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A (des)construção da política – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira

As minhas leituras têm se encontrado cada vez mais às linhas do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que entre seus escritos defende que o maior desafio dos pensadores e políticos contemporâneos é recuperar a dimensão comunitária do espaço público, como forma de aprender a arte de uma coexistência segura, pacífica e amigável. Disso, nas ultimas semanas, três foram as obras do autor que instigaram meus pensamentos – Em busca da política – Confiança e medo na cidade – Legisladores e intérpretes.

Lá está escrito que em tempos passados nas leis trazidas por Moisés ao povo de Israel ecoavam os trovões no alto do Monte Sinai, mas as leis manifestavam clara e abertamente o que os trovões apenas insinuavam. Eis, então, qual o papel dos intelectuais no mundo moderno? Bauman responde que a intelectualidade se formou ao mesmo tempo do Estado absolutista, quando lhe foi atribuído o papel universal de progresso da razão e da humanidade.

Na era que se convencionou chamar de pós-modernidade, a estratégia da atividade intelectual é caracterizada pelo trabalho de intérprete. O intelectual pós-moderno pretende facilitar a comunicação entre o Estado e o cidadão.

Em busca da política, toda opção implica em escolher uma coisa dentre outras e raramente o conjunto de coisas a escolher depende daquele que escolhe. O que é decorrente das instituições políticas vigentes que vivem hoje um processo de abandono ou diminuição de seu papel de criadoras. Marca-se, assim, a tendência crescente da separação entre poder e política.

Reafirma-se aqui a ausência de um agente efetivo o bastante para legitimar, promover, instalar e servir a qualquer conjunto de valores ou qualquer agenda de opções consistente e coerente. Bauman defende que o princípio do consumo, estimula a busca de satisfação, e seguindo o princípio da sociedade de consumo, induz os indivíduos a ver o despertar dos desejos que clamam por satisfação como a regra diretriz da vida.

Transformou-se o indivíduo de cidadão político em consumidor de mercado. Instrumentaliza-se a manutenção dos padrões e a administração de tensões. Passamos dos tempos heróicos dos líderes espirituais para uma época de exemplos pessoais.

Vitor Hugo do Amaral Ferreira

[email protected]

@vitorhugoaf

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