SCHIRMER, EXCLUSIVO (1). “Santa-marienses precisariam tirar seu dinheiro da poupança e arriscar um pouquinho, para ganhar mais”
Esta é a primeira parte da entrevista exclusiva concedida ao sítio, na noitinha de quinta-feira passada (para conhecer as circunstâncias, clique AQUI), dia 22. Dela foram protagonistas o repórter Maiquel Rosauro e a repórter fotográfica Bianca Pereira Moreira, com a participação deste editor. A estrela, claro, foi o entrevistado, Cezar Schirmer. Acompanhe:
Por MAIQUEL ROSAURO (texto) e BIANCA PEREIRA MOREIRA (fotos)
50 questões para Cezar Schirmer. É este o número total entre perguntas e comentários que renderam diversas respostas do prefeito de Santa Maria. E ele respondeu a todas. Nessas primeiras, Schirmer avalia os primeiros três anos de governo, fala sobre empresas que pretende trazer para o município, afirma que já cumpriu praticamente tudo o que planejava em seu primeiro mandato, crítica a falta de ações de governos passados quanto ao empreendedorismo e revela quem seria seu vice-prefeito ideal caso seja candidato às eleições 2012.
A entrevista foi realizada na quinta-feira, 22 de dezembro, em uma sala reservada no Palacete da SUCV. Antes da série de questionamentos começar ele fez questão de elogiar o novo lar de seu governo.
– Ninguém queria vir para cá. Só um tinha cara que queria vir (neste momento, coloca a mão direita sobre o peito indicando para si a iniciativa). Então eu disse a eles (funcionários da Prefeitura) “eu estou indo para lá, se quiserem vir venham”, não é Magali? – questionando a chefe de gabinete Magali Marques da Rocha que rapidamente confirmava a pergunta do chefe.
Em seguida, disse que o prédio está comprado há 10 meses e revelou que se for candidato e reeleito pretende fazer do prédio da SUCV uma Casa de Cultura. Mas não sem antes terminar as obras na Casa de Cultura original, do outro lado da Praça Saldanha Marinho.
Na continuação da entrevista que será publicada na próxima madrugada, Schirmer avalia o trabalho do vice-prefeito José Farret na pasta de Saúde, explica como será realizada a administração da UPA, revela que irá contratar um tipo de profissional específico para a área de saúde, projeta os novos empregos que Santa Maria deverá ganhar e explica as ações na infraestrutura da cidade – com destaque para o Plano de Mobilidade Urbana.
SÍTIO CLAUDEMIR PEREIRA – Como o senhor avalia estes três primeiros anos à frente da Prefeitura Municipal de Santa Maria?
CEZAR SCHIRMER – Quem tem experiência municipal, e também alguns secretários meus, me disse que os dois primeiros anos são os mais difíceis porque é preciso preparar a equipe, se entrosar, planejar as finanças, organizar a casa, estabelecer projetos e prioridades, enfim as questões próprias da administração. E eu sempre achei que tinha que começar já com resultados muito positivos. Mas constatei que eles tinham razão. Estamos concluindo o terceiro ano com resultados muito concretos em diferentes áreas da administração.
SCP – A vinda da KMW e o fato de Santa Maria estar no páreo para trazer a fábrica de elevadores da Hyundai mostram que a Administração Municipal tem como objetivo trazer indústrias para a cidade. Quais as outras empresas que a Prefeitura está trabalhando para trazer para Santa Maria?
CS – Da mesma forma que afirmei que os primeiros dois anos têm o propósito de organizar, planejar e tomar medidas, também vale para o desenvolvimento econômico. Eu te afirmo que hoje a Prefeitura e a cidade de Santa Maria têm instrumentos para atrair investimentos que poucas cidades do Rio Grande do Sul têm. Vou citar o que estou querendo dizer: Municipalização do Distrito Industrial, 340 hectares, sendo a metade deles já licenciados ambientalmente – hoje esta área está nas mãos da Prefeitura; Municipalização do Licenciamento Ambiental para agilizar os procedimentos de liberação dos empreendimentos desta natureza; Sala do Empreendedor no Santa Maria Shopping; Lei Geral de Apoio a Micro e Pequena Empresa; Lei de Inovação; participação e criação do Pavilhão de Inovação da Feisma; Agência de Desenvolvimento de Santa Maria (ADESM) que tem efetivamente a participação financeira, institucional e política da Prefeitura para viabilizá-la como de fato aconteceu; e agora mais recentemente o Parque Tecnológico, no qual sua primeira etapa está sendo concluída pela UFSM com recursos federais e a próxima etapa, provavelmente janeiro e fevereiro, com participação da Prefeitura com recursos para levar adiante o empreendimento. Elenquei uma série de medidas que a Prefeitura começou a ter e que nos dão condições de ter uma política de desenvolvimento efetiva. Nesses dois primeiros anos foi todo este aparato institucional, legal, jurídico e administrativo no sentido de atrair investimentos e nessa direção a KMW já está ai, é um marco na história de desenvolvimento de Santa Maria, eu posso te assegurar isso. Estamos trabalhando muito fortemente a Hyundai. Só o fato de Santa Maria estar disputando com Novo Hamburgo e São Leopoldo já dá uma dimensão especial. Santa Maria não figurava no visor do desenvolvimento econômico e industrial do Rio Grande do Sul. Quando se fala em indústria fala-se em Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo, Caxias do Sul, nesse eixo está 80% do parque industrial do Estado. O que precisamos fazer é “vender” Santa Maria, trabalhar a cidade no sentido de mostrar para investidores e empresas locais, regionais, nacionais e internacionais que Santa Maria é um polo de atração de investimentos. Isso tem experiências exitosas. Em São Paulo, um município chamado Hortolândia, que não figurava talvez devido a sua administração, avançou significativamente. Santa Catarina tem um município chamado São Bento do Sul que também avançou neste sentido. Há vários exemplos de municípios pequenos e médios – nesse caso coloco Santa Maria como médio.
Minha visão é que daqui para frente isso vai entrar num processo de aceleração. Por exemplo, ontem (21 de dezembro), não posso dizer o nome, um empresário de Curitiba ficou uma hora aqui comigo. Também conversei há pouco com um investidor na área de produção de suco me disse que vem para Santa Maria em torno de 9 de março. Ontem esteve aqui a Erres Aeronáutica, empresa local, parceira com uma empresa italiana, que tem a intenção de construir aviões de pequeno porte na cidade ano que vem. Hoje mesmo, ao meio-dia, tivemos dois contatos relevantes com empresas da área de avicultura que conhecemos em congresso da área em São Paulo. Outro dia estive visitando a empresa Cosuel, em Encantado. Eles já mandaram um representante aqui.
SCP – Que tipo de investimentos eles fariam?
CS – Agroindustrial, no setor de leite.
SCP – Mas temos uma dificuldade de matéria-prima.
CS – Exatamente, este levantamento está sendo feito. Isso é uma coisa regional e tem uma grande capilaridade. Aqui é uma fronteira virgem do ponto de vista destas atividades: suinocultura, avicultura e leite. Elas asseguram renda para o produtor e desenvolvem a agricultura. Elas têm grande capilaridade social e econômica. Alavancam o desenvolvimento de uma região. Minha expectativa é que vai começar a surtir os resultados de forma muito mais intensa em 2012 do que até agora. O Distrito Industrial em 34 anos nas mãos do Estado 22 empresas. Em um ano e meio nas mãos da Prefeitura 19 empresas que estão já estão funcionando ou que estão se instalando lá. Paralelo a esta questão da indústria que é relevante tem o Atacadão, a Wall Mart que tem previsão de começar as obras na Walter Jobim, só ai tu tens 900 empregos. Temos também a área do turismo que gera emprego. O hotel fazenda Pampas que tem em Canela e será um hotel de gabarito na Cidade dos Meninos É um investimento importante. O trem turístico no próximo ano. Ônibus turístico já está operando. Na área da produção agrícola – isso também é desenvolvimento. Santa Maria manda R$ 350 milhões para fora para comprar alimentos in natura que poderiam ser produzidos aqui. Por que não se produz ovos, leite e frango em Santa Maria? Eu estive em São Paulo, neste congresso de avicultura, e estive um encontro com a empresa Aclima, da Espanha, ligada a atividade ambiental. Eles querem montar uma representação na América do Sul. Eles representam 92 indústrias do país basco e estamos tentando convencê-los a se instalar sua representação em Santa Maria. Essa política terá consequências.
SCP – Santa Maria nunca teve um Centro tão bonito. O Natal do Coração ressalta uma vocação turística na cidade. O que mais será feito em 2012 para atrair turistas?
CS – Estamos pensando, ainda não está definido. Acho uma atividade peculiar que foi abandonada é o Dia de São João. Era uma grande festa. Se no Nordeste isso tem uma grande expressão por que não puxar para Santa Maria?
SCP – Nesta época de festas juninas os partidos estarão fazendo suas convenções para a escolha de candidatos para outubro. Até que ponto o calendário eleitoral e o fato de ser um ano eleitoral são elementos inibidores de ações, principalmente, na hipótese de uma candidatura?
CS – Independente do processo eleitoral, claro que será uma questão que estará presente na vida de todos os municípios, a lei é clara. Ela estabelece limites sobre o que é possível fazer e o que não é possível. Mesmo sendo ou não candidato, esses limites valem para mim e para qualquer candidato. Na última reunião do secretariado peguei o documento que o Tribunal de Contas entregou para a prefeitura dando um roteiro de ações que não podem ser feitas e os prazos destas ações. Vamos cumprir a risca. Dentro do que a lei permite vamos fazer tudo. Meu governo termina em 31 de dezembro de 2012, só por que tem eleição vou parar e não posso fazer nada? Não, o governo continua.
SCP – Quatro anos como prefeito, ou seja, apenas o mandato atual, são suficientes para o senhor realizar todas as ações que planejava logo que chegou à Prefeitura?
CS – Eu te diria que das questões que considerava relevantes, do programa de governo, praticamente já cumpri tudo. O que não está cumprido, está em fase de cumprimento. Obviamente que há um ritmo, uma linha, um projeto de ação que se mudar – não a pessoa, pois transcende a indivíduos e partidos – pode ter um retrocesso. Porque se chega um prefeito novo, com uma visão nova e diz que, por exemplo, turismo não é relevante, pois envolve dinheiro público, muitas dessas ações podem não ganhar continuidade. Consolidar leva tempo. Gramado não consolidou do dia para a noite, passou por vários governos, todos comprometidos com o turismo. Gramado teve a felicidade desse comprometimento de todos os governos independente de partido político. Pelo meu período eu posso garantir, mais à frente eu não posso dizer. Uma coisa eu tenho convicção, algumas coisas não estão consolidadas. Por quê? Porque só o tempo consolida. Gramado, por exemplo, não precisa mais da Prefeitura. Lá atrás, ela era indispensável porque bancava o Festival de Cinema, o Natal Luz e buscou o dinheiro. Em um primeiro momento os empresários não entram.
SCP – E Santa Maria, é fácil de induzir os empresários? Eles são empreendedores?
CS – Vou ser bem sincero, a Prefeitura não cumpriu seu papel em nenhum governo, ao menos na minha visão, do ponto de vista da indústria, agricultura e turismo. Não é crítica, é constatação. Muita gente me disse que Santa Maria é uma cidade de serviços de educação, por que trazer indústrias para cá? E não é gente pouco esclarecida não, pessoas representativas e que respeito a opinião. Mas não é essa minha opinião. Em cima disso, temos que criar muito mais coisas. O poder público não cumpriu seu papel e o empresariado não puxou a cidade como deveria ser, na minha opinião. Se houve omissão, a primeira foi do poder público. Hoje, que estamos puxando, eu vejo que AHTTUR, CDL, Cacism, Sinduscon e Associação Distrito Vivo são belos parceiros. Acho que está melhorando muito. Porém, precisamos de mais investidores. Santa Maria tem muita gente com dinheiro em caderneta de poupança, tem que tirar um pouco esse dinheiro da poupança, arriscar um pouquinho e querer ganhar mais dinheiro.
SCP – Em valores relativos Santa Maria é um dos maiores polos de poupança do Rio Grande do Sul.
CS – Poupança é um investimento conservador e também um pouco a questão da formação econômica da cidade: comércio, pecuária extensiva e serviço público. A ousadia empresarial e empreendedorismo estão muito mais na indústria. A formação econômica da cidade induziu uma linha de cautela nos investimentos. As tentativas ousadas que foram feitas aqui deram azar, como a FICREI, uma financeira que surgiu forte e uma iniciativa de lacticínios. Nem tudo precisa começar grande. A Casas Eny começou pequena e hoje é uma potência.
SCP – Trabalhando na hipótese do senhor ser candidato a reeleição em 2012, o que seria algo natural, a dobradinha com José Farret como vice poderia se repetir?
CS – Se eu for o candidato a prefeito, não vejo nenhuma razão para não ser o doutor Farret o vice. Ele se revelou uma pessoa extremamente leal, dedicada, humilde – isso é uma virtude na vida pública, temos uma profunda amizade que nasceu nestes três anos. E isso é recíproco, eu gosto muito dele e ele gosta muito de mim.
(CONTINUA AMANHÃ)
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@Paulo Carvalho
Compare os resultados de todos os anteriores com os de agora e verifique vc mesmo. Mas sem ranço, tá? Outra coisa: Se vc chama a KMW de “oficina de blindados”, o que dizer da Santa Fé Vagões, que fez auê, fez que construiu algum vagão, e foi embora sem nem avisar, depois de pegar incentivos mil da Prefa do PT e ainda ficou devendo para empresas da cidade!! Isto sim é que é oficina, mas de “vagões de gado”!!!
O forte do Alcaide é a humildade… Falar que nenhum prefeito antes dele cumpriu o seu papel é para matar o guarda!
Dizer que já cumpriu e está cumprindo a totalidade do seu programa de governo, chega a ser uma brincadeira… Ou alguém viu as obras do túnel da tuiuti e a duplicação da duque em andamento?
Dizer que a vinda de uma oficina de blindados é um marco no desenvolvimento de SM é achar que que somos imbecis.
Agora vou ter que dar pitaco como economista, o que Cs quer dizer é que devemos usar o modelo neoliberal, utilizado nos EUA, e que fracassou na linha do tempo. A casa Eny prosperou, não por que se endividou para crescer, ela investiu de forma segura poupando um certo capital de giro, e investindo o capital social. Eu observo, que esse modelo de vamos gastar( endividamento), e não poupar reflete um marco na obra de Adan Smith ( idade antiga da economia), que define o mercado como regulador da economia. Hoje o modelo Brasileiro, verticaliza uma poupança, interna pagando menos juros externos, e investindo da erradicação da pobreza, visando o dinheiro da máquina pública, num dos maiores investimentos da humanidade, que vem dando certo em todo mundo.INVESTIMENTO é a maior riqueza de um Estado nos dias de hoje. Esse investimento deve priorizar os RECURSOS HUMANOS, depois sim, com certeza nas bases, vem o Investimento Tecnológico ( essa é a economia atual, sustentável e agradável). Humanizar e desenvolver para fortalecer a tecnologia e o crescimento.