E a fome continua… – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira
Vasculhando alguns textos, encontrei algo que escrevi já tem algum tempo. Mesmo distante alguns anos, revela assunto contemporâneo, atual, e que beira (infelizmente) a utopia.
Reescrevo, assim, o dito lá em 2002, mas que ao leitor de 2011 o passado ainda é presente. Das linhas que seguem, faça a leitura no tempo de 2002 e contextualize-a em 2011… Este é o propósito.
Desde que foi lançado o programa do Governo Federal de combate à fome não se fala em outra coisa. Há quem parabenize, já outros criticam, tantos simplesmente assistem, enquanto alguns se mobilizam em favor do projeto.
Poucos sabem que o combate à fome pode ser o caminho para a solução dos principais problemas do Brasil. A fome também é reflexo da tentativa de se atingir a estabilidade econômica, através do desenvolvimento de políticas mal sucedidas que garantem uma provisória estabilidade, em que os custos apenas elevam a miserabilidade e a desigualdade de milhares de cidadãos.
O programa de combate à fome, não quer apenas dar comida aos pobres, como sustentam aqueles que torcem contra o sucesso do projeto. Vai além disso, busca a mesma estabilidade sonhada por governos passados, e não é difícil entender a estratégia. Basta inverter a lógica preconizada até os “dias de ontem”. Enquanto se buscava a estabilidade econômica como solução a diversos setores, hoje se busca atingi-la a partir de investimento em setores básicos.
É fácil verificar a curta distância entre a fome e a falta de distribuição de renda no país. A fome tem uma base econômica, pois acentua a desigualdade, contribuindo para a degeneração das relações sociais. Por outro lado, encontramos sua base política que assegura diversas formas de marginalidade.
O combate à miséria e à desigualdade precisa ter investimento de forma simultânea e a partir daí desenvolver outros setores da economia, além da previdência, da assistência à saúde e da negociação trabalhista, não esquecendo da importância da geração de trabalho e renda.
Infelizmente práticas difíceis enquanto preponderar a ideia que o projeto de combate a fome é mero assistencialismo. Ora! O projeto é do Brasil, é para o Brasil. Independente da sigla partidária que esteja no poder, devemos lembrar que este projeto é herança do Betinho, falecido em 1996, portanto uma iniciativa de um cidadão, que deve ser contemplado por todos os cidadãos brasileiros.
Nos mesmos moldes do projeto implantando por Betinho, o governo passado desenvolveu o programa “Comunidade Solidária” o que muito contribuiu para a formação de um espírito solidário em todo o país. Agora, em continuidade ao trabalho, o atual governo lança o programa “Fome Zero”.
Sem dúvida, são programas que se completam, primeiro se forma uma conscientização em torno da necessidade de se promover políticas sociais e da fundamental importância do envolvimento da comunidade, depois chega a hora da sociedade civil organizar-se de forma solidária em uma só campanha. Assim, caminhamos para o combate à fome e consequentemente se abrirá espaço para outras discussões.
E aqui estamos, 10 anos se foram e o texto de ontem é o mesmo de hoje.
@Dore Noronha
Feliz com as tuas palavras, fica aqui o registro do meu sincero agradecimento…Os fatos são estes, resta-nos mudá-los! Abraços
Simplesmente maravilhoso o artigo, definiu tudo, o ontem e o hoje,que infelizmente continua igual.A fome em nosso Brasil, para tristeza e desespero do povo ainda é usada como um dos itens de maior troca na hora das promessas dos políticos.O que faz com que um governo estabeleça um programa de erradicação de miséria,mas por questões partidárias, o próximo a assumir o poder não o continua.A questão da fome e miséria no Brasil só vai deixar de ser moeda de troca a partir do momento que nossos governantes começarem a ver que governam pessoas e não cédulas eleitorais que lhes são necessárias de quatro em quatro anos.
Vitor Hugo mais uma vez os brinda com sua visão realista da situação brasileira,de forma que todos entendam e fiquem honrados por sentirem que suas palavras estão representadas pelas nobres palavras deste que se mostra não só um grande articulista,mas uma pessoa que sente a realidade de todos nós!!!