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SCHIRMER, EXCLUSIVO (4). “Edis? Quanto mais, melhor. Emancipação dos distritos? Em tese, sim. Crítica à doação ao carnaval? Visão pequena”

Esta é a quarta e penúltima parte da entrevista exclusiva concedida ao sítio, na noitinha de quinta-feira passada (para conhecer as circunstâncias, clique AQUI), dia 22. Dela foram protagonistas o repórter Maiquel Rosauro  e a repórter fotográfica Bianca Pereira Moreira, com a participação deste editor. A estrela, claro, foi o entrevistado, Cezar Schirmer.  Acompanhe:

Por MAIQUEL ROSAURO (texto) e BIANCA PEREIRA MOREIRA (fotos)

Jorge Pozzobom é um aliado ou adversário político? Como é a relação do prefeito com a tríade do PT (Paulo Pimenta, Valdeci Oliveira e Fabiano Pereira)? Nesta quarta parte da entrevista com o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer também responde algumas questões delicadas referentes à promessa de R$ 300 mil para uma obra do Centro de Referência em Economia Solidária Dom Ivo Lorsheiter e o repasse de R$ 80 mil a uma escola de samba de Porto Alegre.

“Pimenta, grande deputado. Tenho grande carinho pelo Pozzobom. Irmã Lourdes: trabalho deve ser reconhecido”

Schirmer conta por que ainda não conseguiu criar as fundações do Meio Ambiente e Ação Social, além de explicar a criação de cargos de confiança nas Coordenadorias Regionais de Camobi e da região Oeste. O aumento da quantidade de vereadores e o uso da internet como meio de comunicação também estão no roteiro.

A entrevista foi realizada em 22 de dezembro no prédio da SUCV. Amanhã, aqui no site, você confere as últimas dez questões propostas ao prefeito. O repasse de dinheiro para a escola de samba da capital segue na discussão, assim como as ações de divulgação do município.

O prefeito revela o porquê de seus secretários usarem seguidamente a frase “por determinação do prefeito Schirmer”. Ele também dá uma nota, de 0 a 10, para os seus primeiros três anos de mandato.

SÍTIO CLAUDEMIR PEREIRA – O avanço da internet que é inequívoco influencia de que modo a vida do gestor público?

CEZAR SCHIRMER – Isso é de uma mudança fantástica, é um novo mundo que está surgindo. O governante que quiser ter um pouco de relevância do seu papel tem que estar atento a isso. Minha cabeça é mecânica e não é digital, tenho que ter um esforço. Gosto de ler o jornal, o livro, isso é um problema de geração, fui criado com livro, caderno e jornal. Preciso me adaptar. Uma cidade com 300 mil habitantes o prefeito sabe muito pouco do que acontece. Boa parte do tempo eu paro aqui dentro, outra parte eu viajo, ando na rua e fico na minha casa descansando. Então, eu não sei o que acontece com 300 mil pessoas na cidade e a maneira de chegar ao prefeito é a internet. Eu criei uma coisa que acho interessante. Nas quintas-feiras de manhã eu recebo todas as pessoas que querem falar comigo, não precisa marcar, chegou eu vou atender, não tem assunto proibido. E eu recebo informações preciosas. Assuntos que eu achei que estivessem resolvidos não estão, a pessoa vai lá e se queixa. Às quartas-feiras, eu recebo as associações de bairro. É uma ação institucional. Eu criei aquela Secretaria de Ação Comunitária que agora o secretário é o Adelar Vargas, o Bolinha, e eu disse “eu quero que tu me traga as associações de bairro que querem falar comigo e traz com uma pauta”.

SCP – Valdeci, Fabiano e Pimenta. Como é a sua relação com estes três?

CS – É muito boa. O Pimenta foi meu adversário e é um grande deputado federal, eu várias vezes o visitei em Brasília e várias vezes ele veio a Santa Maria. É um grande deputado da nossa cidade. Tenho o maior respeito e carinho por ele. O Fabiano foi um excelente deputado estadual, tem uma bela trajetória de vida pública e é um excelente secretário que está tendo um trabalho notável. O Valdeci é um bom deputado estadual, trabalhador, atento às questões da nossa cidade e será um bom líder do governo Tarso na Assembleia pois é muito habilidoso e inteligente.

SCP – Jorge Pozzobom, hoje, é um adversário político ou aliado?

CS – Jorge Pozzobom é meu amigo de muitos anos, um excelente deputado estadual. Tem uma posição destacada na oposição ao governo do Estado, me apoiou na eleição passada, foi meu secretário de governo e temos uma relação pessoal muito boa. Pode ter uma ou outra queixa que o governo não atende, mas é irrelevante. O importante é o saldo e este é positivo. Tenho muito carinho por ele é um ótimo deputado estadual.

SCP – Um tema que ganhou grande destaque na mídia local este ano foi o possível aumento da quantidade de vereadores em Santa Maria, de 14 para 21 cadeiras. O senhor é favorável ao maior número de vereadores?

CS – A abordagem da mídia foi equivocada, com todo o respeito. É irrelevante se é 21, 14 ou 55. Importa, sim, do ponto de vista do interesse público é quanto a Câmara gasta dos recursos públicos. Eu fui vereador de 1972 a 1974 e nós não recebíamos nada, não tinha nem ajuda de custo. Éramos 21 e era ótimo. Hoje são 14 e gastam não sei quantos por cento do orçamento do município. Se tu me perguntares o número que eu gostaria, eu te digo o máximo, quanto mais melhor. A representação e a legitimidade aumentam. Tem um projeto do Romero (Isaias Romero, vereador) que merecia destaque da mídia, mas não teve. Quanto custa um vereador? Quanto ganha um vereador? Quanto do orçamento do município? Isso eu disse desde o primeiro dia, esta reunião é artificial e errada. Se tu me perguntar: o senhor é favor da emancipação dos distritos? Eu, em tese, sou. Qual é o argumento contra? Vai criar mais empregos, mais salários e mais vereadores. Bom, como acabar com isso? Coloca lá na Lei Orgânica: nos primeiros cinco legislaturas os vereadores não irão receber nada. Pronto, resolveu o custo da Câmara. Depois você coloca: a prefeitura nas primeiras cinco administrações só podem ter no máximo quatro secretários, nos primeiros 30 anos do município só pode gastar 30% com pessoal. Tu contornas as questões do custo porque este é o problema. A discussão está desfocada.

SCP – O senhor promoveu, e a Câmara aprovou, em maio de 2009, uma grande reforma administrativa. Entre as mudanças constam duas fundações: a de Meio Ambiente e a de Ação Social. Ambas com a justificativa segundo a qual seria mais fácil a captação de recursos. Quais as circunstâncias que impediram a implantação, até este momento?

“O Escritório da Cidade é autarquia. Não estou convencido de que é o formato ideal”

CS – Questões de natureza legal e jurídica. As fundações podem ser públicas de direito público e públicas de direito privado. É um instrumento mais ágil tanto na área do meio ambiente e ação social. E eu também incluiria Cultura, que não estava naquela reforma, mas este é um juízo que fui formando ao longo do tempo. Até pedi ao Pippi (Carlos Pippi Brisola, secretário municipal de Planejamento Estratégico e Projetos Especiais) e ao Lemos (Antonio Carlos Lemos, secretário de Finanças) que formatassem este assunto. Já começou como secretaria e a Câmara autorizou, mas eu preciso formalizar. Sigo com essa convicção, o ideal seria que nessas três áreas tivéssemos fundações.

SCP – No caso da Cultura teria que enviar outro projeto?

CS – Sim. Já no caso da Assistência Social seria Fundação Santa Maria Solidária – até nome já tem. No Meio Ambiente seria Fundação Santa Maria Verde e na Cultura não tem nome e nem lei, mas acho que estas três áreas se adequam muito mais pelas necessidades de buscar recursos.

SCP – Que circunstâncias impediram?

CS – Do ponto de vista da estrutura não muda nada, não tem a agilidade que eu acho que tem. Eu suspendi este assunto para deixar um pouco mais adiante porque tem que estruturar, fazer concurso, botar gente, tem a lei de responsabilidade fiscal também. Mas a ideia está de pé. Eu gostaria de ter feito isto, mas ainda não está a questão formal. Outro exemplo, o Escritório da Cidade está criado como uma autarquia. Eu não estou convencido de que este é o formato ideal. Autarquia é uma coisa antiga, foi um modismo dos anos 40, 50 e 60. O Daer e o Irga são autarquias. Do ponto de vista do poder público, autarquia é igual a qualquer secretaria. Depois começou a se criar a atividade de economia mista. Lá em Caxias do sul tem uma empresa que se chama Codeca. Eu estive lá com o prefeito, ela explora o lixo, faz obras, é uma instituição criada há 30 anos. Hoje, infelizmente, a Prefeitura de Santa Maria não tem condições de criar algo do tipo.

SCP – A Reforma Administrativa também enxugava bastante o governo, com a redução de CCs e FGs. No entanto, há um ano o senhor promoveu a criação de duas Coordenadorias Regionais, a de Camobi e da região Oeste, ambas com status de Secretaria e, na soma, 12 CCs. Isso não tira o espírito da reforma? Ou o senhor decidiu que era melhor reavaliar a reforma?

CS – Nesta questão, não. Vou te dizer o que retardou a implantação, na verdade já estão implantadas de direito. Inclusive, em tese, de fato, mas não tanto quanto eu gostaria. Estamos concluindo uma licitação, agora em 16 de janeiro, vamos contratar máquinas com operadores para estas duas coordenadorias regionais. Elas ficam na Avenida Evandro Behr, em Camobi, e na saída da Santa Maria, zona Oeste. Em janeiro vou instalar com equipamentos, com quadro de pessoas e com autonomia para fazer ações especificas nessas áreas. Isto é um processo, não é do dia para a noite. Contratamos uma empresa para arrumar ruas com paralelepípedos que começou em Camobi. Tem que ter uma estrutura própria. Estamos unificando o protocolo da Prefeitura, migramos todo o sistema tributário para um sistema unificado em outubro. Queremos que essas duas estruturas tenham acesso a estas informações de tal forma que uma pessoa de Camobi ou da Tancredo não precise vir à Prefeitura para reclamar, requerer, pedir coisas ou ter informações sobre o IPTU.

SCP – Durante o encerramento da 7ª Feira de Economia Solidária do Mercosul, em julho deste ano, o senhor se prontificou a ajudar na construção de um pavilhão para a Praça de Alimentação da feira. Na ocasião até prometeu um repasse de R$ 300 mil. Faltam seis meses para a próxima edição do evento, a Prefeitura vai mesmo ajudar na obra?

O que impediu implantação das Fundações de Ação Social e Meio Ambiente: “questões legais”

CS – Não, só parcial, está informação porque eu disse “condicionado ao aporte do governo do Estado” e até agora não sei nada sobre o governo do Estado e nem do projeto, que até agora não recebi nada. O Centro de Economia Solidária é uma coisa ótima porque é um espaço onde gera renda para as pessoas da região. O trabalho do Projeto Esperança/Cooesperança é muito bom e tem que ter apoio. E também tem que a questão republicana, a irmã (Lourdes Dill, coordenadora do Projeto) foi na televisão apoiar o Pimenta, mas e dai? O importante é que o trabalho que a irmã faz deve ser reconhecido.

SCP –  Este ano, o senhor recebeu críticas devido ao repasse de R$ 80 mil a Imperadores do Samba, de Porto Alegre, e também por desfilar na agremiação durante o Carnaval. Analisando este caso hoje, foi a decisão correta?

CS – Total. Alguém sabe me responder quanto custa o minuto na RBSTV no horário nobre, uns R$ 10 mil talvez? E quanto custa 50 minutos? É só fazer o cálculo. Santa Maria foi notícia. Pelotas está fazendo o bicentenário e está colocando dez vezes mais que Santa Maria, no Rio de Janeiro. Nós passamos 45 minutos na RBSTV mostrando um carro alegórico da Igreja Matriz, os dinossauros, a Maria Fumaça. Se eu fosse fazer propaganda das coisas boas de Santa Maria na RBSTV quanto custaria? Tenho o maior respeito com quem pensa diferente, mas é um pouco de visão pequena, mas é uma coisa menor, um gasto muito bem aplicado.

 (CONTINUA AMANHÃ)

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Um Comentário

  1. Prezado Claudemir e Maiquel !

    Li a sua entrevista. Está ótima !

    Gostei do desafio que fizeram para o Prefeito
    Cesar Schirmer sobre a promessa dos R$ 300.000,00
    para a melhoria e ampliação do Centro de Referência
    de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter.
    No dia que o Governador Tarso Genro estava na cidade
    para assinar o contrato com a Corsan, consegui
    conversar com o Governador e o Prefeito juntos sobre
    esse caso. Prontamente o Governador Tarso Genro disse:
    O Governo do Estado vai contribui o dobro da Prefeitura. Portanto será R$ 600.000,00 . Com essa não
    temos mais escapatória do Prefeito Cesar Schirmer.
    Temos certeza total e absoluta que ambos vão cumprir.
    Em 2012 o Projeto Esperança completará seus 25 anos.
    É um projeto iniciado por nosso saudoso Dom Ivo. Esse
    projeto beneficia muitas pessoas, é referência no Brasil,
    America Latina e nos outros Continentes.
    Isso nos dá certeza de que os de casa, os de perto precisam ser os primeiros apoiadores.
    Claudemir e Maiquel ! Parabéns pelo seu trabalho a serviço da Comunicação. Agradeço também todo apoio que
    dão para o Projeto Esperança/Cooesperança e as Feira de
    Economia Solidária do Mercosul.
    BOAS FESTAS ! FELIZ E ABENÇOADO ANO 2012.

    Ir. Lourdes Dill
    Coord. do Projeto Esperança/
    Cooesperança

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