UFSM

COTAS. Indígenas da UFSM ainda enfrentam preconceitos

Postado por MAIQUEL ROSAURO

Índios e integrante do GAPIN (Grupo de Apoio a Indígenas), Ramiro Rosa, sentado, de camiseta preta (gramado no campus da UFSM). Foto Mathias Rodrigues
Texto: Mathias Rodrigues
Edição: Fritz R. Nunes
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM

Desde o advento das cotas para indígenas, a vida de professores, universitários e indígenas ficou um pouco diferente. A UFSM se transformou em uma instituição mais plural, mas não foi aí que acabaram os problemas. Algumas lideranças indígenas das etnias Guarani, Charrua e Kaingang debateram as cotas da UFSM e reivindicam algumas ações para melhorar o ingresso dos indígenas.

Um dos maiores problemas encontrados pelos indígenas quando chegam à universidade é, segundo Ângela Moura, da tribo Charrua de Porto Alegre, a discriminação: “acontece de nós botarmos o pé em algumas faculdades e alunos torcerem o nariz. Isso é uma falta de respeito conosco, porque do mesmo jeito que eles têm que cursar faculdade, nós também precisamos. Não só precisamos como temos o direito”. Ângela lembra ainda que algumas diferenças culturais, que podem parecer pequenas para alguns estudantes, podem levar ao desrespeito com os índios: “eles devem aprender que certas brincadeiras ou palavras insultam um indígena. Uma palavra que corrigimos muito é bugre. Dizer isso é como atirar uma pedra na nossa cabeça, porque o termo bugre significa lixo”.

Maurício da Silva Gonçalves, da tribo Guarani de Viamão, citou a importância do diálogo entre universidade e aldeia para melhorar os problemas existentes: “Não é a universidade dizer que vai fazer do jeito dos povos indígenas, mas sim conversando, tendo esse diálogo com as lideranças indígenas, e a partir disso, colocar à disposição as vagas que existem dentro das universidades para que o nosso jovem faça a faculdade, pós-graduação”.

Da conversa também veio uma sugestão de caráter prático, que é a criação de um espaço de convivência para indígenas na Casa do Estudante: “Deveria haver aqui um espaço específico para os indígenas conviverem entre eles, só deles, e isso não está previsto no sistema da UFSM. Esse espaço seria para indígenas de qualquer etnia, para se integrarem e preservarem seus costumes” argumenta Selso Jacinto, da tribo Kaingang de Iraí.

Essas lideranças indígenas estiveram na UFSM no dia 22 de dezembro para debater o tema com algumas entidades, entre elas a SEDUFSM, e buscar melhorias para o ingresso dos indígenas na universidade. A UFSM é uma das pioneiras em receber estudantes indígenas. Resta agora também que seja pioneira ao ouvir as lideranças e agir para que a vida acadêmica dos indígenas seja cada vez mais proveitosa.

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5 Comentários

  1. Eduardo Luft :
    @Ambientalóide
    O preconceito contra os indigenas é enorme, só pelo nível dos dois comentarios anteriores dá pra ter uma ideia.
    a UFSM deve ter um olhar diferenciado aos cotistas, com espaços proprios onde preservem sua cultura e tradições.
    Comparações com outras etnias são equivocadas.
    Toda ignorancia origina-se do desconhecimento, um pouco de leitura de antropologia não faz mal a ninguem.

    Então já comentei, a alemoada quer um espaço para fazer isoladamente, uma Oktoberfest todo mês, querem um espaço com arquitetura própria…
    Será que levam?

  2. @Ambientalóide
    O preconceito contra os indigenas é enorme, só pelo nível dos dois comentarios anteriores dá pra ter uma ideia.
    a UFSM deve ter um olhar diferenciado aos cotistas, com espaços proprios onde preservem sua cultura e tradições.
    Comparações com outras etnias são equivocadas.
    Toda ignorancia origina-se do desconhecimento, um pouco de leitura de antropologia não faz mal a ninguem.

  3. eu lembro de ter feito uma matéria para a .TXT (uma das revistas do curso de jornalismo da UFSM) e pesquisando fiquei abismado com a situação dos índios na UFSM. A política de ações afirmativas ainda está sendo implantada na Universidade e grupos como o GAPIN (na época da reportagem existia apenas a ideia de formar um grupo) são importantes para fazer o elo entre a UFSM e os povos indígenas.

    Não tenho ideia agora, mas no primeiro semestre de 2010 a UFSM tinha apenas 5 matriculados em seus cursos de graduação. Obviamente, a demanda é maior, mas alguma coisa está errada, ou é a UFSM que não chega nas comunidades ou a UFSM não corresponde ao esperado…

    em conversa com um cacique Kaingang, também de Iraí, ficou evidente que os índios tem uma preocupação com a preservação cultural, um espaço de respeito as tradições dos povos indígenas seria uma demonstração de que a UFSM não está preocupada apenas em fazer demagogia com as cotas, mas que entende como importante as políticas de ações afirmativas..

  4. Até quando a sociedade vai suportar que revisionistas históricos tendenciosos (habitualmente ligados a partidos de esquerda e ONGs penduradas nas tetas dos governos)pratiquem suposta justiça social sob o argumento do “acertos de conta” com o passado?

    A tentativa de instituir uma ditadura do politicamente correto foi “modinha” até o final dos anos 90, mas é um equívoco já abandonado nos lugares desenvolvidos, não mobiliza mais ninguém, à exceção dos “bixos-grilo” que militam em pretensos “movimentos sociais” para dar algum sentido às suas vidinhas medíocres…
    aliás…
    vocês já perceberam que todo militante do “politicamente correto” é invariavelmente um grande chato??

  5. A indiada quer espaço só para eles?
    O viaduto do Behr é o point…

    Parece que a alemoada de “Acudo” quer um lugar pro choppss, os gringos querem uma sala pra fazer agnolini, os japas querem treinar sumô,… quantas etnioas temos na UFSM, TODAS merecem espaço…

    Os índios cotistas tinham é que se preocupar com seus irmãos que mendigam no centro de Santa Maria, quiça lutando por um espaço digno para que suas irmãs, tias, mães, possam vender seus produtos (não bijouterias metálicas!!!) com dignidade que merecem. Afinal trabalham e merecem respeito, já mendigar é problemas da promotoria e orgãos de defesa infantil!

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