Brasil x EUA: a velocidade dos trens – por Carlos Costabeber
Nessa viagem aos Estados Unidos gravei uma imagem impressionante, para medir a distância econômica, social e cultural que separa os dois países.
Estávamos numa fre-way certa noite, quando baixou uma cancela em frente a uma ferrovia. Em poucos segundos, passou um comboio em alta velocidade (uns 120 km/h), e composto por mais de 100 vagões de carga. Eram vagões identificados como sendo de diversas empresas (a maioria eram da Wallmart) e muito bem conservados.
Instantaneamente, fiz uma comparação com os trens da ALL, tão comuns em Santa Maria, e que trafegam a uma velocidade ridícula, não superior a 20 km por hora, em média.
Sem falar no estado de conservação dos nossos vagões, muitos ainda do tempo da Rede Ferroviária Federal.
De forma automática, linquei aquelas imagens, que bem mostravam a distância que nos separa dos americanos: uma economia que é mais de 10 vezes a do Brasil.
Enquanto que, aqui, por um brutal erro estratégico do Governo Federal, que por pressão das novas montadoras que estavam chegando, e da Petrobrás que queria vender muito mais combustível, relegou o transporte ferroviário a um plano muito inferior.
Deixamos de investir numa malha ferroviária que integraria o Brasil inteiro, que reduziria em muito o tempo das viagens e que teria um ganho de produtividade imensa – reduzindo drasticamente o “Custo Brasil”, para investir no transporte rodoviário de pessoas e cargas.
E, para agravar a situação, por medo de uma improvável guerra com a Argentina, o Governo Brasileiro mandou construir as ferrovias com uma bitola estreita (enquanto que, nos resto do mundo, se usam bitolas bem mais largas).
E um terceiro erro estratégico foi demorar tanto tempo para privatizar a RFFSA; uma estatal que só gerou prejuízos para os cofres públicos, e que atrasou o nosso desenvolvimento como um todo.
Hoje, infelizmente, somos dependentes das rodovias, que, por falta de recursos, são em quantidade e em qualidade, muitíssimo abaixo das necessidades.
De resto, pode-se aplicar esse exemplo comparativo entre as duas malhas ferroviárias, para comprovar o que acontece com TODA A INFRAESTRUTURA do Brasil e dos Estados Unidos. Lá, tudo está feito, está pronto; enquanto que, aqui, tudo está para ser feito.
E se o Governo Federal não apressar a oferta das novas malhas ferroviárias para a iniciativa privada (que tem muito dinheiro e vontade de investir), continuaremos estagnados.
Para concluir, e para provar o quanto nosso País precisa avançar em todos os campos, cito um comentário feito pelo amigo General Adriano.
Disse-me ele que rodou mais de 100 quilômetros por uma rodovia que cruza a cidade baiana de Luiz Eduardo Magalhães, e que nos dois lados da estrada, eram só plantações de algodão. E que toda aquela gigantesca produção estava sendo transportada por caminhões, para ser exportada ou industrializada em SP.
E a sua conclusão não podia ser mais objetiva: por que o Brasil não estimula a industrialização de todo esse algodão, agregando muito mais valor, e gerando milhares de novos empregos? Por que não exportar tecidos com um custo muito menor, ao invés de mandar para a China o algodão bruto, que depois será por nós importado como produto acabado ?
Olhem! Vivemos num País com um dos mais impressionantes potenciais econômicos do mundo. Mas são tantas e tantas as distorções que têm de ser corrigidas, que a minha geração não terá oportunidade de desfrutá-las.
Mas que, mais cedo ou mais tarde, seremos uma nação gigante, isso não restam dúvidas.
Somos assim porque, desde o descobrimento do Brasil, ate hoje em dia, só tem governo corrupto, sem exceção.
Texto bom mas uma coisa: o trem passa falsa sensação de velocidade. Olhando de fora é impossível pra um leigo saber a velocidade.