (nem sempre) humilde sítio. Agora, leia você e tire tua conclusão:
MINO CARTA
A Cultura e Nassif
Há quem me peça algum comentário sobre a saída de Luis Nassif da TV Cultura. Em compensação, digo eu, Nassif está nesta edição de CartaCapital com um artigo supimpa. Sobre outro assunto, está claro. Vamos, porém, ao ponto. Que esperar da TV Cultura? Ali, obviamente, Nassif é estranho no ninho. Ali só se admite quem professa a fé serrista, por convicção ou sabujismo. E a reação da mídia e dos seus empregados? Saem assobiando pelos cantos, sem perceber a força simbólica do episódio. Garanto que o mesmo não se daria em países civilizados e de democráticos, onde a categoria tem consciência da sua força e da sua competência, e certamente não chama o patrão de colega. Digo, lugares onde já não vigora a sucessão por direito divino. O pessoal faria um barulho do capeta. Mas, que fazer? O Brasil está longe da contemporaneidade do mundo, embora os donos do poder se achem, como diriam meus netos.
CARLOS BRICKMANN
Nassif e a Cultura
Terminou o contrato do jornalista Luís Nassif com a TV Cultura, ligada ao governo paulista. O contrato não foi renovado, e isso provocou uma série de acusações: de que Nassif estaria sendo afastado por pressão do governador José Serra, tucano, que não concordaria com suas posições político-partidárias. Pode ser que Serra não goste de Nassif e que a direção da TV Cultura saiba disso.
Mas há um detalhe que não pode ser esquecido: o contrato terminou. Se Nassif não quisesse renová-lo, estaria no seu direito. Se a emissora não quis renová-lo, estava no seu direito. Se Nassif pretendia mesmo renová-lo, isso indica que não estava desgostoso com a emissora.
Há uma enorme diferença entre romper um contrato e não renovar um contrato que expirou. Este colunista gosta pessoalmente de Nassif, já assistiu a seu programa no estúdio, mas reconhece que um contrato só deve ser renovado quando interessa a ambas as partes. O que não se pode é tentar partidarizar cada acontecimento, transformando qualquer desacordo em perseguição política
SUGESTÕES DE LEITURA não obstante suas opiniões, com as quais ninguém precisa necessariamente concordar, acho importante conferir as páginas de internet que contêm as análises e opiniões de Luiz Nassif (aqui), Mino Carta (aqui) e Carlos Brickmann (aqui). Na pior das hipóteses, o leitor terá farto material para consolidar o seu próprio ponto de vista. Ou até mesmo modificá-lo.
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