EXCLUSIVO. Estudo para privatização da água demora seis meses. E tem autorização da prefeitura
Que a Corsan não comunica nada, bem sabem os seus usuários, cansados de tentar contato e festejando a cada rara vez em que isso acontece. Da Prefeitura, embora a competência de seus profissionais, desconfiava que não teria resposta também.
Mas o fato objetivo é que ontem, em uma das notas exclusivas publicadas pelo sítio, acerca da privatização (via Parceria Público Privada) do abastecimento de água em Santa Maria, fiz seis perguntas. Parte das respostas, não é incrível, recebi de onde menos poderia esperar: exatamente de representantes das empresas interessadas em explorar o serviço.
Isso mesmo. Enquanto a mídia tradicional da cidade se esquece de tratar do assunto (imagino por desconhecimento e não porque publicada inicialmente neste modesto sítio de internet), as notas mereceram a atenção da assessoria de comunicação da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto, cuja sigla é ABCON – se quiser saber mais sobre a entidade, clique AQUI.

Abrir parêntese: antes de prosseguir, repito aqui as seis perguntas feitas a minha manifestação final, na NOTA de ontem.
“…1) O poder concedente, a Prefeitura Municipal, sabia da intenção da Corsan de privatizar o abastecimento de água? Se sabia, concordou?
2) No contrato de concessão, assinado pelo município, está prevista a possibilidade de terceirização – que seria, salvo melhor juízo, o caso de agora?
3) Se a Prefeitura não sabia disso, pretende apoiar a idéia?
4) O futuro dirigente máximo da empresa, que, como se sabe, é estatal, e estará sob novo comando em 1° de janeiro – dentro de menos de mês e meio – foi consultado?
5) Não está no edital, pelo menos o editor não percebeu, o prazo para o encerramento do estudo. Quanto tempo tem a CAB Ambiental para fazer isso?
6) Admitindo-se como aceitável e correto o que a Corsan pretende fazer (mesmo abrindo mão de um possível financiamento a juros camaradas proporcionados pelo PAC), é possível escolher, pra realizar o estudo, uma empresa que, afinal de contas, é diretamente interessada no resultado do trabalho?
RESPOSTAS A ESSAS PERGUNTAS: é tudo o que, imagino, o contribuinte santa-mariense gostaria de ter. Em nome da boa prática de gestão pública. Para dizer o mínimo.” Fechar parêntese.

Retomo. Recebi telefonema da jornalista Leila Reis, da assessoria de imprensa da ABCON, cuja sede é em São Paulo. Foram 18 minutos de papo bastante elucidativo. É verdade que ela prometeu (e por enquanto não cumpriu, mas fará isso, tenho certeza) enviar material com dados acerca do serviço de saneamento e abastecimento de água no Brasil inteiro. Inclusive um que dá conta ser o Rio Grande do Sul o segundo estado (depois de Santa Catarina) com menor atendimento, relativo ao total da população.
Leila fez uma série de esclarecimentos e, por tabela, acabou respondendo a várias das questões levantadas pelo sítio, e reproduzidas acima. E é isso que você vai saber agora, mais uma vez com exclusividade. Ah, com direito a uma outra pergunta, lá embaixo.
Vamos lá:
1) O custo do estudo para o qual foi autorizada a CAB Ambiental poderá chegar a até R$ 2 milhões. E será bancado inicialmente pela própria empresa. Depois, quando (e se) o edital para a Parceria Público Privada for publicado e ela for a vitoriosa, será ressarcida – inclusive através da tarifa a ser sugerida. No entanto, se for outra a empresa contratada pelo Edital, esta terá que ressarcir os gastos feitos agora pela CAB Ambiental.
2) É impossível a concessionária, no caso a Corsan, autorizar a realização do levantamento, sem a autorização expressa do poder concedente. Resumindo: a CAB Ambiental só fará o trabalho porque a prefeitura de Santa Maria permitiu. Afinal, ela é a dona da concessão, eventualmente exercida pela estatal gaúcha.
3) O trabalho, me disse Leila Reis, é pra lá de minucioso. Exigindo um conjunto de profissionais, inclusive engenheiros, para levantamento preciso da situação de Santa Maria, da área a ser abrangida, exigindo, inclusive, visitas casa a casa.
4) Por conta da complexidade, o tempo médio para a realização do estudo é de, normalmente, até seis meses. Ainda que à distância, e sem dados mais aprofundados, a colega acredita que seja mais ou menos esse o tempo necessário para o caso da boca do monte. No caso, nada estará concluído antes de maio do próximo ano, supondo que comece agora, em dezembro.
5) E isso é fundamental, aliás. Qualquer mudança que houver no contrato de concessão terá que ser, obrigatoriamente, aprovado pela Câmara de Vereadores.
Relendo as questões propostas ontem, é óbvio que algumas delas não poderiam ser respondidas pelas empresas, mas pelo poder público – seja ele a Prefeitura ou a Corsan. Continuamos aguardando.
Diante de tudo isso, ouso fazer mais duas perguntas que, creio, são do interesse da comunidade:
1) Por que a prefeitura, em nome da necessária transparência da relação com a sociedade, não deu conta oficialmente desse fato? Isto é, que autorizou a Corsan, concessionária do serviço de abastecimento de água de Santa Maria. Afinal, por quanto tempo o assunto seria mantido em segredo? Me permito supor que seria como a Contribuição para a Iluminação Pública, cujo projeto foi enviado à Câmara com escasso e quase inexistente prazo para o debate entre a população. E que, não custa lembrar, só demorou mais porque este sítio antecipou a informação.
2) Até quando a mídia tradicional de Santa Maria fará de conta (prefiro crer que não seja, afinal de contas, desconhecimento) que o assunto não existe?
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Claudemir
Vamos dar uma de esquartejador. Vamos por partes. Te adianto que escrevo isto como cidadão que está sendo lesado tanto no seu bolso quanto também no julgamento que o prefeito e o presidente da Corsan fazem da minha inteligência.
Primeiro- Tu nunca irias ter respostas por parte da gestão Corsan (lembre-se gestão comandada por PSDB e PMDB). Por um motivo bem simples. O fato é, no mínimo, anti ético e imoral. Um empreendimento desta envergadura jamais poderia ser implementado quando os ocupantes de cargos mandatários da empresa estatal estão limpando as gavetas por que foram defenestrados na última eleição. Aliás, na Corsan eles estão LIMPANDO TUDO, gavetas, cofres…
Só vou lembrar que a campanha de Yeda ainda tem que cobrir 3,5 milhões.
Segundo- Tudo isto foi feito por debaixo dos panos pelos Tucanos e Peemedebistas da Corsan. Só o fato de ser feito de maneira sorrateira já te dá o real da situação.
Notou o quão maquiavélico é o processo capitaneado por Schirmer e a gestão que está sendo expulsa da direção da corsan?
Por exemplo: É inegável a melhora no atendimento da estatal em Santa Maria logo após termos conseguido exonerar chefes inoperantes que estes mesmos partidos que hoje querem privatizar, mantinham nos cargos.
Ou seja, fica claro a estratégia: Sucateia, põe o povo todo contra a Corsan e depois fica fácil entregar para a iniciativa privada.
É do conhecimento de todos que CEM MILHÕES de reais do dinheiro dos nossos impostos que viriam a fundo perdido foram dispensados por Schirmer e esta gestão corrupta da Corsan. Dinheiro que cobriria toda a cidade com rede e tratamento de esgoto.
Agora vem a Abcon confirmar que o povo de Santa Maria já sai perdendo DOIS MILHÕES de reais apenas pelo estudo da PPP- fico a imaginar em quanto mais o povo será onerado com o global do projeto.
ATENÇÃO CIDADÃO- Eles mesmos confirmam que isto será acrescido na tarifa que o usuário paga. Note que nada disto precisaria estar acontecendo. Mandaram CEM MILHÕES embora.
Fica claro que o que interessa para Schirmer não é o serviço bem feito e sim, entregar para a iniciativa privada.
Mas, prefeito, se o senhor tem algum compromisso com a Abcon, esta conta é sua e não do povo de Santa Maria. O senhor foi eleito não para cuidar dos seus interesses e sim de toda uma comunidade.
O senhor é gestão da corsan, queira ou não. Então, se o senhor tem tantas reclamações assim da estatal, também seria incompetência sua?
Uma outra pergunta é onde estava a Abcon quando não havia dinheiro público para esgoto no Brasil? Por que eles não vieram prestar sua “solidariedade” quando os governantes que eles mantinham no poder não investiam em saneamento?
Agora eles querem ser os “salvadores da pátria”? Pois agora não precisa.
Hoje tem um governo federal que está investindo BILHÕES no saneamento.
Tomara que venha resposta da Abcon sobre sua tática de patrocinio de campanhas políticas, onde milhões são “investidos” em candidatos que quando eleitos, a primeira coisa que fazem é querer privatizar o saneamento. Entregando logicamente, para uma das empresas pertencentes ao grupo.
E, pelo que podemos notar aqui em Santa Maria, o povo é quem paga este “investimento eleitoral” feito pelas empresas privadas de saneamento.
Para termos bons resultados nesta área, bastaria que os gestores não fossem corruptos.