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MOREIRA LIMA. Militar, 92 anos, herói de guerra. E defensor de da punição a quem cometeu tortura, um crime contra a humanidade

Moreira Lima: herói de guerra, 92 anos e democrata. Defende punição aos torturadores

Como preliminar, é preciso dizer que se trata de um excelente trabalho do repórter Fritz R. Nunes. Depois que a revista Época divulgou entrevista com o Major Brigadeiro Rui Moreira Lima, herói de guerra brasileiro, hoje com 92 anos e, embora toda a sua condição, cassado pelos golpistas de 64 (por defender a democracia), o jornalista da Seção Sindical dos Docentes da UFSM conversou com ele.

O resultado está no sítio da Sedufsm. São palavras exclusivas, e que tratam da Comissão da Verdade, em fase de instalação. Mas, sobretudo, falam sobre a necessidade de a história ser devidamente restaurada, inclusive com a punição de torturadores que cometeram, sim, crimes contra a humanidade.

O resultado do trabalho do repórter – as serenas, mas firmes, palavras de Moreira Lima – vale a pena ser conferido. Não é por outra razão que o editor resolveu reproduzi-lo. Confira, a seguir:

Herói de guerra defende punição a torturadores

…Ele atuou de forma decisiva durante a campanha da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na Itália, já nos estertores da Segunda Guerra Mundial (1943-45). Na condição de oficial aviador do 1º Grupo de Aviação de Caça, Rui Moreira Lima participou de 94 missões, bombardeando posições alemãs em solo italiano. Mesmo o fato de ter recebido condecorações e se transformado em um herói de guerra nas fileiras da Aeronáutica, não evitou que o maranhense radicado no Rio de Janeiro, formado na Escola Militar do Realengo, fosse cassado pela ditadura militar em 1964. O motivo? Não ter concordado com o golpe às instituições democráticas.

Hoje, aos 92 anos, ocupando o segundo maior posto na hierarquia da Aeronáutica, o de Major Brigadeiro, Moreira Lima, que prepara o lançamento em inglês do livro “Senta a pua!”, obra que retrata a campanha militar brasileira na Itália e cuja expressão se inspira no grito de guerra dos aviadores, provocou celeuma nos meios militares, ao defender o trabalho da Comissão da Verdade, proposta pelo governo e aprovada pelos congressistas. O brigadeiro foi mais além, defendendo a punição a todos os militares que se envolveram em torturas durante o regime pós 64. As opiniões foram publicadas semana passada, pelo site da revista Época, e se referenciam numa petição encaminhada ao STF pela Associação Democrática e Nacionalista de Militares, presidida por Moreira Lima. A SEDUFSM conseguiu o fone de contato do brigadeiro e … conversamos com ele.

De fala mansa, mas convicto, Rui Moreira Lima, pouco antes de ir para uma entrevista na TV Brasil, discorreu sobre algumas questões levantadas ao longo de pouco mais de meia hora, procurando sempre deixar claro que via a questão da tortura e outros crimes cometidos durante a ditadura como ação de elementos “maus, sem caráter” das Forças Armadas e não necessariamente algo institucionalizado. O brigadeiro procura fazer a separação entre integrantes das forças armadas e a instituição, que mesmo o tratando com respeito e reverência pela sua história, ainda hoje lhe deve desculpas pela cassação arbitrária de 1964 e uma anistia verdadeira, com uma indenização condizente a todos os prejuízos que lhe foram causados.

Militares e a universidade

Um dos questionamentos colocados a Rui Moreira Lima foi sobre a forma com que o meio acadêmico se relaciona com os militares, vistos com reticência pelo fato de terem comandado uma ditadura de mais de 20 anos, contexto em que a universidade sofreu o processo na carne, devido a perseguições e cassações de professores e estudantes que se opuseram à ditadura.
Para o brigadeiro, não há necessidade de haver qualquer ranço com as Forças Armadas, pois os casos de tortura e mortes foram patrocinados por “maus elementos” de dentro da instituição e não pela instituição. “Eles não deveriam nem estar nas Forças Armadas, pois foram covardes”, disse…”

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2 Comentários

  1. Faça-se justiça também: o contato (telefônico) foi obtido pelo presidente da SEDUFSM, professor Rondon de Castro.
    Grato pela divulgação e palavras elogiosas, Claudemir.

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